Mercado de trabalho valoriza aprendizado contínuo

Setor de tecnologia está entre os mais preocupados em conseguir trabalhadores com especialização

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Tudo muda muito rápido hoje em dia. Não por acaso essa frase é dita por todos os cantos. A grande maioria das áreas de trabalho vive transformações contínuas e exige profissionais atentos a esses processos de mudança e com know-how cada vez mais específico em seus campos de atuação.

"A graduação não é mais suficiente para se preparar para o mercado de trabalho. Por exemplo, na administração há técnicas específicas e é necessário se aprofundar nelas se você está no começo de carreira. Há também o fator da velocidade das mudanças. Não é um chavão, é a realidade: a sociedade e o mercado profissional passam por fortes modificações com o uso intensivo da tecnologia, o uso de dados e a digitalização dos negócios", diz Mauricio Jucá de Queiroz, diretor acadêmico da FIA (Fundação Instituto de Administração).

Um estímulo mais claro para incrementar a formação está na falta de mão de obra especializada no Brasil em diversos setores. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que as empresas têm déficit de trabalhadores mais qualificados, o que impacta a inovação e a competitividade.

Vendas e marketing, administração, produção, além de pesquisa e desenvolvimento estão entre as áreas mais citadas no levantamento e que estão à procura de profissionais. E na visão da própria CNI um dos grandes problemas é a baixa escolaridade. Quem tem capacitação se habilita para ocupar esses espaços vazios no mercado.

Mas poucos setores estão mais preocupados em conseguir trabalhadores com especialização do que o tecnológico. Áreas como inteligência artificial, desenvolvimento de software, segurança da informação e privacidade de dados só tendem a crescer e precisam de pessoas qualificadas. O mercado de tecnologia da informação deve criar 264 mil vagas em 4 anos, estima a Brasscom, entidade do setor.

"Termos como big data, análise de dados e inteligência artificial quase não eram mencionados em um passado recente e ainda estão em fase de expansão. É necessário fazer cursos para estar a par do que ocorre nessas áreas. A pós-graduação ocupa um espaço importante. Quem tem essa qualificação posterior à graduação vai ter melhores oportunidades, é inevitável. É muito difícil um profissional daqui a 10, 15 anos sem uma formação em análise de dados", diz Queiroz, da FIA.

E, tradicionalmente, mais qualificação representa renda maior e mais possibilidade de permanecer empregado. Relatório divulgado em setembro do ano passado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que, no Brasil, pessoas de 25 a 64 anos com ensino superior ganhavam 144% a mais do que trabalhadores com apenas ensino médio concluído.

Já um estudo publicado em março deste ano pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas, apontou que um grau maior de escolarização representou mais proteção contra os efeitos da pandemia do novo coronavírus no mercado de trabalho. São funções em áreas como administração, tecnologia da informação e serviços financeiros que possuem mais capacidade de adaptação ao trabalho remoto.