Tecnologia revoluciona cirurgias de joelho e quadril

Hospital Alvorada é o primeiro de São Paulo a realizar cirurgia robótica ortopédica com equipamento inovador, que auxilia nos procedimentos de implantação de próteses

O Hospital Alvorada, em Moema, na zona sul da capital, realizou com êxito, no dia 20 de setembro, uma cirurgia de prótese total de quadril com o auxílio de um braço robótico, a primeira do tipo no estado de São Paulo.

Com centro de reabilitação próprio, residência médica e publicações de estudos na área, o Alvorada é hoje uma referência em ortopedia. "Somos um hospital geral, mas com um viés forte em ortopedia, investimos em pesquisa, ensino e inovação. O braço robótico vem para complementar isso", afirma o Dr. Osvaldo Pires, Diretor Nacional do Sistema de Excelência em Ortopedia da Rede Americas e presidente da Sociedade Brasileira de Quadril, regional São Paulo.

Há dois tipos de cirurgia que se beneficiam da tecnologia: a colocação de próteses total de quadril e de joelho, procedimentos conhecidos como artroplastia total. No futuro, o Dr. Pìres afirma que será possível realizar 60 operações por mês com o auxílio do novo equipamento.

Hospital Alvorada, em Moema, é o primeiro de São Paulo a realizar uma cirurgia robótica ortopédica
Hospital Alvorada, em Moema, é o primeiro de São Paulo a realizar uma cirurgia robótica ortopédica - Divulgação

Os benefícios desse tipo de cirurgia são muitos: menor sangramento na cirurgia, tempo de internação e uso de analgésicos no pós-operatório, além de uma reabilitação mais rápida.

Os médicos ressaltam a acurácia milimétrica do braço robótico no posicionamento e alinhamento da prótese, essencial para o sucesso deste tipo de cirurgia.

A grande vantagem é a precisão no posicionamento dos componentes, o que diminui o risco de complicações, como luxação (quando a prótese sai do lugar) e soltura, maiores causas de necessidade de troca da prótese.

Sem o braço robótico, o médico conta apenas com a própria experiência para a colocação dos implantes. Já com o equipamento, ele tem a possibilidade de colocar a prótese exatamente da maneira como havia planejado no pré-operatório, explica o Dr. Pires.

Esses parâmetros são definidos antes mesmo da cirurgia. O paciente se submete a uma tomografia e, a partir desse exame, é criado um plano em cima de um modelo tridimensional, que serve como uma espécie de mapa que ajuda a guiar o médico.

Na cirurgia, o especialista pode validar esse plano e realizar ajustes necessários. "Há um ajuste fino, que fazemos, por exemplo, para melhorar o arco de movimento ou alongar um pouco a perna, mas todo o planejamento já está pronto. O médico pode fazer o posicionamento da prótese com muito mais perfeição", explica Pires.

O ortopedista Dr. Marcus Luzo , ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho, professor da Escola Paulista de Medicina e também certificado para realizar esse tipo de cirurgia, concorda. "O equipamento é programado para realizar cortes ósseos e não progride para além do que foi programado. Ele trava com alterações maiores que 7 mm. Isso diminui o risco de lesar vasos, nervos e outros tecidos nobres", afirma.

"O implante fica melhor posicionado porque se adapta ao osso perfeitamente devido à precisão do corte ósseo com a ajuda do robô. Ao mesmo tempo, ao preservar mais os tecidos adjacentes, o pós-operatório pode se tornar mais tranquilo, menos doloroso e com ganho de movimento mais fácil", completa Luzo.

Ele frisa ainda que o braço robótico é mais uma ferramenta para ajudar o cirurgião e não para substituí-lo.

A prótese total de joelho é constituída por componente femoral, tibial e patelar. Já a de quadril, reconstitui a cabeça do fêmur e o acetábulo, a cavidade onde ela se encaixa na pelve. As peças são fabricadas pela Stryker, uma das principais empresas de tecnologia médica do mundo e a mesma empresa responsável pelo braço robótico, conhecido como Mako.

Artrose de quadril, a osteonecrose (morte do tecido ósseo) da cabeça do fêmur e a fratura do colo do fêmur são as causas mais comuns que levam à necessidade de prótese. No caso dos joelhos, a artrose é a principal, e a maioria dos pacientes, mulheres acima dos 65 anos. Com esse perfil de paciente, um menor impacto cirúrgico é ainda mais bem-vindo.

"O uso do braço robótico Mako permite realizarmos uma cirurgia menos invasiva. Os pacientes têm uma recuperação mais rápida para o retorno às atividades do dia a dia, pois começam a fazer fisioterapia mais cedo e evoluem mais rapidamente com menos restrições", explica Osvaldo Pires.

O cirurgião de quadril lista outras conveniências do sistema: menos sangramento, ou seja, menor chance de precisar receber sangue no intra e pós-operatório e menor chance de ir para UTI no pós-operatório.

O equipamento de ponta está disponível nos melhores centros ortopédicos do mundo. "Já foram realizadas 500 mil cirurgias em 29 países. Há 1.000 sistemas em uso em locais como o HSS (Hospital for Special Surgery), em Nova York, considerado o número 1 do mundo em ortopedia", lista Marcelo Sartori, diretor-geral do Alvorada, hospital que integra o Americas, sistema integrado de saúde composto por hospitais e clínicas presente em 5 estados brasileiros, além do Distrito Federal.​