A medicina inova constantemente desde os tempos de Hipócrates, no século 5 a.C.. Mas a rapidez com que evoluiu nas últimas décadas causou uma verdadeira revolução na saúde, com notáveis avanços tecnológicos e científicos.
Técnicas de edição genética possibilitam tratar condições específicas e criar células mais potentes contra tumores. A robótica cirúrgica permite realizar procedimentos de alta complexidade com mais precisão, menos riscos e recuperação mais rápida. A telemedicina tornou possível que pacientes em áreas remotas acessem serviços de saúde e permite a emissão de laudos à distância. E a inteligência artificial vem proporcionando a automatização de tarefas, o processamento de grandes volumes de dados e a tomada de decisões clínicas mais precisas.
Nesse contexto, os médicos têm buscado ocupar outros papéis na sociedade, procurando formações e conhecimentos além da medicina tradicional. O médico de hoje não aceita mais ser mero usuário de tecnologias e dispositivos: ele participa ativamente do seu desenvolvimento, atuando em conjunto com engenheiros, programadores, cientistas de dados e outras áreas de fronteira.
Esses novos papéis, no entanto, não significam o afastamento da assistência e do consultório. Não há tecnologia que substitua o olho no olho e o acolhimento que só um ser humano consegue dar. Ao ampliar o escopo e incorporar tecnologias, o novo médico tem a oportunidade de se tornar mais parceiro do paciente na jornada do cuidado.
A humanização das relações médico-paciente frente à crescente tecnologização da medicina está no centro do debate atual. E o Dia do Médico, comemorado hoje, 18 de outubro, é uma oportunidade de rediscutir o papel desse profissional.
Se desde sempre o papel do médico é diagnosticar e tratar enfermidades, cada vez mais se ressalta a necessidade de ele atuar na prevenção das doenças e na promoção da saúde e do bem-estar. A ele cabe orientar os pacientes sobre hábitos saudáveis e acompanhá-lo de forma contínua para que tenha uma qualidade de vida melhor.
Na medicina moderna, plena de recursos tecnológicos, a humanização nunca foi tão necessária. Nesse momento, em que o discurso em todas as áreas da assistência à saúde é sobre colocar o paciente no centro do cuidado, cresce a demanda por profissionais que sejam cada vez mais sensíveis, ouvintes e solidários.
O conhecimento e as habilidades técnicas têm se mostrado tão essenciais quanto a capacidade de comunicação, escuta e acolhimento ao paciente. A proposta é prestar um atendimento humanizado, a fim de realizar uma abordagem mais completa, que leva em conta não só o histórico de saúde da pessoa mas também suas queixas e sua condição psicológica.
MUITO MAIS MÉDICOS
O Brasil tem hoje 575.930 médicos ativos, segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM). São de 2,81 por mil habitantes, a maior proporção já registrada no país.
Segundo a pesquisa intitulada Demografia Médica, com informações de 1990 a 2024, a quantidade de médicos mais que quadruplicou nesse período (veja quadro). Esse crescimento foi impulsionado pela expansão do ensino médico e pela crescente demanda por serviços de saúde.
Do total de médicos ativos, 54% são especialistas e 46% são generalistas (sem título de especialista).
A pesquisa mostra que, entre os médicos homens, a idade média é de 47,4 anos; para as médicas, de 42 anos. As mulheres já são maioria entre os médicos com 39 anos ou menos, representando 58%, em comparação com 42% de homens.
Com o indicador de 2,81 médicos por mil habitantes, o Brasil supera os EUA, Japão, Coréia do Sul e México. Se o ritmo de crescimento da população e de escolas médicas for mantido, em 2028 o Brasil contará com 3,63 médicos por mil habitantes, índice que supera a densidade médica registrada na média dos 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Se os dados da OCDE forem considerados para elaborar um ranking da densidade médica, o Brasil avançou da 43ª posição (em 2021) para a 35ª com os dados atuais.
Apesar do aumento do contingente de médicos, o CFM aponta que ainda há um cenário de disparidade na concentração entre as capitais e cidades do interior. Segundo o estudo, 52,4% dos médicos estão nas 27 capitais, enquanto os demais 47,6% atuam nas mais de 5.000 cidades do interior.
A maioria dos profissionais se instalou nos estados do Sul e do Sudeste e nas capitais. O número de médicos na região Norte só supera o índice de países como Índia, África do Sul e Indonésia. Enquanto isso, no Sudeste, equivale ao patamar encontrado na Europa.
Dia do Médico remete a São Lucas
A escolha do 18 de outubro como o Dia do Médico no Brasil tem origem cristã: nela a Igreja Católica comemora o Dia de São Lucas, um santo que em vida teria sido médico e, por isso, é considerado protetor dos médicos.
São Lucas foi um dos quatro evangelistas do Novo Testamento.
Considerado patrono dos médicos desde o século 15, ele teria estudado medicina na Antioquia, cidade onde também teria nascido.
Mesmo sem provas documentadas, para a Igreja existem referências indiretas de que ele foi médico, sendo possível encontrar as principais delas na própria Bíblia. Segundo referências históricas, Lucas foi um médico bondoso, altruísta e que se dedicava aos seus pacientes.
No Brasil, a criação do Dia do Médico é atribuída a Eurico Branco Ribeiro, médico e jornalista paranaense, nascido em 1902.
*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha