A nova era no cuidado do câncer de pulmão

Análises genéticas, diagnósticos mais precisos, tratamentos com maior eficácia e a atenção integrada, multidisciplinar e focada no paciente possibilitam o controle do mais mortal dos tumores malignos

A nova era no cuidado do câncer de pulmão

A nova era no cuidado do câncer de pulmão Getty Images/iStockphoto

A cada meio minuto, em algum lugar do planeta, uma pessoa morre vítima de câncer de pulmão. A mais mortal entre todas as neoplasias malignas sempre desafiou a medicina. De evolução silenciosa, mas rápida, sua detecção precoce ainda é rara. No Brasil, sete em cada dez casos são descobertos em estágios avançados, quando as chances de cura são menores e as intervenções mais agressivas.

Até chegar ao diagnóstico, 40% dos pacientes passam por ao menos três médicos, que, por falta de treinamento, não suspeitam da doença. Tem mais. Pela estreita relação do câncer com o tabagismo, frequentemente, os doentes se culpam por sua condição, o que tende a atrasar ainda mais o diagnóstico e o tratamento.

Graças aos avanços nos conhecimentos sobre oncogenética e ao aperfeiçoamento das tecnologias diagnósticas e terapêuticas, esse cenário começa a mudar. No rastreamento do grupo de alto risco, tomografias computadorizadas conseguem diagnosticar a doença em estágios iniciais e reduzir em 20% a taxa de mortalidade. A análise genômica dos tumores permite aos médicos determinar o melhor tratamento para cada doente. O cuidado integrado, conduzido por um time de especialistas de diferentes áreas, refina a abordagem do câncer de pulmão e garante o bem-estar do paciente, ao longo de toda a sua jornada.

"O trabalho coordenado de uma equipe multidisciplinar reduz o tempo de diagnóstico", diz a oncologista Dra.Aknar Calabrich, da AMO, em Salvador. Pertencente à Dasa, a maior rede de saúde integrada do Brasil, a AMO é referência em oncologia para as regiões Nordeste e Norte. A sintonia entre oncologistas, pneumologistas, paliativistas, radioterapeutas, enfermeiros e psicólogos, entre outros profissionais, evita procedimentos desnecessários e redundantes. Economizam-se recursos e ganha-se celeridade.

Com a abordagem integral, o prazo médio para a detecção do câncer de pulmão cai de 60 para 20 a 30 dias, segundo a Dra. Aknar. Na AMO, o diagnóstico sai em cerca de 25 dias. Decisiva, a atenção multidisciplinar, especializada, integrada e centrada no paciente tem impacto direto na sobrevida do doente. "Independentemente do estadiamento do câncer, as taxas de mortalidade caem 30%", diz a oncologista da AMO. "Isso porque o tratamento passa a ser individualizado."

Com a descoberta das bases genéticas dos tumores malignos, a personalização torna-se realidade, sobretudo no manejo do câncer de pulmão. Ferramentas ultramodernas, como os painéis genômicos por sequenciamento de nova geração (NGS, na sigla em inglês), fornecem um retrato detalhado do DNA da célula tumoral na busca pelas alterações associadas à gênese da doença de cada paciente. "Nos centros de excelência, os NGS não são mais um luxo, já fazem parte do dia a dia dos consultórios", diz o Dr. Luiz Henrique Araújo, diretor regional de Oncologia e Genômica da Dasa no Rio de Janeiro e médico do Hospital São Lucas Copacabana, na capital fluminense, marca também pertencente à Dasa.

Os tumores de pulmão estão entre as neoplasias com o maior número de mutações associadas – dez no total. Identificado o defeito genético, é possível prever não só a evolução do câncer e seu risco de metástase bem como antecipar a resposta do paciente a determinada terapia. Lançados na virada dos anos 1990 para 2000, os medicamentos da chamada terapia alvo agem como mísseis teleguiados, projetados para agir nos genes e/ou proteínas envolvidas na proliferação das células cancerosas.

Se não é encontrada nenhuma mutação genética específica, o que contraindicaria a terapia alvo, é possível recorrer à imunoterapia. Atualmente, também por meio de análise gênica do tumor, os especialistas conseguem moldar em laboratório as células de defesa do paciente de modo a programá-las a atacar estruturas específicas na superfície das células tumorais.

Altamente precisos, os novos tratamentos são mais eficazes e oferecem menos efeitos colaterais em comparação aos tratamentos convencionais, em especial a quimioterapia. "A terapia alvo e a imunoterapia têm um impacto muito positivo na qualidade de vida dos pacientes", afirma a Dra. Carolina Kawamura, do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, que também faz parte da Dasa. Ou seja, os pacientes não só vivem mais, como vivem bem. "Hoje em dia, o desfecho de qualidade de vida tem sido muito avaliado também", explica a médica. "Os benefícios de um tratamento, por mais eficaz que ele seja, são questionáveis se não oferecer qualidade de vida."

A melhor arma contra o câncer de pulmão, no entanto, continua sendo não fumar. A imensa maioria dos pacientes é ou era tabagista –o que torna o mais mortal dos tumores um dos mais preveníveis. Classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como epidemia, o consumo de tabaco está associado a 22% das 9,6 milhões de mortes anuais, por qualquer tipo de neoplasia, hoje, no mundo. Sem contar quem, apesar de não fumante, está sob ameaça direta da doença, por causa do cigarro alheio –1,2 milhão de mortes, em decorrência do tabagismo passivo. Combinados, os hábitos saudáveis e a oncologia de precisão têm tudo para barrar a escalada de casos do câncer de pulmão.

Especialista alerta sobre o risco do e-cigarro

O cigarro eletrônico não se enquadra no conceito de tabagismo, mas também faz muito mal, alerta a Dra. Aknar Calabrich, da AMO. Como contém nicotina, a substância responsável pela dependência, o dispositivo aumenta o risco de tabagismo no futuro, sobretudo entre adolescentes. Como o hábito é relativamente recente, ainda não deu tempo para estabelecer sua relação com o câncer de pulmão.

Entretanto, o e-cigarro pode gerar uma inflamação grave nos pulmões, batizada injúria pulmonar (Evali, na sigla em inglês). Em fevereiro de 2020, cerca de 3.000 pessoas foram internadas nos Estados Unidos por causa da doença. Delas, 68 morreram. Inalar e/ou tragar a fumaça resultante da combustão de substâncias tóxicas é sempre prejudicial.

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