Mais letal que o de mama, câncer de ovário se desenvolve sem sintomas

Dia mundial dá destaque à doença e à importância do diagnóstico precoce, que eleva as chances de cura e a qualidade de vida das pacientes

Uma doença silenciosa e que costuma ser descoberta já em estágio avançado exige todos os esforços de conscientização. Por isso, no dia 8 de maio, Dia Mundial do Câncer de Ovário, é importante dar visibilidade à doença e ao fato de que descobri-la ainda no início pode ser decisivo para a vida da mulher.

"Infelizmente, de cada dez pacientes, só duas têm diagnóstico precoce. Nas outras, a doença já está muito avançada, envolvendo o peritônio. Quando o diagnóstico é precoce, a cura, em geral, fica em torno de 80% a 90%1, com o uso de poucos tratamentos", explica o oncologista Fernando Maluf, do Instituto Vencer o Câncer (Ivoc).

Embora tenha uma prevalência menor se comparado ao de mama, o câncer de ovário é três vezes mais letal2, apresenta pior prognóstico e maior taxa de mortalidade3. Até 2040, o número de mortes no mundo em decorrência desse tipo de câncer aumentará significativamente4. Todos esses índices têm relação direta com o desenvolvimento assintomático e secreto do tumor.

No Brasil, o câncer de ovário é o segundo tipo de neoplasia ginecológica mais frequente, atrás apenas do câncer de colo do útero5. Cerca de 75% dos diagnósticos deste tipo de doença são feitos tardiamente, quando ela já afetou outros órgãos6.

Diferentemente do câncer de mama, que pode ser descoberto por mamografia e ultrassom, ou do de colo de útero, com o papanicolau, o de ovário não possui um teste específico. Os dois exames mais utilizados para a pesquisa desse tipo de tumor são o ultrassom transvaginal, que pode detectar uma massa no ovário, mas não sua malignidade, e o exame de sangue do marcador CA-1257, que não é específico para câncer de ovário e não faz o diagnóstico isoladamente.

"Os sintomas mais comuns de câncer de ovário envolvem a região do peritônio: dor e aumento do volume abdominal, alteração do hábito intestinal ou urinário, náuseas e vômitos, além de cansaço. Ocasionalmente, pode haver sangramento vaginal e, também, edemas nas pernas. Quando o câncer avança além da cavidade abdominal, o primeiro lugar que costuma atingir é a pleura, e, em geral, a paciente sente dor ao respirar, falta de ar e tosse", elenca o oncologista.

O inchaço abdominal foi o sintoma da estudante de saúde pública Anne Carrari. Ela tinha 40 anos e três filhos quando descobriu um câncer de ovário já avançado. "Eu era saudável, me cuidava, até porque na minha família havia histórico de câncer. Sentia um inchaço persistente na barriga, mas não tinha dor. Fui a três médicos e me receitaram só antigases. Foi algo progressivo e chegou ao ponto de eu não conseguir fechar a calça. Parecia uma barriga de seis meses de gestação, com um peso no baixo ventre. Foi quando procurei um pronto atendimento", relembra.

No hospital, foi detectada a presença de líquido em sua cavidade abdominal e, após uma tomografia, ela recebeu um diagnóstico de câncer em estágio 4, já com nódulos no peritônio e comprometimento do fígado. Desde então, há seis anos, ela faz tratamento, tornou-se voluntária do Oncoguia e criou uma página no Instagram para conscientização da doença.

A mensagem dela para outras pacientes recém-diagnosticadas é buscar informação de qualidade e se associar a instituições e grupos de pacientes. "Informação é poder. A internet nem sempre está correta, principalmente sobre câncer. Falar com outras pessoas que tenham o mesmo problema é muito bom também, porque mostra que você não está sozinha. Por mais que a família queira ajudar é difícil ter noção do que é a doença, de como é viver com ela."

“Independentemente do estágio da doença no momento do diagnóstico, é preciso garantir o tratamento correto no tempo certo. Dessa forma, temos mulheres vivendo mais e melhor, priorizando o que importa para elas”, afirma Luciana Holtz, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia.

"Exercício físico, dieta adequada, combate à obesidade são fatores importantes para prevenção da doença", afirma o oncologista.

O tratamento em geral inclui cirurgia para a retirada de tecido e quimioterapia, além de terapia-alvo com inibidores de PARP8. "Para as pacientes que têm mutação de BRCA1 ou 2 e que não desejem ter mais filhos, pode ser recomendada uma cirurgia para a retirada preventiva dos ovários e trompas9", completa Maluf.

GSK expande atuação em Oncologia e investe em pesquisa nacional

O câncer é a principal causa de morte em boa parte do mundo, e a previsão é que a incidência em países como o Brasil possa aumentar até 70% nas duas próximas décadas10. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), serão aproximadamente 625 mil novos casos por ano no país até 202211 e a pandemia de Covid-19 pode contribuir para esse número aumentar, pois há a expectativa de que 50 mil novos casos não sejam diagnosticados, devido ao afastamento das pessoas dos serviços de saúde12.

Por outro lado, as pesquisas para tratamento e respostas terapêuticas completas de diversos tipos de câncer avançam e trazem esperança no futuro. Terceira maior multinacional farmacêutica no país, a GSK está em plena expansão de sua atuação em Oncologia e, com tecnologias inovadoras, busca tratamentos de ponta para combater a doença.

Neste momento de expansão, a Anvisa aprovou uma terapia oral para o tratamento de manutenção do câncer de ovário.

A farmacêutica britânica aposta no Brasil e direciona recursos para promover pesquisas e desenvolvimento em território nacional. São oito estudos clínicos envolvendo 59 centros de pesquisa e 144 participantes, além de dois programas de acesso expandido.

“Temos uma história de mais de 110 anos ajudando milhares de pessoas no Brasil. Essa expansão do nosso portfólio em Oncologia está focada em fornecer cada vez mais medicamentos transformacionais e inovadores para necessidades ainda não atendidas. Acreditamos em alavancar o poder da ciência orientada às pessoas e baseada em tecnologia”, afirma José Carlos Felner, presidente da divisão Farmacêutica da GSK Brasil.

Outra iniciativa é o projeto Trust in Science, que, em parceria com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), patrocinará um centro de estudos em novos alvos terapêuticos para Oncologia. O apoio terá duração de até cinco anos, com possibilidade de renovação.

"A ideia é estimular a pesquisa básica para Oncologia e a ciência no país. A GSK escolheu o Brasil para essa iniciativa. Vamos oferecer também a estrutura e a parceria de troca de informações com nossos cientistas, extremamente experientes. A intenção é chegar a novos dados moleculares e ao desenvolvimento de novas terapias", afirma Vanessa Fabrício, diretora médica de Oncologia da GSK.

REFERÊNCIAS

1. Survival Rates for Ovarian Cancer. Disponível em https://www.cancer.org/cancer/ovarian-cancer/detection-diagnosis-staging/survival-rates.html.

2. Yoneda, Atsuko et al. “Breast and ovarian cancers: a survey and possible roles for the cell surface heparan sulfate proteoglycans.” The journal of histochemistry and cytochemistry : official journal of the Histochemistry Society vol. 60,1 (2012): 9-21. doi:10.1369/0022155411428469. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22205677/.

3. Coburn, S B et al. “International patterns and trends in ovarian cancer incidence, overall and by histologic subtype.” International journal of cancer vol. 140,11 (2017): 2451-2460. doi:10.1002/ijc.30676. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28257597/.

4. Bray, Freddie et al. “Global cancer statistics 2018: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries.” CA: a cancer journal for clinicians vol. 68,6 (2018): 394-424. doi:10.3322/caac.21492. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30207593/.

5. Instituto Nacional de Câncer. Câncer de ovário. Disponível em https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-ovario.

6. Instituto Vencer o Câncer. Notícias Ovário. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/noticias-ovario/75-dos-diagnosticos-de-cancer-de-ovario-chegam-tardiamente/?catsel=tipos-de-cancer#:~:text=Silencioso%2C%20com%20poucos%20sintomas%20e,se%20espalhou%20para%20outros%20%C3%B3rg%C3%A3os.

7. American Cancer Society. Can Ovarian Cancer Be Found Early? Disponível em https://www.cancer.org/cancer/ovarian-cancer/detection-diagnosis-staging/detection.html.

8. Oncoguia - Terapia-alvo para câncer de ovário. Disponível em http://www.oncoguia.org.br/conteudo/terapia-alvo-para-cancer-de-ovario/6055/230/. Acesso em 29 de abril de 2021.

9. Domchek SM, Friebel TM, Singer CF, et al. Association of Risk-Reducing Surgery in BRCA1 or BRCA2 Mutation Carriers With Cancer Risk and Mortality. JAMA. 2010;304(9):967–975. doi:10.1001/jama.2010.1237. Disponível em https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/186510. Acesso em 29 de abril de 2021.

10. Sung H, Ferlay J, Siegel R, et al. Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA: A Cancer Journal for Clinicians, (2021).Disponível em https://acsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.3322/caac.21660. Acesso em 03 de maio de 2021.

11. AGÊNCIA BRASIL. Brasil terá 625 mil novos casos de câncer por ano até 2022, diz Inca. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-02/brasil-tera-625-mil-novos-casos-de-cancer-por-ano-ate-2022-diz-inca

12. IBCC Oncologia. Pandemia leva a adiamento de exames e diagnóstico de câncer pode passar a ser tardio. Disponível em: < https://ibcc.org.br/pandemia-leva-a-adiamento-de-exames-e-diagnostico-de-cancer-pode-passar-a-ser-tardio/ >. Acesso em 29 de abril de 2021

NP-BR-ON-JRNA-210001 – Abril/2021