O Dia da Educação, celebrado em 28 de abril, serve como um momento para refletirmos sobre o estado da educação no Brasil e o papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento da sociedade. Instituído em 2000, durante o Fórum Mundial de Educação, em Dacar, no Senegal, esse dia convida a reconhecer a educação como um direito básico e como a chave para a construção de um futuro mais próspero e justo para todos. A educação no Brasil enfrenta diversos desafios, como a falta de professores, a evasão escolar e a baixa qualidade do ensino. É preciso que o governo e a sociedade civil se unam para encontrar soluções para esses problemas.
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Dia da Educação: quem dará aula para nossos estudantes?
Além dos já conhecidos desafios da repetência e da evasão escolar, agora o país está sob risco, se nada for feito, de não ter professores suficientes para lecionar na Educação Básica até 2040
Em 28 de abril de 2000, no Fórum Mundial de Educação, em Dacar, no Senegal, líderes de 164 países, entre eles o Brasil, assinaram o compromisso de garantir a educação para todos. Cumprir esse compromisso é urgente, uma vez que a educação de qualidade é um dos aspectos reconhecidos pela Organização das Nações Unidas como fundamentais para o desenvolvimento humano e para o combate das desigualdades. No entanto, no Brasil, que tem como patrono da educação Paulo Freire (1921-1997), educador pernambucano e autor da terceira obra mais citada em trabalhos de ciências humanas do mundo, "Pedagogia do Oprimido", a educação pede socorro.
O Censo da Educação, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgado em fevereiro deste ano, com dados levantados em 2020/2021, revela que o futuro da Educação Básica está ameaçado pela falta de professores. Pelo menos 58% dos alunos de licenciatura, destinada à formação de docentes, abandonam o curso antes de obter o diploma. É a maior taxa de abandono da última década.
"Essa alta taxa de abandono é alarmante. Isso reflete a desvalorização da carreira docente, da profissão de professor, sem contar as condições de trabalho que são desafiadoras", afirma Fernanda Aparecida Yamamoto, coordenadora de Projetos Educacionais do Senac São Paulo. De fato, se a tendência de abandono persistir até 2040, o país não terá professores suficientes para lecionar na Educação Básica.
Além disso, outros desafios já conhecidos permanecem. O Brasil tem mais de 68 milhões de pessoas acima de 18 anos que não concluíram a Educação Básica. Entre 18 e 24 anos, são mais de 4 milhões. A maior taxa de repetência e evasão escolar acontece no Ensino Médio, respectivamente 3,9% e 5,9%.
Para a reitora da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Amalia Andery, o cenário é preocupante. "Sem uma educação formal de qualidade não há possibilidade de um país, uma estrutura social, se manter como tal, e mais do que isso, avançar." Para a reitora, em relação a universalização do ensino, apesar de ainda haver desafios, o país deu passos importantes. "Na década de 1950, o brasileiro médio tinha três ou quatro anos de educação formal. Hoje esse indicador chega perto de 11 anos", diz.
Sem uma educação formal de qualidade não há possibilidade de um país, uma estrutura social, se manter como tal, e mais do que isso, avançar
Apesar da evasão escolar ainda presente houve avanços, na opinião de Amália, que ressalta que é preciso olhar também para a qualidade.
Para muitos especialistas, o ensino técnico, como parte do Ensino Médio, é uma solução que merece atenção no Brasil. Nesse aspecto, o censo mostrou evolução, com o crescimento das matrículas. De 1,9 milhão em 2019 para 2,37 milhões em 2023. Desse total, 1,3 milhão foram na rede pública e 1,07 milhão na rede privada.
Gerente executivo de Educação do SESI-SP, Roberto Xavier Augusto Filho acredita que a formação técnica e profissional é um aspecto importante que não deve ser deixado de lado, especialmente no Ensino Médio. "Países desenvolvidos, como Alemanha e Áustria, têm nessa modalidade de ensino um propulsor de suas economias", afirma.
*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha