Psoríase pode afetar saúde física e mental de pacientes

Quem sofre da doença tem maior risco de desenvolver diabetes, depressão e ter o colesterol alto; terapias inovadoras estão à disposição no SUS e na Saúde Suplementar

Aos 15 anos, a jornalista Milena Fiori, hoje com 42, começou a ter um problema de pele. "Foi difícil na época descobrir o que era, fui a diversos médicos. Um deles me recomendou ir a um alergologista, pois suspeitava de crise alérgica", lembra ela.

O alergologista tinha um familiar que sofria de psoríase e reconheceu a doença de Milena."Ele olhou minhas pernas e meu cotovelo e disse que era psoríase. Ele explicou o que era a doença, a origem genética, e fizemos uma biópsia para ter certeza."

Estima-se que, no mundo, 125 milhões de pessoas convivam com a doença, que atinge pessoas de todos os gêneros e idades, mas sobretudo na faixa dos 20 aos 40 anos.

A partir do diagnóstico até completar 40 anos, Milena viveu muitos altos e baixos."Os gatilhos eram emocionais, tudo o que era diferente ou me pegava de surpresa. Eu dormia sem nada, no dia seguinte, acordava toda empipocada."

Isso a levou a se consultar com psicólogos e psiquiatras, sem que a questão fosse resolvida. No início da pandemia, ela se viu em um desses momentos ruins: a psoríase havia se exacerbado muito e o corpo estava todo coberto. Nessa época, já fazia algum tempo que Milena se sentia desmotivada em tratar a doença. Mas, com o incentivo do marido, ela resolveu ir a um médico recomendado por uma colega de trabalho.

"Essa pessoa tinha psoríase e percebeu que eu também tinha. Foi ela quem me falou pela primeira vez sobre novos tratamentos e como eles haviam mudado a vida dela."

A psoríase já havia prejudicado Milena na escola, no trabalho e no convívio social. "Teve uma ocasião em que saí de shorts para andar com o cachorro e uma pessoa me parou para perguntar o que eu tinha. Era algo frequente e muito invasivo."

A forma grave da psoríase é com frequência confundida com uma doença contagiosa, afirma a dermatologista Luiza Keiko Matsuka Oyafuso, professora de Dermatologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) e coordenadora do Ambulatório de Psoríase e Hidradenite Supurativa. "As pessoas saem de perto, há grande impacto na qualidade de vida", atesta a especialista.

A doença se caracteriza por placas avermelhadas, com escamas esbranquiçadas --ou, no jargão médico, prateadas-- que ardem, coçam e se descolam da pele, formando muitas vezes feridas e deixando manchas. Em geral, essas placas são bilaterais, dos dois lados do corpo, e terminam de forma abrupta, com as bordas bem marcadas em relação à pele sadia. As manifestações mais comuns são nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo, região lombar, mas ela pode aparecer até nos órgão genitais e nas unhas.

"Não é só uma questão estética, esses pacientes têm mais risco de desenvolver uma série de doenças, como diabetes, depressão, ansiedade, hipertensão arterial e ter o colesterol alto", elenca o dermatologista Rafael Tomaz, gerente-médico de dermatologia da Janssen.

Buscar um especialista --dermatologista ou reumatologista-- para ter um diagnóstico e tratar o quanto antes é fundamental. Para falar sobre os riscos da psoríase e tratamentos disponíveis, o Estúdio Folha, em parceria com a Janssen, irá realizar uma live (com transmissão via Folha.com e YouTube) no próximo dia 29, às 11 horas, com a participação de Rafael Tomaz, da médica Mayra Ianhez, professora de dermatologia da Universidade Federal de Goiás, e da cantora Kelly Key, que foi diagnosticada com a doença.

"Cerca de um terço dos pacientes desenvolvem a artrite psoriática, um tipo de artrite que pode ser mutilante, com lesões ósseas capazes de causar deformidades e levar à incapacidade laboral."

Sem tratamento, ressalta Tomaz, os pacientes podem ter um quadro progressivo, crônico, de dor e inchaço articular que impacta muito a qualidade de vida.

Os protocolos de tratamento das duas condições variam conforme os dois níveis de gravidade: leve ou moderada a grave. A avaliação é feita pelo médico, de acordo com a extensão, vermelhidão, espessura e grau de descamação.

Em lesões mais localizadas, são feitos tratamentos com pomadas e cremes, que podem controlar e trazer alívio. Já nos casos moderado a grave, são feitos tratamentos sistêmicos com imunossupressores, que precisam ser monitorados de perto pelo médico, porque podem causar alterações sanguíneas. Há também a fototerapia, uma exposição controlada à luz ultravioleta, realizada em consultório. Por fim, há os imunobiológicos, que também necessitam de acompanhamento de saúde regular.

Boa parte desses tratamentos já está disponível no SUS e na Saúde Suplementar. "De dez anos pra cá, as terapias inovadoras foram incorporadas, elas têm efetividade e segurança. Me formei há 45 anos e, para mim, foi uma revolução. Alguns dos meus pacientes mais antigos tinham contraindicação para as outras medicações. Um deles estava com psoríase há 20 anos, um mês depois da primeira aplicação, ele voltou e chorou. Ele nunca tinha visto a pele melhorar tanto", afirma Luiza Keiko.

A professora de dermatologia relata uma grande transformação na vida desse paciente após a psoríase ter sido controlada. "Ele ficou tão bem que começou a fazer ginástica e emagreceu."

Milena Fiori também sentiu essa mudança positiva desde que iniciou a terapia com imunobiológicos há dois anos. "Minha vida é diferente hoje, a autoestima melhorou muito. Minha pele está boa, posso até depilar a perna, o que antes era impossível. Hoje vou à praia e consigo levar uma vida super normal."

Milena também se empoderou como paciente e, assim como a colega de trabalho que a ajudou a descobrir novos tratamentos para a sua condição, passou também a espalhar a mensagem. "É importante dizer para as pessoas que existem diversos tratamentos e eles estão disponíveis para qualquer pessoa, tanto no SUS como pelos planos de saúde."

SERVIÇO:

LIVE "Psoríase: riscos e tratamento"

QUANDO: Dia 29, às 11h

ONDE: Folha.com e YouTube

Para mais informações acesse: https://www.transformeapsoríase