Em 2024, BNDES aprova R$ 276,5 bi e alcança lucro de R$ 26,4 bi

Total aprovado é 26% superior ao ano anterior; 97,4% da quantidade de operações foram com micro, pequenas e médias empresas

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) foi responsável, no ano passado, por uma geração de crédito de R$ 276,5 bilhões, volume 26% maior do que o registrado em 2023. O montante envolve aprovações de financiamentos e de crédito gerado a partir do fornecimento de garantias.

Foi a maior injeção de recursos já feita pelo banco de fomento na economia brasileira, que resultou em um lucro líquido de R$ 26,4 bilhões em 2024 – 20,5% acima de 2023 e o terceiro maior de todo o setor financeiro no período.

Os recursos foram para diferentes projetos de infraestrutura, indústria de transformação, agronegócio, comércio e serviços.

A imagem mostra uma mesa de reunião com seis pessoas sentadas. No centro, há um homem de terno claro, cercado por outros cinco indivíduos, que estão em trajes formais. Ao fundo, há uma apresentação projetada na tela, com o título 'Resultados do BNDES em 2024' e imagens relacionadas a energia e infraestrutura. A mesa está equipada com copos de água e documentos.
BNDES aprova recorde de crédito para a economia brasileira em 2024 - Reprodução

Também houve forte expansão das operações voltadas para micro, pequenas e médias empresas, as maiores empregadoras do país e as mais carentes em financiamento. Elas receberam 48,2% dos desembolsos do Banco e foram responsáveis por 97,4% da quantidade de operações no período.

"Foi o melhor ano de toda a história do BNDES. Foi recorde o volume de crédito que nós canalizamos para micro, pequenas e médias empresas", afirma Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. "São dados muito fortes, tivemos avanços muito expressivos. Temos um valor recorde nominal em impacto em crédito na economia. Foi um trabalho extraordinário o esforço que o Banco fez para poder chegar a este resultado", completa.

"O BNDES opera de diversas formas: seja emprestando dinheiro, repassando por meio dos bancos e também atuando com o fundo garantidor, que propicia principalmente que pequenas e médias empresas tomem crédito no mercado. Somando tudo isso, atingimos R$ 276,5 bilhões, o que representa um incremento de 81% em relação a 2022", diz Alexandre Abreu, diretor financeiro do BNDES.

No ano passado, o BNDES voltou a ter a maior carteira de crédito desde 2017, totalizando R$ 584,8 bilhões em empréstimos, títulos de dívida e garantias, montante 13,6% superior ao contabilizado no final de 2023. Ao mesmo tempo, o Banco registrou a menor inadimplência do sistema financeiro, de apenas 0,001% - praticamente zero.

"Isso mostra a eficiência desse Banco, o cuidado com os recursos públicos que recebemos e uma governança sólida. Essa é a instituição pública mais transparente do Brasil", afirma Mercadante.

Segundo o BNDES, as aprovações no ano passado seguiram a forte demanda por crédito no país. As consultas para obtenção de financiamentos e garantias somaram R$ 327,7 bilhões, aumento de 21% em relação a 2023.

Já os desembolsos totalizaram R$ 133,7 bilhões no ano, alta de 17% frente ao ano anterior.

Relevância da indústria

Como um todo, as aprovações de crédito somaram R$ 212,6 bilhões no ano passado, montante 22% maior do que em 2023 e 81% superior a 2022. O destaque ficou para a indústria, que recebeu R$ 52,4 bilhões, alta de 65,3% na comparação anual.

Foi a primeira vez desde 2017 que os recursos destinados para a indústria superaram os recebidos pelo agronegócio, que totalizaram R$ 52,3 bilhões.

"O crédito para a indústria superou o do agronegócio, o que mostra o sucesso das políticas voltadas ao fortalecimento da indústria, principalmente da Nova Indústria Brasil, nesses últimos dois anos", diz Abreu.

Para Mercadante, a expansão do crédito para a indústria é uma boa notícia porque o setor produz um maior valor agregado para a economia do país. "Gera mão de obra e empregos mais qualificados, gera inovação tecnológica. Para a própria agricultura, a indústria é decisiva com máquinas, equipamentos e insumos", diz.

