Imunoterapia como principal aliada contra o câncer gastrointestinal1

Terapia que estimula o próprio corpo a combater a doença tem sido considerada por médicos primeira linha de tratamento para esse tipo de tumor

A imunoterapia representa uma mudança de paradigma no tratamento do câncer1. Até sua descoberta, todas as outras terapias tinham como alvo o próprio tumor. "Na imunoterapia, o alvo do tratamento é o sistema imunológico do paciente. A imunoterapia restaura e aprimora a capacidade do sistema imune de lidar com o agente agressor (células tumorais) e cria uma memória celular que permite que essa resposta continue mesmo depois que o paciente termina o tratamento", afirma Angélica Pavão, Diretora Médica da BMS no Brasil.

A Bristol Myers Squibb (BMS) é referência em descobrir e desenvolver medicamentos inovadores na área. A biofarmacêutica global é pioneira2 no lançamento da imunoterapia, classe de medicamentos que revolucionou o tratamento de vários tipos de câncer e rendeu a cientistas ligados à empresa o prêmio Nobel de Medicina de 20182.

A grande descoberta desses cientistas, de que tumores e células de defesa têm proteínas específicas (PD-L1 e CTL4) envolvidas na proliferação e inibição tumoral, gerou o desenvolvimento de anticorpos específicos que combatem o câncer.3

"Os dois primeiros conseguem tratar a grande maioria dos cânceres. Mas existem tumores com grau alto de malignidade, mais resistentes, e, para isso, foi desenvolvido um terceiro imunoterápico, o anti LAG-3", explica Angélica. "Atualmente a BMS é a única companhia biofarmacêutica que tem três drogas com mecanismos de ação distintos para inibir o crescimento tumoral. O anti-LAG-3 ainda não está aprovado localmente."

Segundo o oncologista clínico Dr. Gustavo Fernandes, a imunoterapia é considerada tratamento padrão para vários tipos de câncer: pulmão, cabeça e pescoço, melanoma, esôfago, estômago, fígado, colorretal, bexiga, rim, endométrio, útero, colo do útero e alguns subtipos de câncer de mama (em especial o triplo negativo)4.

É comum que o tratamento inclua combinação com outra imunoterapia ou com quimioterapia, radioterapia ou terapia-alvo. É o caso de Rubens Vidigal Filho, 71 anos, de São Paulo, que está tratando um câncer de junção gastroesofágica recidivado em ossos com imunoterapia e quimioterapia.

Em 2019, Rubens operou um câncer no esôfago e estômago. A cirurgia foi bem-sucedida, sem necessidade de tratamento complementar, e ele seguiu sendo acompanhado pela equipe médica. "Descobri esse segundo câncer meio por acaso, em uma tomografia para monitoramento do tratamento anterior", conta.

Depois da confirmação da doença por biópsia, os oncologistas prescreveram oito sessões de imunoterapia seguida de quimioterapia, feitas a cada 15 dias.

"Estou passando bem. Nos dois primeiros dias fico cansado, sonolento, sem disposição. A partir do terceiro dia vou voltando ao normal. Tenho feito inclusive atividade física: pilates, caminhada e fisioterapia." Vidigal já completou cinco sessões.

Dr. Gustavo afirma que hoje, há indicação de imunoterapia para quase todas as patologias, tanto em doenças avançadas como precoces, como tratamento adjuvante (complementar à terapia principal) e neoadjuvante (antes da cirurgia). "É um tratamento que entrou muito fortemente na oncologia com transformações de resultado muito claras", diz.

O oncologista, que é especialista em tumores gastrointestinais, destaca que a imunoterapia está sendo considerada a primeira e segunda linhas de tratamento para o câncer gastrointestinal. "No que se refere à oncologia gastrointestinal, os avanços nos últimos cinco anos foram muito significativos. A imunoterapia transformou o tratamento para câncer de esôfago5. Ela foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para câncer de estômago e de fígado, tanto para o tumor mais comum, o carcinoma, como para o colangiocarcinoma, menos frequente", afirma. A imunoterapia também foi aprovada para um subtipo específico de tumor do intestino grosso, que apresenta instabilidade de microssatélites.

De acordo com o oncologista, a imunoterapia é considerada tratamento padrão nos seguintes casos de tumores gastrointestinais: para adjuvância de câncer de esôfago e de estômago metastático e câncer de fígado avançado e de cólon com instabilidade de microssatélite avançado. "Temos muitas pesquisas em andamento e em breve a imunoterapia deve se tornar padrão para o tratamento de câncer de estômago localmente avançado e para câncer de reto e cólon."

Referências:

1.How Immunotherapy Is Used to Treat Cancer, American Câncer Society www.cancer.org/treatment/treatments-and-side-e ects/treatment-types/immunotherapy/what-is-immunotherapy.html;

2. Pioneering paths forward in immunology www.bms.com/life-and-science/science/jonathan-sadeh-on-immunology-research-at-bms.html;

3. Immune Checkpoint Inhibitors and Their Side E ects, American Câncer Society www.cancer.org/treatment/treatments-and-side-e ects/ treatment-types/immunotherapy/immune-checkpoint-inhibitors.html;

4. Immunotherapy By Cancer Type, Cancer Research Institute www.cancerresearch.org/ immunotherapy-by-cancer-type;

5. Anvisa aprova imunoterápico para tratamento de câncer do esôfago, Todos Juntos Contra o Câncer tjcc.com.br/noticias/anvisa- -aprova-imunoterapico-para-tratamento-de-cancer-de-esofago/

6. "Inibidores do Controle Imunológico para Tratamento do Câncer" (http://www.oncoguia.org.br/ conteudo/inibidores-imunologicos/7962/922/) https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351231323201157/?substancia=25169