Imagine que, numa sexta-feira, o interfone toca com uma entrega do seu restaurante preferido. Você não pediu nada, mas seu assistente digital fez isso por você. Ele sabe que você costuma jantar em casa às sextas-feiras e que, a cada três semanas, esse é o prato que você escolhe.
Com base no seu histórico de transações financeiras, ele conhece seu restaurante preferido, sua disponibilidade financeira, seu comportamento de gastos, entre outras informações, e, cruzando alguns dados, descobre que há uma promoção atraente para você. Para completar, recomenda um vinho que está na sua adega — sim, ele sabe que está lá.
Nesta situação hipotética, você poderá aceitar ou não a entrega porque essa decisão continuará sendo sua, bem como a divulgação das informações de suas preferências para a criação das ofertas. No entanto, a evolução da automação não é uma escolha, mas, seguramente, trará aumento de produtividade para quem dela se utilizar. Segundo Gilson Magalhães, presidente da Red Hat Brasil, líder mundial no fornecimento de soluções empresariais open source, esse é um caminho sem volta.
Magalhães criou esse exemplo para ilustrar o potencial das novas tecnologias combinadas, entre elas o open banking, que iniciou a primeira de suas quatro fases neste mês de fevereiro no Brasil.
Para quem ainda não está familiarizado com o termo, open banking é a padronização do processo de compartilhamento de dados e serviços financeiros pelas instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central por meio de integração de plataformas e infraestruturas de tecnologia —as chamadas APIs.
De forma prática, o open banking entrega a cada pessoa o direito de compartilhar suas informações financeiras com quem quiser. Com isso, o histórico bancário de um cliente deixa de ser propriedade do banco ou de qualquer instituição. Se o cliente decidir compartilhar suas informações com um banco concorrente ou uma fintech, seu banco atual terá a obrigação de fornecer todos os dados.
“Open banking no sentido mais direto da expressão é garantir que o cidadão tenha acesso aos seus dados financeiros e que isso seja provisionado por meio de uma API com absoluta segurança"
Gilson Magalhães, presidente da Red Hat Brasil
Para Magalhães, o mecanismo está pronto, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) garante que o dado seja entregue apenas a quem o cliente quiser pelo prazo que ele determinar, e a segurança dos dados está, em geral, garantida por sistemas de controle de segurança.
Faltam agora dois passos essenciais. Um é a divulgação dos benefícios do open banking para que as pessoas se interessem pelos seus próprios dados. O outro é o desenvolvimento de serviços inovadores que utilizem todo o potencial dessas informações para gerar novas formas de as pessoas lidarem com as próprias finanças.
Um exemplo de serviço inovador que pode surgir com o open banking, imagina ele, seria um aplicativo que reúna dados dos bancos com que um cliente tenha relacionamento para gerar um mapa que possa indicar com precisão onde e de que forma ele gasta seu dinheiro. “Tudo começa com a autorização do cliente, que tem poder de decidir com quem e por quanto tempo quer compartilhar os dados”, ressalta. Com essas informações, o app poderia fazer análises e dizer se ele usa energia elétrica acima do esperado, se gasta muito com vestuário ou com restaurante em relação ao seu perfil, sem contar com ofertas de crédito e opções de investimento para valores excedentes.
O próximo passo, com base em informações estatísticas que não violam a LGPD e utilizando inteligência artificial, seria fazer alertas e indicar pontos em que os gastos eventualmente excedem o perfil financeiro desse cliente e fazer sugestões para ele melhorar sua saúde financeira, inclusive no longo prazo. "Imagine, por exemplo, que o aplicativo possa prever que, se o cliente continuar no ritmo de gastos que tem atualmente, não vai conseguir pagar um plano de saúde adequado quando se aposentar”, diz Magalhães. O app pode fornecer um planejamento para que isso não aconteça.
"Há espaço para muitas soluções, tanto de bancos quanto de fintechs, para fidelizar o cliente e entregar análises cada vez melhores”, afirma. Para os clientes, também são inúmeras as possibilidades de gerenciar sua vida financeira e buscar as melhores ofertas do mercado.
A quarta e última fase do open banking no Brasil deve ser implementada em 15 de dezembro. Nessa etapa final, as instituições financeiras poderão trocar informações entre si para oferecer produtos personalizados a cada cliente.
ENTENDA O OPEN BANKING
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Open banking é a padronização da forma como as instituições financeiras processam e compartilham informações dos clientes
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Essa padronização é feita por meio de APIs (Application Programming Interface) de código aberto (open source) que fazem a integração de plataformas e infraestruturas de tecnologias
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Isso significa que informações financeiras, como dados cadastrais e histórico de transações, que estão no sistema de uma instituição podem ser “compreendidas” pelos sistemas de todas as instituições
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Com o open banking, o cliente passa a ter o direito de decidir com quem e por quanto tempo quer compartilhar os seus dados
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Até então, esses dados eram propriedade das instituições financeiras com que ele se relacionava
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Ou seja, os clientes passam a ter uma espécie de “portabilidade bancária” para carregar seu histórico financeiro para instituições que ofereçam melhores produtos e serviços
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