Mineradoras de MG adotam disposição a seco de rejeitos para eliminar barragens

FIEMG acompanha empresas na adoção de sistema que garante segurança para trabalhadores, comunidades e meio ambiente; AngloGold Ashanti implantará modelo em todas as suas unidades até o final de 2022

A indústria da mineração promove investimentos robustos para descaracterizar as barragens de rejeitos com método construtivo a montante em Minas Gerais, inclusive com a adoção de novas tecnologias que tornam o processo mais sustentável e seguro.

De acordo com o presidente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Flávio Roscoe, as principais empresas do setor investiram R$ 16,7 bilhões nos últimos três anos em segurança, tecnologia de filtragem e descaracterização das barragens a montante.

A FIEMG orienta e acompanha os esforços das mineradoras na eliminação das barragens desse tipo no estado. Segundo Roscoe, há 48 estruturas do gênero em território mineiro, sendo que 17 já foram descaracterizadas. A maioria estará fora de operação até 2025, e todas até 2035.

"Isso custa muito dinheiro e o setor só não investiu mais porque a técnica de descaracterização das barragens exige tempo. Fazer algo açodado em barragens muito grandes, aí, sim, compromete a segurança", afirma o executivo. O presidente da FIEMG destaca que as mineradoras estão comprometidas com as descaracterizações.

Cada barragem tem características diferentes de estrutura e segurança, por isso parte delas exige mais tempo para a descaracterização. Neste caso, mais rápido não é sempre mais seguro. No entanto, as empresas monitoram os sítios e realizam obras emergenciais, quando necessário.

Uma das soluções de descaracterização adotadas no estado é a tecnologia de disposição a seco de rejeitos. No processo convencional, os dejetos do beneficiamento de minérios misturados à água são depositados diretamente em reservatórios, chamados de barragens.

Na disposição a seco, o material é filtrado e o líquido, drenado. A água é reutilizada na mineração ou tratada e reintegrada ao meio ambiente, e os rejeitos são empilhados ou usados para o preenchimento de cavas.

A estrutura deixa de ser uma barragem. O terreno que abriga os rejeitos secos fica estável, seguro e reintegrado ao meio ambiente e relevo. Portanto, esse tipo de operação garante a segurança aos trabalhadores e comunidades e a sustentabilidade ambiental.

PLANO DA ANGLOGOLD

A AngloGold Ashanti é uma das mineradoras que utilizam o método de disposição a seco. A empresa pretende que todas as suas unidades de produção de ouro em Minas Gerais estejam com o novo sistema implantado até o final de 2022.

A companhia planeja parar completamente de mandar material da maneira convencional para suas áreas de deposição até o fim do ano, eliminando assim as barragens.

"A implementação da nova metodologia de disposição a seco de rejeitos em todas as unidades da AngloGold Ashanti reforça o compromisso da companhia com a utilização de tecnologias mais modernas e a busca por soluções para dispor os rejeitos de forma cada vez mais eficiente", diz Lauro Amorim, vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da AngloGold Ashanti Brasil.

Em setembro de 2021, a Mineração Serra Grande, em Crixás (GO), foi a primeira unidade da empresa a ter a disposição convencional 100% substituída pelo método a seco. O mesmo processo está em andamento nas minas Cuiabá, em Sabará, Planta do Queiroz, em Nova Lima, e Córrego do Sítio, em Santa Bárbara, todas em Minas Gerais.

Somente em 2021, a companhia investiu R$ 765 milhões no projeto de mudança na forma de disposição de dejetos. O pico das obras de implementação da metodologia gerou cerca de 2 mil empregos nas cidades onde a mineradora atua e é considerado um dos mais importantes atualmente na companhia.

Além de mais segurança para os trabalhadores, comunidades e meio ambiente, a iniciativa promete deixar um legado de sustentabilidade. É que as barragens serão gradualmente descomissionadas, descaracterizadas, revegetadas com plantas nativas e reintegradas ao meio ambiente.

Mesmo com a descaracterização, a AngloGold Ashanti continua a monitorar diariamente as suas barragens, que seguem seguras e estáveis, passam por vistorias e inspeção periódicas e estão devidamente licenciadas pelo órgão ambiental competente.

Com 188 anos de atuação, a AngloGold Ashanti é a indústria de mineração que há mais tempo opera no Brasil. Seu programa de descarte a seco de rejeitos é considerado um exemplo ímpar das iniciativas que as mineradoras estão implementando em Minas Gerais para garantir segurança em suas unidades, com boas práticas de engenharia e sustentabilidade.