Dia da Educação marca compromisso do Fórum Mundial

Com cerca de 2 milhões de adolescentes fora da escola, segundo o Unicef, Brasil enfrenta desafios para cumprir metas

O Dia Internacional da Educação é comemorado em 28 de abril. Nesta data, em 2000, no Fórum Mundial de Educação, realizado em Dacar, no Senegal, foi assinado por líderes de 164 países, entre eles o Brasil, o compromisso de garantir o desenvolvimento da educação no mundo. A Organização das Nações Unidas reconhece a educação de qualidade como um dos aspectos fundamentais para o desenvolvimento de crianças e adolescentes e para o combate às desigualdades sociais e de gênero.

Não por acaso, a educação constitui um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que devem ser implementados por todos os países até 2030. Educação de qualidade é a ODS-4, que visa assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Mas o Brasil tem ainda muitos desafios a vencer para cumprir o compromisso assinado no Fórum Mundial de Educação ou mesmo os determinados na ODS-4.

MUITOS FORA DA ESCOLA

Dados da pesquisa Educação Brasileira em 2022 – A voz dos adolescentes, divulgada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), servem para traçar um pouco do cenário. O levantamento realizado em agosto do ano passado ouviu estudantes de todas as regiões do país, entre 11 e 19 anos, que estão na rede pública de ensino e aqueles que não completaram o Ensino Médio.

O estudo apontou que 11%, que corresponde a 2 milhões desses adolescentes, não haviam completado a educação básica, que vai da Educação Infantil até o Ensino Médio. De acordo com o estudo, a exclusão escolar afeta, principalmente, os mais vulneráveis. Dos que não estão frequentando a escola, 4% pertencem à classe AB e 17% à classe DE, ou seja, quanto mais pobre, menor é a presença na escola.

Entre os que não frequentam a escola, quase metade (48%) afirma que deixou de estudar pela necessidade de trabalhar. O patamar de dificuldade de aprendizagem também é alto – 30% dizem que saíram da escola porque não conseguiam acompanhar as explicações e atividades.

Também aparecem como motivos para o abandono escolar: não retomada das aulas presenciais (29%); necessidade de cuidar de familiares (28%); falta de transporte (18%); gravidez (14%); desafios por apresentar algum tipo de deficiência (9%); racismo (6%), entre outros. Além disso, o risco de evasão entre os que frequentam a escola é alto: 21% desse grupo afirmou ter pensado em desistir dos estudos nos três meses que antecederam a pesquisa.

PROBLEMA NÃO ESTÁ NO ALUNO

Apesar das dificuldades, a maioria dos estudantes declarou estar feliz pelo retorno às aulas presenciais após a pandemia de Covid-19. Segundo a pesquisa, entre os que estão frequentando a escola pública, 84% afirmam estar interessados nos estudos, 71% se sentem animados e 70% estão otimistas com o futuro.