Nordeste impulsiona crescimento de geração de energia limpa no país

Com recursos naturais, a região se destaca em projetos de energias renováveis; oferta de crédito do Banco do Nordeste estimula transição energética

Complexo Eólico e Solar de Serrote, no Ceará, da empresa Qair Brasil

Complexo Eólico e Solar de Serrote, no Ceará, da empresa Qair Brasil Divulgação/Qair Brasil

O Brasil registra um crescimento surpreendente na produção de energias renováveis. Desde 2011, a geração de energia por turbinas eólicas aumentou, em média, 40% ao ano e a potência de geração solar no país teve alta anual de 112%, segundo dados do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene). Combinadas, as duas fontes contribuíram para uma redução de 29% nas emissões de CO2 no período. O Nordeste tem um papel de destaque na geração dessas energias limpas, com a produção, por exemplo, de 84% da energia eólica do país.

Com recursos naturais, como os ventos constantes e a intensa incidência de sol, a região tem atraído investimentos, com a participação do Banco do Nordeste (BNB), que aplicou, nos últimos cinco anos, R$ 30 bilhões em crédito para energias renováveis. As linhas de financiamento do BNB atendem desde grandes projetos, como as usinas de energia solar e eólica, até a geração solar por pessoas físicas e pequenos produtores rurais.

A linha FNE Sol financia todos os componentes e a instalação de sistemas de micro e minigeração de energia elétrica fotovoltaica, eólica, de biomassa ou pequenas centrais hidroelétricas, com juros atrativos e prazos de pagamento que vão de 8 a 24 anos.

Entre os grandes projetos financiados pelo BNB está o Complexo Eólico e Solar de Serrote, localizado no município de Trairi, no Ceará. Construído em três etapas pela empresa de origem francesa Qair, o complexo conta com 78 aerogeradores e capacidade total para produzir 430 MW de energia limpa.

"O setor de infraestrutura no Brasil não seria o que é hoje se não fossem os financiamentos de bancos de fomento, como o Banco do Nordeste", afirma Luiza Alyne Menezes, CFO da Qair Brasil. "Esses financiamentos são essenciais para subsidiar investimentos em energias limpas, especialmente em áreas que não seriam naturalmente escolhidas pelos investidores."

Do investimento total de aproximadamente R$ 2 bilhões do Complexo de Serrote, cerca de R$ 1,2 bilhão foram financiados pelo Banco do Nordeste e R$ 800 milhões vieram de recursos próprios da Qair, empresa que atua em 21 países e que construiu também a fazenda solar de Afonso Bezerra, no Rio Grande do Norte, com financiamento de R$ 300 milhões do BNB e capacidade produtiva de 159,6 MW.

Com a participação do Nordeste, o Brasil ultrapassou, no início deste ano, a marca de 29 GW de potência instalada de fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), que calcula em 13% a participação da energia solar na matriz elétrica do país.

"O Nordeste tem se consolidado como o mais importante hub de energias renováveis do Brasil e tem um potencial de crescimento futuro ainda muito grande. A região tem todas as condições de ser o motor da descarbonização da economia brasileira e um grande centro mundial de produção de hidrogênio verde. O BNB já é um dos grandes atores do financiamento dessa transição energética do país e vai se consolidar cada vez mais como o banco de energia limpa", afirma Aldemir Freire, diretor de Planejamento do BNB.