Bradesco reforça o seu comprometimento com o Net Zero na COP26

Presente na COP26, Bradesco se compromete a neutralizar carbono das carteiras de crédito e investimentos

Presente na COP26, Bradesco se compromete a neutralizar carbono das carteiras de crédito e investimentos Reprodução

Chega ao fim nesta sexta-feira (12/11) a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26, que reuniu em Glasgow, na Escócia, os principais líderes mundiais para debater os planos que os países estão traçando para reduzir suas emissões. O objetivo é garantir a transição para uma economia de baixo carbono, mantendo o estágio de aumento de até 1,5 grau na temperatura da atmosfera e contribuindo com o desenvolvimento sustentável.

O Bradesco é o primeiro banco brasileiro a se comprometer com a Net-Zero Banking Alliance (NZBA), unindo-se a esforços internacionais para mitigar o aquecimento global e atuando para descarbonizar suas carteiras de crédito e investimentos, em linha com os cenários científicos e as metas do Acordo de Paris sobre o clima.

O movimento é uma evolução da estratégia climática do Bradesco, que, há 15 anos, mensura a geração de carbono das suas operações próprias e, desde 2019, neutraliza 100% do carbono dessas emissões. Em 2020, passou a utilizar exclusivamente energia renovável em suas estruturas.

"Somos protagonistas dessa transição no Brasil. No centro da iniciativa está nossa ambição de engajar e apoiar os nossos clientes a adaptarem seus negócios, contribuindo para uma economia mais eficiente, limpa e resiliente às mudanças climáticas", diz Marcelo Pasquini, Head de Sustentabilidade do Bradesco. O executivo participa presencialmente da COP26, como integrante da delegação do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável).

Além do compromisso de descarbonizar suas carteiras de crédito e investimentos, o banco atua na construção de um portfólio resiliente e de impacto positivo. O Bradesco assumiu o compromisso de direcionar R$ 250 bilhões até 2025 para negócios sustentáveis, em linha com o seu propósito e compromissos institucionais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os Princípios para Responsabilidade Bancária das Nações Unidas.

Nesse contexto, a iniciativa contribui também com um dos objetivos da COP26: o de alinhar os investimentos e financiamentos de bancos privados à meta global de neutralidade climática.

Leia a seguir a entrevista concedida por Marcelo Pasquini, Head de Sustentabilidade do Bradesco, durante a primeira semana de negociações e debates da COP26

Marcelo Pasqualini, superintendente-executivo de Sustentabilidade do Bradesco
Marcelo Pasquini, Head de Sustentabilidade do Bradesco - Divulgação

O Bradesco está participando da COP26 como parte da delegação do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável). O que o banco está apresentando lá e quais são os resultados esperados da conferência?

O Bradesco pretende demonstrar o alinhamento da sua estratégia com a agenda climática global, já que buscamos garantir que nossas operações e negócios estejam preparados para os desafios climáticos, fortalecendo nossa governança referente ao assunto e implementando estratégias e processos de gestão de riscos e oportunidades relacionados ao tema.

Temos como objetivo demonstrar os avanços obtidos nos últimos anos quanto ao assunto, como, por exemplo, a inserção do tema Mudanças Climáticas na estratégia de sustentabilidade e os nossos compromissos para compensação e neutralização das nossas emissões, incluindo a NZBA.

Quais benefícios o mercado de carbono pode trazer para o Brasil?

Vemos como principais vantagens do mercado regulado de carbono o potencial de redução das emissões nacionais e uma grande oportunidade de gerar créditos de carbono de base florestal ou de energias limpas. Isso inclui o incentivo à implementação de tecnologias menos carbono intensivas, e o desenvolvimento de projetos de preservação, conservação ou de recuperação de áreas degradadas.

O Bradesco é carbono neutro. De que maneira essa neutralidade é obtida? Como é feita a precificação interna do carbono?

A neutralidade em nossas operações é obtida por meio da aquisição de créditos de carbono, devidamente certificados, de projetos que geram benefícios socioambientais no Brasil. Contabilizamos anualmente nossas emissões, por meio do nosso Inventário de Gases de Efeito Estufa, seguindo a metodologia do GHG Protocol.

Em relação à precificação de carbono, apesar de o Brasil não ter mecanismos implementados, o Bradesco se antecipa para compreender e preparar seus negócios com avanços nessa direção: 1) dos nossos investimentos corporativos estabelecemos em 2020 um preço relacionado ao carbono dentro da composição de custos que fazem parte das análises de investimentos em infraestrutura e aquisições significativas. Isso influenciou positivamente os projetos que promovem redução na geração de carbono e impactou aqueles que aumentam os níveis de emissão da estrutura operacional da organização; 2) na gestão de ativos, publicamos um estudo sobre a sensibilidade das empresas investidas pela BRAM à precificação de carbono, considerando tanto a tributação como o mercado de carbono e; 3) no caso da intermediação, atuamos como operadores financeiros na simulação do Sistema de Comércio de Emissões (SCE) do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV.

