CONGRESSO NA ONU AVALIA POLÍTICA BRASILEIRA QUE SALVA VIDAS

Livia Sá/Estúdio Folha
Palestrantes brasileiros e americanos durante conferência na ONU que discutiu a experiência brasileira na redução de acidentes de trânsito

Exigência de exame do cabelo reduz acidentes e mortes e pode ser exemplo para o mundo

A ONU (Organização das Nações Unidas) definiu uma meta para todo o planeta: reduzir em 50% o número de mortos no trânsito até 2020, tendo como base os dados de 2010. Não por acaso, foi na própria ONU que o Brasil foi mostrar ao mundo os resultados de uma política pública que há dois anos vem conseguindo reduzir o número de mortos nas ruas e nas estradas do país.

A política é baseada na Lei 13.103, em vigor desde março de 2016, que instituiu a obrigatoriedade do exame toxicológico de larga janela (também chamado de exame do cabelo) para aqueles que querem renovar ou obter pela primeira vez a habilitação para dirigir veículos pesados (categorias C, D e E).

O exame, que detecta se a pessoa consumiu drogas ilegais num período de 90 a até 180 dias, já impediu que 1,4 milhão de motoristas (potenciais usuários de drogas) continuassem na condução de veículos pesados no Brasil e também contribuiu para reduzir em 38% o número de acidentes nas estradas federais já nos seis primeiros meses de vigência da lei, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal.

Intitulado "The use of technology to promote road safety: Brazilian experience" (O uso da tecnologia para promover a segurança no trânsito: experiência brasileira), o congresso, ocorrido no último dia 27 na sede da ONU, em Nova York, foi promovido pela Missão Brasileira nas Nações Unidas e pelo ITTS (Instituto de Tecnologias para o Trânsito Seguro).

Contou com palestras de especialistas do Brasil e dos Estados Unidos, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que também presidiu a Comissão Global de Políticas sobre Drogas da ONU.

"É muito oportuno que estejamos fazendo esse evento aqui, num momento em que a ONU discute suas diretrizes de desenvolvimento e também sua política sobre drogas. E é importante que o ITTS divulgue os sucessos obtidos com essa tecnologia que permite verificar se a pessoa usou drogas num período de tempo maior e, em caso positivo, impedi-la de exercer profissões que coloquem em risco sua vida e a vida de terceiros", afirmou o ex-presidente.

Já o embaixador Mauro Vieira, representante permanente da Missão Brasileira na ONU, disse que a divulgação dos resultados ajuda a intensificar a ação nacional e também a cooperação internacional para tornar o trânsito mais seguro em todo o mundo.

"Nós, do Brasil, estamos aqui na ONU para dar a boa notícia: uma política pública assertiva conseguiu tirar de trás do volante consumidores contumazes de drogas e, com isso, salvar vidas. Mais de 1,4 milhão de potenciais consumidores de drogas foram afastados das ruas e das estradas brasileiras pelo exame toxicológico de larga janela. É uma história de grande sucesso e queremos deixar registrada aqui na ONU, para que o mundo inteiro possa se beneficiar dessa tecnologia que salva vidas", resumiu Márcio Liberbaum, presidente do ITTS.

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