A indústria tem papel estratégico para a geração de empregos qualificados e com bons salários no país. Só o setor químico gera 2 milhões de postos de trabalho diretos e indiretos, com o maior salário da indústria da transformação e a segunda melhor remuneração média do setor industrial brasileiro.
A massa salarial da indústria química atinge a marca de R$ 33 bilhões e um emprego direto criado nessa indústria equivale à geração de outros 5,19 indiretos ao longo da cadeia. Mas, nos últimos 10 anos, cerca de 7% dos empregos qualificados ligados à produção química foram perdidos.
"O Estado tem o desafio de estimular o desenvolvimento e isso representa gerar empregos de qualidade, inovar e aumentar a produtividade. Para isso há um caminho, o da indústria, e os caminhos de apoio, mais indústria, e se tiver dúvidas, aposte na indústria", afirmou Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego, na abertura do painel "Desenvolvimento Econômico e Geração de Empregos", do seminário "A importância da Indústria Química para a Sociedade e a Transição para a Química Verde."
"O Estado tem o desafio de estimular o desenvolvimento. Para isso há um caminho, o da indústria, e os caminhos de apoio, mais indústria, e se tiver dúvidas, aposte na indústria" - Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego
Segundo o ministro Marinho, a indústria tem um papel importante para aumentar a massa salarial e a renda dos trabalhadores. "O Brasil é um grande ator mundial na indústria química, mas a desindustrialização vem quebrando sua capacidade de promover desenvolvimento e é preciso trabalhar para reverter isso."
Para André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, a solução está em melhorar a competitividade da indústria química brasileira, para que possa gerar mais empregos.
"Precisamos primeiro equacionar a cadeia de suprimentos e isso abrirá uma grande janela para investimento, que pode reverter um quadro preocupante. Nos últimos 10 anos, perdemos, acumuladamente, 7% dos empregos diretos ligados à produção química no Brasil", disse Passos Cordeiro.
O salário na indústria química é o dobro do pago na indústria da transformação, segundo o dirigente da Abiquim. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que, enquanto na indústria da transformação o salário médio gira em torno de R$ 2.000, na indústria química está acima de R$ 4.000.
"Isso acontece porque a química é uma indústria complexa, que está encadeada com outros setores, e exige conhecimento e qualificação. Daí a necessidade de reverter logo essa tendência de queda nos empregos", afirmou Passos Cordeiro.
"É uma insanidade chegar a um grupo de mil trabalhadores e dizer que eles serão demitidos por falta de insumo para produzir" - Geralcino Teixeira, presidente da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ) da CUT
Para Geralcino Teixeira, presidente da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT), há a necessidade de criar um modelo que assegure emprego e qualidade de vida aos trabalhadores do setor químico. "É uma insanidade chegar a um grupo de mil trabalhadores e dizer que eles serão demitidos por falta de insumo para produzir", afirmou Teixeira.
"É urgente reverter essa lógica, criar mais incentivos, discutir a falta de insumos, como o gás natural, e fazer com que a classe trabalhadora tenha orgulho da indústria brasileira," disse Teixeira.
Economia circular
Além de estimular a geração de empregos qualificados, a indústria química tem trabalhado para construir uma economia circular no lugar da linear.
"Iniciamos uma forte colaboração com os trabalhadores que reciclam material, como os plásticos, que geram 60% da renda de catadores e catadoras", afirmou Passos Cordeiro. "Há muito ainda a avançar, porque esse é um espaço de geração de empregos que deve ser cada vez mais formalizado e bem remunerado, para dar dignidade a essa ponta da cadeia."
"Além de gerar empregos qualificados e com salários mais altos, a indústria química tem trabalhado para construir uma economia circular e não mais linear" - André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim)
"O Brasil tem 1 milhão de catadores e catadoras de materiais recicláveis. Mas é inacreditável que chegamos a 2024 sem ter ainda o reconhecimento dessa categoria", afirmou Anderson Nassif, gerente da Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat).
Segundo Nassif, 90% das embalagens pós-consumo passam pelas mãos dos catadores e parte retorna para a indústria para se tornar novos produtos. "É difícil ter que defender constantemente a valorização desse trabalhador, que a duras penas consegue alcançar um salário mínimo e ainda paga 35% de impostos. Precisamos repensar todo o sistema, porque essa é uma categoria importante para a economia circular, mas ainda invisível para a sociedade."
Segundo o ministro Marinho, a economia verde é uma ótima oportunidade, mas exige capacitação. "Temos que oferecer formação contínua, por toda a vida profissional do trabalhador. O ministério está aberto a todos os setores para pensar como montar programas de qualificação", disse o ministro.
"O Brasil tem 1 milhão de catadores e catadoras de materiais recicláveis. Mas é inacreditável que chegamos a 2024 sem ter ainda o reconhecimento dessa categoria - Anderson Nassif, gerente da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat)
"Toda tecnologia é bem-vinda", afirmou Geralcino Teixeira. "Mas não dá para discutir a mudança para a química verde sem antes qualificar as pessoas e isso só vai acontecer com a união do governo, das empresas e dos sindicatos."
Segundo Passos Cordeiro, cada emprego direto gerado na indústria química equivale a outros 5,19 indiretos ao longo da cadeia. Isso sem contabilizar os empregos no novo modo de economia circular, que envolve os catadores de recicláveis.
O presidente da Abiquim defende a construção de políticas de emprego e renda que mantenham esses multiplicadores de emprego que são gerados na indústria química. "No lugar de continuar perdendo postos de trabalho na produção, precisamos de parcerias público e privada para criar os modelos adequados e estimular a geração de empregos", afirmou.
*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha