Confira dicas para estudantes que estão no fim do ensino médio

Especial mostra que planejar a carreira é diferencial para mercado cada vez mais acirrado

Arte para o caderno especial gradução/pós

Arte para o caderno especial educação Henrique Assale

Planejar o futuro, escolher a faculdade ideal, o curso e a profissão que deseja seguir. Essas são apenas algumas das decisões que os estudantes do final do ensino médio precisam tomar. E quando essa decisão afeta o bolso? Aí é preciso buscar alternativas: financiamento, bolsa de estudos...

Importante também refletir sobre quais são os objetivos de longo prazo na carreira escolhida. Para isso, atualização, aprimoramento, complementação da formação acadêmica, desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais devem entrar na mira dos estudantes para que a jornada renda bons resultados.

Neste caderno, você verá que as pós-graduações são um diferencial em um mercado de competição cada vez mais acirrada. Mas decidir qual o melhor formato e que tipo de curso atende às necessidades da carreira é uma pergunta que exige pesquisa e informação.

Leia mais sobre essas questões a seguir

1 - Enem ou vestibular?

Quem deseja conquistar uma vaga no ensino superior deve prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o vestibular das faculdades de seu interesse. "Principalmente, para áreas muito concorridas, como Medicina, o ideal é participar de todos os processos possíveis e deixar a escolha para depois", orienta Antônio Freitas, pró-reitor da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O Enem é um exame aceito pelas universidades federais e pelas Instituições de Ensino Superior (IES) privadas, que reservam parte ou a totalidade de suas vagas para selecionar alunos por meio da nota dessa prova. Há ainda algumas instituições que oferecem vagas pelos dois sistemas, vestibular e Enem, como o Instituto Militar de Engenharia (IME), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a FGV.

As notas do Enem também são utilizadas em processos seletivos de instituições de ensino superior de países como Portugal, França, Irlanda, Reino Unido e Canadá. Portanto, é um exame importante para quem tem planos de fazer a graduação fora do país.

O conteúdo da prova do Enem tem como base a grade do ensino básico, definida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A prova do vestibular segue as especificidades de cada instituição de ensino e até de cada curso. Algumas escolas, inclusive, entrevistam os candidatos.

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Henrique Assale

2 - Financiamento?

Se está difícil arcar com os custos da graduação, você pode lançar mão de programas educacionais e créditos educativos. O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do Ministério da Educação, para estudantes de baixa renda, é um dos mais conhecidos.

O Fies pode financiar o valor total ou parte da mensalidade de uma faculdade privada, com base no perfil socioeconômico do candidato. O pagamento acontece depois da conclusão do curso.

Outra iniciativa do Ministério da Educação é o Programa Universidade para Todos (Prouni), que concede bolsas de estudo integrais e parciais em faculdades particulares para estudantes que não têm condições de pagar. Em caso de bolsa integral, o aluno não precisará arcar com qualquer valor. Se for parcial, pagará a diferença entre o valor da bolsa e a mensalidade integral.

Os financiamentos privados também podem ser uma alternativa. Cada um com seus requisitos e condições próprias, são concedidos por alguns bancos e outras instituições financeiras. Algumas universidades privadas também possuem modalidades de financiamento, além de bolsas de estudo.

3 - Presencial ou a distância?

Estar em uma sala de aula tradicional ou virtual não interfere na qualidade do curso, desde que alunos e professores estejam adaptados e à vontade com cada uma das modalidades. "Para o mercado de trabalho não faz qualquer diferença se você fez uma graduação ou pós-graduação presencial ou online. Inclusive essa informação não estará em seu certificado", afirma Wilton Arruda, coordenador de pós-graduação das Universidades UNG e Univeritas/UNG.

Independentemente da modalidade, ao fazer a escolha do curso, o aluno deve estar atento à reputação da instituição, conversar com outras pessoas que já tenham realizado o curso, verificar se o programa está alinhado a suas expectativas e objetivos profissionais e de carreira.

O curso online é mais flexível em termos de horários para quem tem uma agenda que o impede de assistir aulas presenciais em horários fixos. Mas essa liberdade das aulas virtuais pode ser um desafio se você não for organizado para dar conta do conteúdo e cumprir os prazos. "O importante é estudar e, qualquer que seja a modalidade escolhida, o que vai fazer a diferença é sua dedicação", diz Arruda.

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4 - O que o mercado valoriza?

Conhecimento técnico ainda é importante, mas cada vez mais as empresas estão de olho nas soft skills, aquelas habilidades comportamentais essenciais para transitar confortavelmente em ambientes em transformação. "São profissionais que se destacam pela boa comunicação, ficam à vontade no mundo digital, trabalham muito bem em equipe, têm capacidade analítica", afirma Renata Giovinazzo Spers, professora do Departamento de Administração da FEA-USP.

A capacidade analítica tornou-se uma habilidade fundamental em todas as áreas. "O profissional precisa saber resolver problemas, com base em sua experiência e na análise de dados", ressalta João Pinheiro de Barros Neto, professor do curso de Administração e coordenador do curso de extensão Liderança Aplicada da PUC-SP.

Em um mundo em que a experiência e o perfil de solucionador de problemas estão sendo cada vez mais valorizados, já não é mais suficiente ter no currículo o nome de uma boa faculdade, acompanhado de muitos outros cursos. Portanto, para quem busca o primeiro emprego é importante revelar iniciativas como trabalhos voluntários, participação em projetos extracurriculares, uma ação realizada para solução de um problema no bairro onde mora, com seus respectivos resultados.

5 - Como turbinar a carreira?

Investir em você é a melhor maneira de turbinar a carreira. Para isso, é essencial ter uma estratégia alinhada à sua realidade atual e aos planos para o futuro.

Atualização constante por meio de cursos, leitura, participação em eventos, bom uso dos meios digitais e atenção a novas oportunidades fazem parte do pacote, assim como o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

"Uma pessoa feliz na vida pessoal tende a ter uma conexão maior com sua carreira, disposição e segurança para viver novos desafios", afirma Luciene Dourado de Melo, da área de Recursos Humanos das Universidades UNG e Univeritas/UNG.

O desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais auxilia o profissional a ocupar posições mais elevadas e a ampliar as possibilidades de atuação, segundo a professora do Núcleo de Estudo em Organizações e Pessoas da FGV-EAESP, Vanessa Cepellos. Também é importante manter uma rede de contatos atualizada e ativa. "Interagir com pessoas, ter acesso a diferentes ideias só contribui para o crescimento pessoal e profissional e pode gerar oportunidades interessantes", diz Cepellos.

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6 - Carreiras do futuro?

Todas as áreas do mercado estão experimentando um forte impacto de tecnologias como inteligência artificial, realidade virtual e economia digital. "As carreiras do futuro já começaram", afirma Diogo Cortiz, coordenador do curso de Design da PUC-SP. "A inteligência artificial e a ciência de dados, por exemplo, estão crescendo muito desde o ano passado e não chegaram nem perto ainda de todo o seu potencial."

O design de interação é uma das novas carreiras que tem ganhado força. É esse profissional que desenvolve, entre outras coisas, a interface necessária entre as novas tecnologias e as pessoas para que elas possam usufruir seus benefícios no dia a dia.

Para entender esse mundo novo e principalmente as pessoas (consumidores e clientes) uma ferramenta tradicional, a pesquisa, se uniu ao design e a área de Pesquisa em Design passou a fazer parte da estrutura das empresas.

E outras novas demandas vão surgir, como antropólogos de inteligência artificial; profissionais em governança de inteligência artificial; especialistas em privacidade. A tendência é valorizar profissionais interdisciplinares mais do que o especialista em uma única área.

7 - Teste vocacional?

Muitos estudantes ficam em dúvida sobre qual curso prestar ou em qual área querem trabalhar. Nessa hora, os testes vocacionais podem ser um bom aliado para ajudar na decisão.

O teste vocacional é uma das ferramentas que podem ser utilizadas dentro de um processo de orientação profissional, explica André Novaes, coordenador de Psicologia da Univeritas/UNG. "O autoconhecimento é o caminho para fazer a escolha profissional e o teste vocacional auxilia a eliminar algumas dúvidas."

O especialista recomenda que a escolha profissional seja feita com calma, respeitando o processo de desenvolvimento de cada um.

