Descrição de chapéu hipertensão

Parceria público-privada triplica controle da hipertensão em São Paulo

Iniciativa CARDIO4Cities, implementada em parceria público-privada, deve ser replicada em 30 cidades do mundo até 2026

A pressão arterial alta é o fator de risco mais importante para as doenças cardiovasculares, principal causa de mortes no Brasil e no mundo. Segundo o PURE (Prospective Urban Rural Epidemiology), o maior estudo epidemiológico do mundo, cerca de 70% dos casos de doenças cardiovasculares e mortes globais são atribuídas a fatores de risco modificáveis, e a hipertensão é um dos mais impactantes.

Daí a importância de um projeto como o CARDIO4Cities, iniciativa da Fundação Novartis para melhorar a saúde cardiovascular da população em parceria com governos, parceiros e apoiadores locais e entidades científicas.

Inicialmente, o programa foi implementado em três cidades, em diferentes continentes: São Paulo, Dakar, no Senegal, e Ulaanbaatar, na Mongólia, com resultados surpreendentes (veja quadro).

"Em São Paulo, em 15 meses, a porcentagem de pessoas com hipertensão que conseguiram controlar a pressão arterial saltou de 12% para 31%. No período, os ataques cardíacos diminuíram 13%, e os episódios de AVC (acidente vascular cerebral) caíram 12%", afirma Álvaro Avezum, cardiologista e diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Ann Aerts, presidente da Fundação Novartis
Ann Aerts, presidente da Fundação Novartis - Folhapress

São Paulo provou o quão impactante e custo-eficaz o CARDIO4Cities foi para melhorar a saúde cardiovascular da população. Convidamos outras grandes cidades a se inspirarem por este exemplo brilhante

Ann Aerts

presidente da Fundação Novartis

Segundo o cardiologista, a estimativa é que, normalizando a pressão arterial dos brasileiros nas proporções alcançadas pelo projeto CARDIO4Cities, poderiam ser reduzidos em cerca de 43% os infartos, que hoje chegam a 400 mil por ano. No caso de AVC, estima-se um impacto ainda maior: 48% menos, diante de 500 mil anuais.

"No Brasil, temos uma precocidade da doença cardiovascular. Não se trata apenas de vida encurtada, morte precoce e qualidade de vida prejudicada. Há o impacto econômico no sistema de saúde, com custo estimado de R$ 72 bilhões por ano."

Ann Aerts, presidente da Fundação Novartis, explica que o CARDIO4Cities se baseia em seis pilares, que formam a palavra CARDIO: melhorar a qualidade do Cuidado, Acesso precoce à saúde e aos cuidados, Reformar políticas com benefícios comprovados para a saúde, aproveitar os Dados e tecnologia digital, fomentar colaboração Intersetorial e garantir a Orientação e propriedade local.

"São Paulo é um exemplo de que é possível mudar o modo como tratamos os problemas cardiovasculares numa cidade desse porte e, com isso, melhorar os resultados em saúde", diz. "Nosso objetivo é criar coalizões e parcerias que viabilizam replicar essa iniciativa em outras cidades do Brasil e do mundo. Nosso objetivo é atingir outras 30 cidades em três anos."

O cardiologista Luiz Bortolotto, professor do Departamento de Cardiologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), defende a expansão do programa. "É um projeto amplo, com várias frentes, que não atinge apenas a gestão da hipertensão pelo atendimento nas unidades de saúde, mas envolve o paciente, os profissionais que trabalham nas UBS e a própria comunidade."

Bortolotto participou da implementação do CARDIO4Cities representando a Sociedade Brasileira de Hipertensão. Em São Paulo, o programa começou com um projeto-piloto em seis UBS (Unidades Básicas de Saúde) em Itaquera, na zona leste, em 2018. Hoje, está em expansão para toda a cidade de São Paulo e poderá impactar as 6,4 milhões de pessoas com idades entre 30 e 69 anos, para as quais os benefícios proporcionados por iniciativas como essa são mais significativos.