O que foi necessário fazer para garantir que toda a energia que o banco utiliza venha de fontes renováveis?

Há anos atuamos para minimizar os impactos das nossas operações e um dos principais marcos foi a aquisição de cerca de 1,4 milhão de I-REC’s (Certificado Internacional de Energia Renovável), volume suficiente para garantir o compromisso para os próximos cinco anos. Além disso, vale salientar a contratação de usinas solares para 137 agências no interior de São Paulo e energia renovável para 32 escolas da Fundação Bradesco.

Em 2021, o Bradesco firmou parceria com a empresa Enel X para construção de nove usinas fotovoltaicas, contemplando os estados do Rio de Janeiro, Goiás e Ceará. Além do processo de migração para o mercado livre de energia, estamos expandindo nossas usinas solares para várias localidades, ampliando a nossa geração de energia de fonte renovável.

Como o Bradesco pretende engajar os clientes a adaptar seus negócios com vistas a uma economia de baixo carbono?

Buscamos conscientizar e engajar nossos clientes na agenda ESG. Além de utilizar critérios socioambientais na análise de risco para concessão de crédito, disponibilizamos mais de 20 soluções com foco em gerar impactos positivos. Damos também assessoria ESG para nossos clientes corporativos, oferecendo soluções personalizadas que contribuam para que atinjam seus objetivos e metas socioambientais. Essas soluções podem se concretizar por meio de operações de crédito, como também no mercado de capitais.

No apoio à energia renovável, o Bradesco é um dos principais agentes financeiros do país. Em 2020, o Bradesco BBI, divisão de investimentos da instituição, assessorou 15 projetos de geração, transmissão e distribuição de energia de fontes renováveis, que somam R$ 2,8 bilhões em investimentos.

O Bradesco assumiu o compromisso de descarbonizar suas carteiras de crédito e investimentos até 2050 ou antes. Que passos já estão sendo dados nessa direção?

Um dos passos mais importantes é o de conhecer o impacto do nosso portfólio e, para isso, implementamos um processo de monitoramento das emissões da nossa carteira de crédito. Somos o primeiro banco brasileiro a reportar as emissões financiadas, seguindo as recomendações da Partnership for Carbon Accounting Financials (PCAF).

Nesse sentido, vemos a adesão à NZBA como uma continuidade desse trabalho, pois, conhecendo as emissões de GEE decorrentes de nosso financiamento, é natural que se estabeleça um plano para a redução das mesmas. A aliança é mais que uma forma de comunicarmos ao mercado o nosso compromisso com o clima. Ela mostra também o caminho para chegarmos lá e une os bancos comprometidos no desenvolvimento dessa trajetória.

Outra iniciativa super importante relacionada aos impactos dos negócios sobre as mudanças climáticas é a TCFD, sigla em inglês para Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima, que traz recomendações de divulgação para vários setores da economia e que apoiamos desde 2017. Participamos de todas as fases do programa de suporte à implementação dessas recomendações ao setor bancário da UNEP-FI, braço financeiro do PNUMA da ONU. O programa está agora no final de sua terceira fase e tem sido fundamental para nos orientar sobre os aspectos de nossa gestão e transparência sobre os impactos das mudanças climáticas que precisam ser cobertos e aprimorados.

A importância da TCFD ficou ainda mais evidente depois da divulgação das novas resoluções do BC em setembro deste ano, onde se nota alta correlação entre os aspectos abordados.

Adicionalmente, estabelecemos nossa meta de negócios sustentáveis, em que, dentre vários aspectos, buscamos incentivar segmentos importantes da economia, contribuindo com a redução das emissões dos setores-chave e com potencial de substituir tecnologias emissivas por tecnologias menos carbono intensivas.

Um dos pilares da COP é o financiamento para o clima. Nesse sentido, a organização do evento diz que os bancos devem alinhar todas as suas decisões de investimentos e financiamentos a uma economia de carbono neutro. Qual o ponto de vista do Bradesco sobre o assunto?

Negócios Sustentáveis e Mudanças Climáticas são parte da nossa estratégia de atuação. Como setor financeiro, estamos comprometidos não apenas com o financiamento dessas agendas, mas principalmente no apoio e no engajamento dos nossos clientes para uma economia de baixo carbono. Vemos nessa transição econômica inúmeras oportunidades para envolver todas as áreas e clientes do banco em um movimento de transformação socioeconômica que queremos protagonizar.