É possível prever o futuro? Não exatamente, mas vale tentar. A indústria de seguros faz isso diariamente, em um exercício essencial para cálculos de risco que agora conta com uma incomparável aliada: a tecnologia digital. "A inteligência artificial pode transformar a indústria", disse Miqdaad Versi, sócio da consultoria de seguros Oxbow Partners, durante painel no primeiro "Brazil – UK Insurance Forum". "De preços a sinistros e subscrição de seguros, em qualquer parte do negócio a inteligência artificial generativa pode fazer muita diferença."
O fórum Brazil-UK, realizado em 30 de outubro, na embaixada do Brasil em Londres, pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) e pela ABI (Associação de Seguradoras Britânicas), discutiu os principais desafios e oportunidades atuais da indústria. Se as mudanças climáticas criam condições inéditas que tornam mais difícil a estimativa de risco, tecnologias digitais produzem novas ferramentas para prever o que está por vir e, assim, garantir a proteção e a tranquilidade que uma apólice de seguro oferece.
"Hoje podemos usar dados externos de diferentes fontes que, juntamente com nossos dados internos, nos ajudam a estabelecer a frequência e a gravidade de possíveis perdas futuras", disse Caroline Dunn, responsável por subscrição no escritório britânico da seguradora Zurich. "A inteligência artificial generativa nos ajuda com simulações baseadas nesses dados."
Em seu exercício de previsão do futuro, a Zurich criou um sistema de avaliação do potencial de ocorrência de incêndio em imóveis. "Nós usamos 27 bancos de dados diferentes, algo que não conseguíamos fazer antes", afirmou Dunn, durante o painel sobre novas tendências tecnológicas no setor.
Segundo a executiva, essas informações ajudam a Zurich a estabelecer, por exemplo, as chances de um prédio pegar fogos nos próximos 12 meses. "São coisas simples como qual o tipo de imóvel vizinho, se ao lado do prédio está um restaurante ou um escritório. Ou qual a distância até o corpo de bombeiros, quanto tempo levará até eles chegarem no caso de um incêndio."
PROTEÇÃO CONTRA TECNOLOGIA
Os mesmos avanços tecnológicos que ajudam a indústria de seguros podem ameaçar empresas de todos os tipos, por meio de ataques cibernéticos que levam à perda de dados ou à paralisação de serviços. Nesse caso, os meios digitais oferecem novos riscos, para os quais o setor precisa se adaptar para se capacitar como antídoto eficaz.
O CEO da EZZE Seguros, Richard Vinhosa, afirmou que esses desafios são tanto uma oportunidade como uma responsabilidade para as seguradoras. "O seguro cibernético ganhou uma importância muito grande no contexto global – e também no Brasil, onde tem tido uma evolução muito grande – para tentar prevenir esses casos."
O presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) e ex-ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, explicou que, apesar de relativamente novo – no mercado há cerca de duas décadas –, o seguro cibernético já é oferecido por várias empresas brasileiras. Por oferecer serviços além da proteção diante de eventualidades, esse produto tem ajudado a dar novos tons à indústria.
"É um produto de natureza muito diferente do seguro tradicional, por ser muito mais um serviço do que propriamente um seguro", afirma Oliveira. "É muito mais uma assessoria, sobre como a empresa pode evitar problemas de segurança cibernética, como ela deve estruturar suas redes, seus equipamentos, seus softwares – e como lidar com uma eventual crise."
PARCERIA BRITÂNICA
Desafios como o avanço cibernético e as mudanças climáticas afetam tanto o Brasil como o Reino Unido, o que faz da aproximação entre os dois mercados de seguros um marco para os dois países.
"O Brazil-UK Insurance Forum representa uma excelente oportunidade para colaboração", disse o embaixador do Brasil no Reino Unido, Antonio Patriota, na abertura do evento. "Nosso compromisso com reformas econômicas e sustentabilidade representa oportunidades significativas para empresas de seguro britânicas se engajarem com nosso dinâmico mercado, melhorando práticas de gerenciamento de risco e desenvolvendo soluções inovadoras."
A diretora-geral da ABI, Hannah Gurga, encerrou o evento em Londres destacando a importância do memorando de entendimento assinado entre sua entidade e a CNseg. "O memorando cria uma poderosa fundação, a partir da qual podemos fortalecer ainda mais o diálogo e a colaboração entre os mercados do Brasil e do Reino Unido."
Segundo ela, as discussões durante o fórum destacaram as semelhanças entre os dois mercados. "Minha esperança é de que este evento marque o início de uma colaboração próxima entre nossos dois mercados. Isso é vital não apenas pelo benefício para nossas economias, mas também porque é trabalhando junto que o Reino Unido e o Brasil podem fortalecer a resiliência da nossa economia global."
*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha