Tecnologia e novo mercado movem pós em engenharia

Curso promovido pelo Crea-SP visa capacitar profissionais para lidar com os desafios da indústria 4.0, incentivando projetos de inovação e ações de empreendedorismo

Com o objetivo de formar engenheiros cada vez mais sintonizados com os avanços tecnológicos e preparados para o novo mercado de trabalho, o Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) está com inscrições abertas para a segunda edição da pós-graduação Empreendedorismo e Inovação Tecnológica nas Engenharias.

O curso é fruto de uma bem-sucedida parceria com a Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) e a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo). As inscrições podem ser realizadas pelo endereço https://www.feis.unesp.br/#!/ceeite.

O conteúdo das aulas gira em torno de práticas consolidadas na indústria 4.0, na qual há uma grande necessidade de respostas rápidas a problemas práticos e a busca constante por novas ideias. Está saindo de cena o engenheiro “funcionário” e entrando o engenheiro “empreendedor”, imerso numa cultura de inovação, capaz de resolver problemas e contribuir para o crescimento econômico da sociedade.

Nessa especialização, após uma introdução à metodologia científica, os alunos percorrerão o caminho de transformar conceitos de inovação em produtos com fins comerciais, tendo acesso a ferramentas de negócios.

Os módulos, ao longo de 15 meses, abordam temas como Gestão de Projetos e de Equipes na Era da Transformação Digital, Novas Tendências Tecnológicas, Inovação, Cultura de Empreendedorismo, entre outros temas.

Um dos principais destaques é o projeto Integrador, em que os participantes têm como objetivo formatar uma startup. Sob orientação de mentores, são desenvolvidas soluções para demandas reais e com desafios muito próximos do que é encarado no dia a dia.

Como um dos carros-chefes do programa, a tecnologia ocupa um módulo realizado em parceria com o Laboratório Global de Pesquisas da IBM. Em pauta, Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT), Blockchain e Segurança Digital – temas cruciais nos dias de hoje –, além da realização de simulações e o aprendizado das novas técnicas de mercado.

“O curso capacita os profissionais para o mercado de trabalho atual, que exige pessoas cada vez mais especializadas, empreendedoras e em sintonia com os avanços tecnológicos. A pós-graduação cumpre esse papel e contribui para formar engenheiros cada vez mais qualificados”, diz o presidente do Crea-SP, o engenheiro Vinicius Marchese.

Professor titular e presidente da Univesp, o engenheiro Rodolfo Jardim de Azevedo ressalta ainda o caráter multidisciplinar no aprendizado. “Os alunos terão a oportunidade de integração entre as múltiplas especialidades da engenharia, além de adquirir conhecimento em novas tecnologias. Com essa especialização, eles poderão qualificar, empreender e, dessa forma, contribuir para a implementação de soluções em diversas áreas”, afirma.

O curso Empreendedorismo e Inovação Tecnológica nas Engenharias faz parte do Crea Capacita, um conjunto de iniciativas de capacitação em parceira com outras instituições visando a atualização profissional. A ideia é apresentar novas possibilidades e oportunidades para os engenheiros registrados na seção paulista da entidade.

“Até 2030 a gente tem uma previsão de falta de mão de obra especializada em engenharia e nas áreas tecnológicas de cerca de 1 milhão de profissionais. O que estamos fazendo é deixar em evidência esse quadro e tentar reverter essa previsão”, diz o presidente do Crea-SP (leia ao lado).

O objetivo do programa é uma formação mais investigativa e direcionada para a tecnologia, já que muitos cursos de engenharia ainda oferecem conteúdos obsoletos e desconectados do mundo real e do dia a dia do trabalho.

As aulas começam no dia 11 de outubro e acontecem em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Além disso, ocorrem lives conduzidas por especialistas e professores.

Programa preenche lacunas na formação

Presidente do Crea-SP, o engenheiro Vinicius Marchese
Presidente do Crea-SP, o engenheiro Vinicius Marchese - Divulgação

O presidente do Crea-SP, o engenheiro Vinicius Marchese, fala sobre a importância do curso de pós-graduação para a atualização e o futuro dos profissionais de engenharia

Como surgiu a ideia desse curso de pós-graduação?

Há um debate sobre a qualidade do ensino e de como o Crea-SP pode auxiliar na formação e atualização profissional. A gente percebeu que a grande lacuna era nas áreas de empreendedorismo e de inovação. Esse segmento da área tecnológica em engenharia e agronomia tinha poucos cursos de capacitação. Já existe um conteúdo muito bom sobre técnicas nesses campos, mas pouca coisa sobre tecnologias aplicadas em empresas com grande performance.

O curso busca aproximar os alunos da experiência real do dia a dia?

Sim, porque não basta ter uma ideia brilhante e uma boa apresentação se na hora em que você coloca a ideia na planilha ela não para em pé. Há módulos de Empreendedorismo, de Inovação, de Gestão de Projetos e de Equipes nos quais os alunos são divididos em grupos com a missão de formatar uma startup. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresenta essa startup para uma equipe que avalia se o projeto tem futuro ou não e se os conceitos do curso foram aplicados. Nessa primeira turma, foram 217 TCCs no formato de empresas de bases tecnológicas (startups) criadas. A ideia é colocar o conceito de empreendedorismo no dia a dia d0s alunos.

E o que chamou atenção nas propostas das startups?

A criação, o modelo e o objetivo das startups ficam a critério dos grupos. Eles precisam pensar em um problema real e na solução. E 90% dos projetos da primeira turma tiveram ligação com o meio ambiente, com o desenvolvimento sustentável. Você alia a possibilidade de criar um negócio à capacidade de ficar em pé, de monetização e ainda resolve um problema coletivo.

Como o Crea-SP vê a questão da falta de mão de obra especializada no mercado?

Até 2030 há previsão de falta de mão de obra especializada em engenharia e nas áreas tecnológicas de cerca de 1 milhão de profissionais. O que fazemos é evidenciar esse quadro e tentar reverter essa previsão. Nosso objetivo é chegar a 2030, olhar para trás e dizer: “Essa previsão não se concretizou”. Afirmar que conseguimos trazer a capacitação necessária. Quando há necessidade de uma evolução tecnológica mais rápida do que está acontecendo, percebemos o quanto precisamos qualificar a mão de obra que temos hoje. A gente não pode ficar só no debate. Precisamos oferecer soluções.