Comemorado hoje, 28 de abril, o Dia da Educação de 2021 será marcado pelas grandes mudanças provocadas pela pandemia do coronavÃrus. Escolas, professores, alunos e pais tiveram que se adaptar a novos métodos pedagógicos, com o uso de tecnologia para viabilizar o ensino remoto. A necessidade de distanciamento, no entanto, mostrou a importância do espaço da instituição de ensino para interações sociais.
Desde o ano passado, a adoção do ambiente virtual levou universidades e escolas a treinar suas equipes para o uso de plataformas de ensino e orientar alunos e pais sobre como se organizarem para os estudos em casa.
"Exigiu criatividade dos professores para superar as limitações geradas pelo distanciamento e a descoberta de novas formas de interação com os alunos", diz Paulo Pozzebon, pró-reitor de graduação da PUC-Campinas (PontifÃcia Universidade Católica de Campinas). Os jovens tiveram de enfrentar desafios para se motivarem, se concentrarem e se organizarem. "A maior mudança, que também foi o maior prejuÃzo, foi a perda da convivência direta com outros jovens."
Instituições de ensino e professores buscaram diversificar seus métodos pedagógicos, mesclando o ensino tradicional e o uso de metodologias de aprendizagem ativa, com foco na participação do aluno. "Pode-se dizer que todos os professores sentiram a necessidade de diversificar um pouco suas técnicas pedagógicas para continuar com suas atividades", afirma o pró-reitor.
No Colégio Poliedro, que tem turmas de ensino fundamental, médio e pré-vestibular, o modelo virtual foi aperfeiçoado com o tempo. "Foi necessário treinar os professores, aumentar o engajamento dos alunos, diversificar as metodologias pedagógicas e formas de avaliação", conta Luis Gustavo Megiolaro, diretor-adjunto de Unidades Escolares.
A escola adotou o formato de encontros ao vivo, para manter o contato diário entre estudantes e professores, diminuiu o tempo das aulas expositivas e incluiu trabalhos online em grupo, jogos e atividades que colocam os alunos no centro da aprendizagem.
Os avanços tecnológicos do perÃodo ficam por conta do uso de plataformas virtuais de aprendizagem, bibliotecas virtuais, entre outros recursos e ferramentas. "Facilitam o trabalho de professores e de alunos e vão sendo aos poucos conhecidos e crescentemente adotados nas atividades letivas", explica Pozzebon.
Para Megiolaro, ficou mais fácil acompanhar a aprendizagem. "Antes, no presencial, meu sonho era saber se estavam entendendo, com a tecnologia é possÃvel saber. Termino a aula 15 minutos mais cedo, faço um quiz e consigo medir se o conteúdo transmitido foi realmente aprendido pelos alunos."
Na universidade, enquanto durar a pandemia, o ensino e a aprendizagem devem combinar aulas remotas, de ensino a distância (EaD) e atividades presenciais, como aulas práticas e estágios. "Estamos nos preparando para oferecer o chamado ensino hÃbrido (parte presencial, parte online), planejado, flexÃvel e orientado para o desenvolvimento da autonomia e do protagonismo do aluno", diz Pozzebon.
As dificuldades ainda existem, mas professores e alunos estão mais preparados, de acordo com Megiolaro. "Hoje temos o modelo online, mas isso depende da fase. Às vezes voltamos para a escola, com o formato hÃbrido, em esquema de revezamento. Apesar das constantes mudanças, estamos mais adaptados. O ano de 2020 foi de aprendizado, este ano está mais fácil."
Segundo Pozzebon, currÃculos mais flexÃveis, diferentes modelos pedagógicos, adoção de ferramentas tecnológicas de ensino e aprendizagem, digitalização de serviços administrativos e de registros acadêmicos e a busca por preços mais baixos vieram para ficar. "Qualidade nunca sai de moda e continuará a ser uma necessidade, cada vez mais demandada."
Para Megiolaro, a pandemia deixará dois grandes aprendizados. "O primeiro é quanto a escola faz falta na vida dos alunos. Eles sentem saudade. É mais do que a aula, é onde as relações humanas acontecem, é um espaço social. O outro legado é quanto a tecnologia pode aumentar o engajamento e o aprendizado dos alunos."
"Pode-se dizer que todos os professores sentiram a necessidade de diversificar um pouco suas técnicas pedagógicas para continuar com suas atividades"
Paulo Pozzebon, pró-reitor de graduação da PUC-Campinas