"O CARDIO4Cities envolve o levantamento de indicadores para saber as condições de saúde da população, o registro nos prontuários e o uso desses dados do mundo real para a melhoria do diagnóstico e tratamento desses pacientes", diz Bortolotto.

Segundo o cardiologista, os principais desafios para a redução de eventos cardiovasculares e mortes decorrentes de infarto e AVC são ampliar o rastreamento para aumentar o diagnóstico precoce e garantir o tratamento correto. "A hipertensão é assintomática em cerca de 90% dos pacientes, daí a importância do rastreamento. O programa intensificou o rastreio. Uma das maneiras foi estabelecendo o ‘Cantinho’, um local apropriado para medir a pressão das pessoas que procuram a UBS, independentemente do motivo. Com isso, cresceram os diagnósticos precoces."

Karina Mauro Dib, diretora da Divisão de Cuidado às Doenças Crônicas da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS-SP), reforça a importância dos Cantinhos para intensificar o rastreamento: "Uma das principais iniciativas do programa foi a criação do ‘Cantinho Cuidando de Todos’ (nome adotado pela SMS-SP). Após a instalação desses espaços, houve um aumento significativo no diagnóstico mais precoce de hipertensão e praticamente triplicou a taxa de controle da pressão arterial entre os hipertensos."

Bortolotto afirma que as medicações para hipertensão disponibilizadas pelo programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde, atendem cerca de 90% dos pacientes. "Mas a prescrição precisa estar correta, e o paciente tem que tomar o remédio. Por isso treinamos os profissionais de saúde nas UBS e fizemos a revisão e simplificação do protocolo de tratamento da hipertensão."

Esse entrosamento de vários setores é apontado por Ann Aerts como fundamental para os resultados positivos do CARDIO4Cities em São Paulo. "A prefeitura liderou esse processo desde o começo. A partir da decisão de mudar a forma de lidar com as doenças cardiovasculares na cidade, cocriou com a Fundação Novartis e parceiros a maneira de fazer isso."

O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Luiz Carlos Zamarco, reconheceu a importância dessa colaboração público-privada como essencial para impulsionar recursos e inovações no setor público. "Esse apoio está totalmente alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, especialmente no que tange à redução da mortalidade precoce por doenças crônicas não transmissíveis, o que tem levado a um aumento significativo nas mobilizações das Unidades Básicas de Saúde para a implementação das ações preventivas programadas", afirmou.

Esse apoio [da Fundação Novartis] está totalmente alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, especialmente no que tange à redução da mortalidade precoce por doenças crônicas não transmissíveis, o que tem levado a um aumento significativo nas mobilizações das Unidades Básicas de Saúde para a implementação das ações preventivas programadas. Ficou claro que a parceria público-privada pode introduzir inovação em um sistema vigente que funciona bem, gerando excelentes resultados

Luiz Carlos Zamarco

secretário municipal da Saúde de São Paulo

O programa contou com a colaboração da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, da Sociedade Brasileira de Hipertensão, da UMANE, e, a partir de julho de 2024, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, instituição implementadora.

"Ficou claro que a parceria público-privada pode introduzir inovação em um sistema vigente que funciona bem, gerando excelentes resultados."

Segundo Ann Aerts, a experiência exitosa de São Paulo testou e validou o modelo e, agora, o CARDIO4Cities já foi replicado em mais dois municípios (Patos, no Sertão da Paraíba, e Aracaju, capital de Sergipe), em parceria com a Fundação Swiss Re e autoridades de saúde locais.

Outros municípios brasileiros estão sendo mapeados para replicação do projeto, e também está em discussão a criação de um hub regional para liderar a implementação em países da América Latina. "Desenvolvemos esse modelo replicável e escalável que vamos disponibilizar gratuitamente para as organizações interessadas em implantá-lo, para que seja escalado globalmente. "

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha