43% dos brasileiros vivem no modo acelerado, diz pesquisa

Levantamento da cerveja Eisenbahn e do Datafolha mostra que as pessoas admitem não aproveitar os detalhes do dia a dia e serve de alerta sobre a necessidade de sair do automático

Você tem a sensação de que a vida está muito corrida, que o tempo voa e que não consegue dar conta de fazer o que realmente lhe dá prazer? Pois saiba que não está só.

Essa sensação de viver em ritmo 2x, acelerado ou muito acelerado, é compartilhada por nada menos do que 43% dos brasileiros, segundo uma pesquisa realizada no primeiro trimestre deste ano pelo Instituto Datafolha em parceria com a cerveja Eisenbahn, marca do Grupo Heineken.

Os dados acendem um sinal de alerta: as pessoas se sentem obrigadas a conciliar os raros momentos de respiro com outras atividades, não conseguem desligar nem nos encontros familiares ou com amigos e sentem ansiedade só de pensar nas tarefas habituais.

"É um reflexo dos nossos tempos. Qualquer pessoa com quem conversamos hoje dificilmente não vai reclamar da falta de tempo ou de um ritmo de vida mais acelerado", afirma André Carvalhal, especialista em comportamento, autor best-seller, consultor e parceiro da Eisenbahn na pesquisa.

O Datafolha ouviu mais de 1.500 pessoas acima de 18 anos em todas as regiões do país. E os resultados mostram que essa sensação de viver no ritmo 2x não distingue gênero, idade ou classe social. A Eisenbahn afirma que a pesquisa comprova com dados que as pessoas estão, de fato, vivendo no automático e, assim, deixando de aproveitar as pequenas coisas que fazem a diferença no dia a dia.

Por isso, a Eisenbahn quer fazer uma conexão entre sua principal característica, ser uma cerveja artesanal, com uma forma de viver mais tranquila. "A Eisenbahn nasceu e continua sendo uma cerveja artesanal", destaca Karina Pugliesi, diretora de marketing da marca. "Queremos extrapolar essa ideia e mostrar o quão necessário é viver de uma forma artesanal –dedicando tempo e atenção para os detalhes da rotina", completa.

Para André Carvalhal, dois fatores são fundamentais para essa sensação de atropelo que muita gente declara vivenciar. "O primeiro é a velocidade da nossa evolução. Algumas das tecnologias que mudaram nossas vidas, como o rádio, a televisão e o cinema, demoraram muito tempo para serem implementadas e massificadas. Mas hoje as novas tecnologias vêm sendo implementadas com muito mais agilidade e escala, caso dos celulares e das mídias sociais". Como consequência, ressalta, há um aumento de estímulos e demandas. "A gente já acorda pensando que precisa responder um WhatsApp ou checar a rede social."

O outro fator, diz Carvalhal, é que hoje há muita confusão entre produtividade e produtivismo – a ideia de não desperdiçar o tempo. "Como se o nosso fazer fosse uma demanda infinita e nós precisássemos estar sempre fazendo algo, aprendendo uma coisa nova, buscando um novo trabalho, conhecendo pessoas ou entrando numa nova rede social. Há uma necessidade de ser útil, e não é permitido descansar."

Os dados da pesquisa corroboram isso: 53% das pessoas que dizem viver em ritmo acelerado ou muito acelerado afirmam ter o hábito de mexer no telefone ou ver as redes sociais durante outras atividades, e 37% assistem a vídeos ou ouvem áudios em alta velocidade.

Para Carvalhal, esse dado é mais um indicativo desse fenômeno social que valoriza o ganhar tempo, otimizar e fazer mais. Essa forma de utilizar o telefone e as mídias sociais muda não só a forma de consumir o audiovisual, mas de aprender, estudar e se relacionar com as pessoas. "Você pode acelerar o áudio de uma pessoa no WhatsApp, mas não em uma conversa na vida real. Isso impacta nas relações sociais, na capacidade de escuta, na disponibilidade de ouvir e na atenção plena. Acelerar o áudio do WhatsApp, para mim, é só a pontinha do iceberg."

O QUE REALMENTE IMPORTA

A pesquisa comprova, diz Pugliesi, a tendência de acelerar a vida para a velocidade 2x. "E isso é algo que nos direciona a uma vida mais vazia, mais automática. Queremos trazer luz para esse debate, provocando o consumidor a viver na velocidade normal e voltar a dedicar tempo e atenção para o que realmente importa."

Nesse cenário, não é de se estranhar que muita gente sinta ansiedade. A pesquisa mostra que especialmente os mais jovens (48%, na faixa de 18 a 24 anos, e 46%, na de 25 a 34) se dizem ansiosos ao pensar nas tarefas rotineiras, índice que também é mais alto entre as mulheres: 41%. O que dá forma ao futuro é a qualidade de nossa percepção no presente?

"A ansiedade faz parte de todo esse pacote, no qual há muita oferta, informação, conteúdo. São inúmeras possibilidades e é como se todo momento fosse uma maratona, uma corrida em que se precisa fazer, realizar, alcançar e querer mais e mais. Isso aumenta não só o nosso nível de ansiedade, mas também vejo outros impactos no humor", diz Carvalhal.

Ele menciona o FOMO (sigla para fear of missing out, termo em inglês que designa o temor de estar perdendo uma festa ou um evento mais interessante) como um dos reflexos disso. "Agora tem também o medo de ficar offline. Essas novas fobias são causadas por esse sistema crônico de ansiedade."

Outro dado impressionante revelado pela pesquisa é que a grande maioria dos brasileiros, 90%, diz concordar –totalmente ou em parte– que os dias de hoje passam mais rápido do que na infância. Para Carvalhal, isso também está ligado ao maior número de estímulos, compromissos e obrigações, mas não só.

"É bem curioso porque vivemos um momento com a maior expectativa de vida que o ser humano já teve. Uma vida longa e com rápida evolução de todas as coisas à nossa volta. Então, é como se o nosso tempo de vida estivesse se alongando cada vez mais e, ao mesmo tempo, o nosso dia, encurtando."

Confira todo os detalhes da pesquisa em: (www.eisenbahn.com.br/modoacelerado)

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