A expectativa do setor quÃmico brasileiro em obter apoio federal para seu salto de competitividade, no contexto da economia verde, encontrou ecos promissores.
Ao encerrar o seminário "A importância da Indústria QuÃmica para a Sociedade e a Transição para a QuÃmica Verde", organizado pela Abiquim (Associação Brasileira da Indústria QuÃmica) e pelo Estúdio Folha no último dia 7 em BrasÃlia, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou ter recebido uma demanda da Abiquim de novos NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) para serem avaliadas as alterações das alÃquotas de importações. "Estamos fazendo esse estudo neste momento", ressaltou, ao sinalizar com a adoção de direitos antidumping provisórios para conter o ingresso de concorrentes estrangeiros.
"Nós não vamos esperar um ano e meio para [concluir o processo e] aplicar o antidumping. Se houver indÃcio [de dumping nos concorrentes estrangeiros], pode-se fazer no mês que vem", declarou Alckmin, ao mencionar três recentes pedidos de defesa comercial da indústria quÃmica, que se somam a outros já encaminhados ao MDIC desde 2023. "Uma vez comprovado o dumping, o direito provisório é aplicado, independentemente de quem seja afetado."
Para a indústria quÃmica, não se trata de pouca coisa. O agressivo desembarque com preços predatórios de produtos quÃmicos de outros paÃses no mercado brasileiro tem sido mais do que um obstáculo a seu plano estratégico para tornar-se um dos pilares da economia verde e circular do Brasil e do mundo. No limite, o avanço de insumos importados de paÃses que, diferentemente do Brasil, vão no sentido contrário da transição sustentável, também comprometem a própria sobrevivência do setor. No ano passado, a indústria quÃmica brasileira teve retração de 10,1% na produção.
"Temos visto nos últimos anos um grande aumento de importações de produtos quÃmicos a preços predatórios e com efeitos deletérios à indústria, ao meio ambiente, ao emprego e à renda produzida no Brasil", afirmou André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim.
"É uma indústria sustentável, verde. O Brasil é o grande protagonista da descarbonização, da transição energética. Nós temos o combustÃvel mais limpo do mundo, temos energia solar, eólica...Temos um potencial enorme de descarbonização"
Alckmin fez questão de comparecer ao seminário da Abiquim e do Estúdio Folha. Afirmou ser receptivo ao plano estratégico recentemente apresentado ao MDIC pela indústria quÃmica, que demanda a redução dos preços do gás natural, seu principal insumo, e a elevação do Imposto de Importação. E mostrou-se empenhado, em curto prazo, no caminho da defesa comercial.
"A indústria quÃmica precisa ter competitividade. A cadeia produtiva quÃmica é longa. Se houver uma mudança na base [a sobretaxa antidumping], pegará a cadeia toda. Por isso, é preciso ser feito com bastante critério. Mas nós estamos muito atentos", afirmou.
Segundo Alckmin, medidas já adotadas pelo governo para aliviar o quadro do setor devem ser consideradas. "É importante o que já foi feito", argumentou. Depois da abertura comercial do setor pela gestão de Jair Bolsonaro, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva reviu decisões que afetaram a indústria nacional, como um todo, e a quÃmica, em particular.
A principal delas foi a reversão de um corte unilateral brasileiro de 10% das tarifas de importação entre 2021 e 2022. Segundo Alckmin, as regras da Nova Indústria Brasil, polÃtica de neoindustrialização centrada em incentivos fiscais e na expansão do crédito, e do Plano de Transformação Ecológica, focado na infraestrutura, igualmente terão repercussões positivas sobre o setor.
"Nós não vamos esperar um ano e meio para [concluir o processo e] aplicar o antidumping. Se houver indÃcio [de dumping nos concorrentes chineses], pode-se fazer no mês que vem"
Pontualmente, o vice-presidente da República destacou a retomada do Reiq (Regime Especial da Indústria QuÃmica), um programa criado em 2013 e que havia sido extinto pelo governo Bolsonaro. Relançado em agosto passado, a iniciativa prevê a isenção de PIS/Cofins sobre a aquisição de insumos pelo setor mediante contrapartidas ambientais, tributárias e de preservação do emprego. Custará aos cofres públicos R$ 5,5 bilhões até 2027 – dos quais R$ 1,1 bilhão neste ano. Porém, reduzirá a brecha de preços dos bens nacionais frente aos importados.
Alckmin ressaltou haver mais iniciativas por vir. No próximo dia 25, será sancionada a Lei de Depreciação Acelerada. Trata-se de programa de redução do Imposto de Renda e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro LÃquido) das empresas que adquirirem máquinas e equipamentos mais modernos. A legislação trará alÃvio fiscal à indústria, diante do horizonte de longo prazo de coleta dos benefÃcios da reforma tributária, e estÃmulo à renovação do parque quÃmico.
"Sabemos que não é suficiente", reconheceu Alckmin diante de empresários da indústria quÃmica. "Mas quero dar uma palavra de estÃmulo aos investidores: nós estamos atentos à competitividade do setor quÃmico."
Seminário celebra os 60 anos da Abiquim
A realização do seminário "A importância da Indústria QuÃmica para a Sociedade e a Transição para a QuÃmica Verde" faz parte das comemorações dos 60 anos da Abiquim, a Associação Brasileira da Indústria QuÃmica, fundada em 16 de junho de 1964 e que hoje representa indústrias quÃmicas de grande, médio e pequeno portes, além dos prestadores de serviços ao setor nas áreas de logÃstica, transporte, gerenciamento de resÃduos e atendimento a emergências.
Ao iniciar o evento, André Passos Cordeiro, presidente-executivo da entidade, lembrou da crise que afeta o setor, mas mostrou-se otimista. "Não é a primeira vez que a indústria quÃmica brasileira é testada em um cenário adverso, e certamente não será a última. Nos 60 anos desde a criação da Abiquim, a indústria quÃmica já passou por crises climáticas, econômicas e humanitárias, e sempre foi capaz de cumprir seu papel com excelência: o papel de fornecer insumos essenciais para a saúde, a qualidade de vida e o conforto da população, produzindo com segurança para o trabalhador e o meio ambiente, e buscando inovar com o objetivo de prover melhores soluções", destacou.
*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha