"Indústria precisa descobrir o full commerce"

Terceirização total do e-commerce permite que grandes marcas tenham agilidade para criar plataformas parrudas de venda direta ao consumidor

Eduardo Fregonesi, CEO e co-fundador da Synapcom

Eduardo Fregonesi, CEO e cofundador da Synapcom

Em 2020, o comércio eletrônico cresceu o que, em situação normal, levaria de três a cinco anos para acontecer. É essa a conclusão de Eduardo Fregonesi, CEO e cofundador da Synapcom, empresa que fornece solução completa de e-commerce para indústrias e grandes varejistas.

Sua afirmação é confirmada por dados. De acordo com o relatório elaborado pela Ebit|Nielsen, o e-commerce brasileiro cresceu 47% apenas no primeiro semestre do ano passado. As vendas saltaram de R$ 26,4 bilhões, no primeiro semestre de 2019, para R$ 38,8 bilhões no mesmo período de 2020. Nos anos anteriores, o crescimento anual não passava de 12%. E a tendência de crescimento não para por aí. A consultoria prevê que as vendas online devam aumentar mais 26% em 2021, atingindo faturamento de nada menos do que R$ 110 bilhões no ano.

“Com a pandemia e o fechamento das lojas, muitas empresas tiveram de dar mais atenção ao comércio eletrônico, que se tornou estratégico”, diz Fregonesi. “Outras, que ainda não estavam no online, precisaram criar presença com urgência”, afirma. Entre essas empresas, estão muitas indústrias que perceberam a necessidade – e a oportunidade – de vender diretamente para seus consumidores, o chamado D2C (do inglês direct to consumer).

O grande desafio com que essas indústrias se depararam, no entanto, foi a complexidade de viabilizar rapidamente um comércio eletrônico parrudo, capaz de gerar boas experiências para seus clientes. “Vender online para o consumidor final definitivamente não é o ‘core’ da indústria”, afirma o especialista.

Para resolver a questão, o setor tinha basicamente três opções. Desenvolver tudo internamente (e arcar com os custos de toda uma infraestrutura dedicada), terceirizar partes da operação (e se desdobrar para gerenciar todos os contratos e etapas com diferentes fornecedores) ou fazer a terceirização total da operação.

É nessa terceira alternativa que entra o serviço prestado pela Synapcom. “A indústria precisa descobrir o full commerce”, afirma Fregonesi. Full commerce é o serviço fornecido por um único parceiro que disponibiliza toda a estrutura de um comércio eletrônico para a marca criar seu e-commerce com características próprias e entregar a melhor experiência para seu consumidor. “Nós criamos projetos customizados de ponta a ponta e fazemos todo o gerenciamento do e-commerce da marca, que nos remunera de acordo com as vendas”, explica.

A estratégia gera eficiência para a operação e ainda reduz custos, já que os clientes compartilham toda a infraestrutura da Synapcom. Para agilizar a entrega, por exemplo, a Synapcom tem três centros de distribuição, dois deles em São Paulo, nas cidades de Cajamar e Itapevi, e um em Minas Gerais, em Extrema. Somados, são 35 mil metros quadrados de armazenamento. E a empresa deve avançar também para as regiões Nordeste e Sul. “O objetivo é fazer com que o pedido viaje o mínimo possível de quilômetros porque a expectativa do consumidor mudou completamente com a pandemia”, diz ele. “Em São Paulo, por exemplo, ninguém mais quer comprar e receber quatro dias depois. Quer o produto no dia seguinte, no máximo.”

A Synapcom tem nove anos de operação e está por trás do e-commerce de grandes marcas como Samsung, Philips, Levi’s, L’Oréal, Diageo e Marisol. Nessa parceria, a Synapcom cuida de todas as etapas, desde o planejamento da loja online até seu gerenciamento, incluindo operação, acompanhamento e análise de resultados. É também a parceira que cuida da tecnologia com implementação de APIs, da integração de softwares e sistemas, dos meios de pagamento, do atendimento aos consumidores por telefone, de e-mail, chat e WhatsApp, lida com toda a logística e desenvolve soluções para gerar tráfego, reter o cliente e aumentar a performance de vendas.

Entre a contratação do serviço e o lançamento do e-commerce, o prazo é de três meses, em média. “Com nossa expertise, conseguimos dar tração muito mais rapidamente para a operação”, explica o CEO.

"Esse é um caminho sem volta. Cliente e indústria cada vez mais terão contato direto"

Eduardo Fregonesi, CEO e co-fundador da Synapcom

Para a indústria, cabem apenas a definição de políticas de preços e campanhas e o acompanhamento de indicadores em tempo real ou por meio de relatórios mensais. “Nossos clientes não têm e nem querem ter estrutura para montar um e-commerce internamente”, diz ele. “O full commerce é a solução mais econômica e eficiente para eles.”

Venda direta ao consumidor aumenta a eficiência da indústria

A venda direta ao consumidor – o chamado D2C – ganhou fôlego nas indústrias durante a pandemia. Com lojas e shoppings fechados, as marcas precisaram descobrir caminhos para se relacionar com o consumidor sem intermediários. Mas, o que começou como necessidade, rapidamente mostrou benefícios. “Quando a indústria estabelece seu e-commerce para vender direto ao consumidor final, ela passa a ter dados desses consumidores, coisa que até então não tinha”, explica Eduardo Fregonesi, CEO e cofundador da Synapcom.

Com isso, o especialista ressalta que a indústria começa a entender o comportamento de compra do seu cliente sem depender de informações de revendas.

Com a venda direta ao consumidor, a indústria pode ser mais eficiente nas políticas de preço e no que apresenta ao potencial cliente. “Sua plataforma conversa diretamente com o consumidor final”, diz ele.

Há outros benefícios, como lançamento exclusivo de produtos na loja própria, testes para esses lançamentos e oferta de serviços diferenciados, a exemplo de garantia e instalação, dependendo do tipo do produto. Outro benefício, segundo o especialista, é aumentar a fidelidade do consumidor com a marca. “O cliente também quer interagir com a marca diretamente, por meio do seu e-commerce, e não somente por meio de outros players.”

“Não tenho dúvidas de que esse é um caminho sem volta. Cliente e indústria cada vez mais terão contato direto”, afirma.