É importante retirar o peso de que se está fazendo uma escolha para o resto da vida. Esse sentimento é comum na fase da primeira escolha profissional, ao fim do ensino médio. A realidade, no entanto, é outra. "Saber que podemos escolher hoje e, depois, se for necessário, mudar o rumo facilita muito", afirma Novaes.

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8 - Tipos de pós-graduação

Quem quer continuar estudando após a graduação na universidade deve ficar atento às várias opções e o que cada uma delas oferece. Existem vários tipos de pós-graduação. As stricto sensu (mestrado e doutorado) e as lato sensu (especializações, o que inclui MBAs).

Quem opta pelo mestrado e doutorado geralmente quer seguir carreira acadêmica, como professor ou pesquisador, mas o mercado também tem absorvido esse tipo de profissional nos últimos anos.

O MBA (mestre em administração de negócios) é um curso interessante para quem deseja se aprofundar, atualizar ou mesmo mudar de área, segundo Mario Pinto, diretor de Ensino Superior da Escola de Negócios e Seguros. "O MBA permite acompanhar as necessidades do mercado. Hoje precisamos transitar por diversas áreas, como sustentabilidade, dados, gestão", afirma o diretor, que faz um MBA em gestão de dados.

Renata Giovinazzo Spers, professora do Departamento de Administração da FEA-USP, recomenda o MBA para profissionais em início de carreira, mas já com uma bagagem de três a cinco anos de atuação no mercado. "É uma pós-graduação em que os alunos precisam trocar experiências e vivências", justifica.

Para profissionais que fizeram ou pretendem fazer o MBA no exterior, uma dica importante: em outros países, o MBA equivale a um mestrado e ao concluir o curso o aluno pode partir para um doutorado se quiser. O mesmo não acontece no Brasil, onde o MBA é uma pós-graduação lato sensu que não permite que o aluno faça direto o doutorado, mesmo que tenha feito o curso no exterior.

9 - Mestrado profissional ou acadêmico?

Você fez pós-graduação e agora quer fazer um mestrado. Nessa etapa de sua formação, vai encontrar duas modalidades: o mestrado profissional e o acadêmico. Ambos têm, no mínimo, dois anos de duração e ao concluir você terá o título de mestre e poderá fazer um doutorado, se pretende dar continuidade à sua formação.

O mestrado acadêmico está voltado à formação de pesquisadores e docentes que desejam fazer carreira no ensino superior. O mestrado profissional, por sua vez, além da pesquisa, tem uma parte voltada para a atuação nas empresas.

A escolha entre os dois está relacionada à visão de carreira de cada um, explica Renata Giovinazzo Spers, professora do Departamento de Administração da FEA-USP. "Se você deseja uma aproximação com o mundo acadêmico no futuro, mas sem abandonar a carreira corporativa, o mestrado profissional é o indicado. Mas se você já tem certeza de que vai se dedicar exclusivamente à pesquisa e ensino, a escolha deve ser o mestrado acadêmico", afirma.

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10 - Graduação no exterior?

Para quem tem o sonho de fazer uma graduação no exterior, a primeira recomendação é refletir sobre suas expectativas, saber exatamente o que quer para evitar frustrações. Depois, vem a pesquisa sobre as instituições e o respectivo país onde planeja estudar. É importante entender o processo de admissão, que é muito diferente do praticado no Brasil, e o que cada instituição tem a oferecer.

As instituições no exterior avaliam o perfil do candidato de maneira mais ampla, além do desempenho acadêmico. Elas querem conhecer o aluno, interesses, conquistas, características pessoais etc.

Além de dados cadastrais, histórico escolar do ensino médio, certificação e teste de idiomas, você terá que fazer redações sobre sua trajetória pessoal e entrevistas.

Selecione as universidades que se encaixam em suas expectativas, entenda bem o processo de admissão e comece a se preparar. Invista em seus pontos fracos e melhore ainda mais seus pontos fortes.

Um dado importante é que, se você prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sua nota pode ser considerada para o ingresso em um curso de graduação no exterior. A parceria formal existe entre o Brasil e Portugal, mas instituições de outros países, como Inglaterra, França, Irlanda e Canadá, também aceitam a nota do Enem.