Na retomada do apoio à indústria, o BNDES priorizou projetos voltados para inovação e tecnologia, que tiveram crescimento anual de 157% nas aprovações, somando R$ 13,6 bilhões no ano passado. Projetos do complexo industrial da saúde – medicamentos, insumos, equipamentos médico-hospitalares etc – tiveram R$ 4,8 bilhões em aprovações, alta de 140% em relação a 2023.

Já as aprovações para a exportação tiveram crescimento de 37%, totalizando R$ 18,5 bilhões no ano passado. Outro destaque foi o setor de biocombustíveis, com R$ 4,3 bilhões em crédito aprovado, volume 65% maior do que no ano anterior.

"São setores dentro da indústria que o BNDES priorizou e são importantíssimos para a reindustrialização brasileira, que estamos ajudando a promover", diz Abreu.

Micro e pequenas empresas

De acordo com o diretor financeiro do BNDES, a análise detalhada das aprovações e desembolsos do Banco nos últimos anos mostra que o crédito para pequenas e médias empresas cresceu em ritmo bastante superior à média geral do mercado. Ele destaca que o aumento de aprovações de crédito e garantias foi da ordem de 120% nos últimos dois anos, saltando de R$ 71,1 bilhões para R$ 156,3 bilhões de 2022 até 2024.

Além do total de R$ 212,6 bilhões em aprovações, o BNDES somou no ano passado mais R$ 63,9 bilhões em crédito com a concessão de garantias para micro, pequenas e médias empresas, por meio de três modalidades: o Fundo Garantidor de Investimentos tradicional (BNDES FGI), o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI PEAC) e o FGI PEAC Crédito Solidário RS, criado para viabilizar o acesso ao crédito em meio às inundações no Rio Grande do Sul.

"Isso mostra que nosso foco em pequenas e médias empresas é muito grande e vem se expressando através dos números", diz Abreu.

Infraestrutura

No ano passado, projetos de infraestrutura viária, logística, mobilidade, saneamento e energia continuaram sendo os que mais receberam recursos do BNDES, com R$ 74,6 bilhões em aprovações.

Segundo Mercadante, houve uma mudança no perfil de investimentos em infraestrutura do Banco, com o setor de saneamento, que antes liderava, cedendo espaço para o de rodovias.

"Fizemos R$ 43 bilhões de aprovação para crédito rodoviário. Neste mês de janeiro, fizemos mais R$ 7,4 bilhões. Estamos permitindo à engenharia brasileira voltar a crescer e a expandir os negócios. Estamos acelerando fortemente os investimentos em rodovias, o que é fundamental para a logística. Nossa expectativa é chegar a R$ 30 bilhões de financiamento rodoviário neste ano", diz.

Participações acionárias

Grande parte do lucro do BNDES nos últimos anos foi resultante de dividendos de participações acionárias, particularmente de ações da Petrobras, JBS, Eletrobras e Copel. Dos R$ 26,4 bilhões de resultado líquido em 2024, R$ 10,4 bilhões vieram dessa rubrica.

A carteira de participações societárias do BNDES está avaliada em R$ 82 bilhões, tendo apresentado alta de 3% ante o ano anterior.

Mercadante lembra que a aprovação de crédito está em 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto os desembolsos chegam a 1,1%. Ele afirma que a expectativa é que a aprovação se mantenha em torno de 2% e desembolsos em 1,5% até 2026.

Buscando diversificar o funding do Banco, no ano passado o BNDES retornou ao mercado doméstico de captação com a emissão de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e realizou a primeira emissão de Letras de Crédito do Desenvolvimento (LCDs), novo título para financiar bancos de desenvolvimento. Os saldos dos títulos totalizaram, respectivamente, R$ 2,6 bilhões e R$ 9,8 bilhões ao fim de 2024.

"Temos autorização para captar até R$ 10 bilhões via LCD este ano. Também podemos captar em LCA e isso depende do mercado. Na captação internacional, a expectativa é contratar cerca de US$ 2 bilhões este ano, com diversas fontes. Além disso, no orçamento está previsto um aporte adicional de R$ 10 bilhões no Fundo Clima e de R$ 10 bilhões no Fundo de Investimento em Infraestrutura Social, que foi criado no ano passado", explica o diretor de planejamento do BNDES, Nelson Barbosa.

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha