Quando criança, Ronaldo Correia de Brito ficava fascinado ao observar as mulheres que trabalhavam na torrefação do café. "Elas sabiam a temperatura exata, quando o grão estava no ponto", lembra. Essa memória de sua infância no sertão do Ceará foi transportada para o seu novo livro "A Arte de Torrar Café – Narrativas Além da Ficção", que acaba de lançar pela editora Objetiva.

No livro, o escritor faz um paralelo entre a torra do café e a escrita. "Assim como existe o ponto certo para torrefação do café, para se alcançar o sabor do café, existe um ponto para finalizar uma narrativa...", afirmou o escritor, que participou do podcast "Café & Literatura: um bate papo sobre o desfrutar do tempo", uma parceria do Estúdio Folha e Nescafé. O podcast está disponível em todas as plataformas da Folha.

Conduzido pela jornalista Silvia Corrêa, o programa abordou as várias facetas do escritor, que também é médico e já publicou, além de crônicas, contos, peça de teatro, um infantojuvenil e romances, o mais recente "Dora sem Véu", de 2018, além de "Galileia", que foi o vencedor do prêmio São Paulo de Literatura, em 2008, e traduzido para espanhol, francês, italiano e hebraico. Clique aqui para escutar o programa.

Ronaldo lembrou da importância de se respeitar o tempo e associou essa pausa, esse respiro ao café. "O café, no sertão, é algo vital, não é o que se toma apressado para se atingir um ponto de estar acordado. É algo a ser degustado. A gente senta e diz: "Vamos tomar um café", lembrou o cearense, radicado no Recife.

A pausa para o café, como citou o escritor, é uma das prioridades dos brasileiros, como mostra uma pesquisa realizada pela Nescafé que ouviu cerca de mil pessoas, de 18 a 65 anos, de todas as regiões do país.

A mais recente e extensa investigação sobre o consumidor brasileiro de café especial, categoria mais alta quando se trata de qualidade em cafés, aponta, por exemplo, que 52% dos entrevistados aproveitam a pausa do café para desconectar e relaxar (veja quadro).

A relação de respeito ao café levou o escritor Ronaldo Correia de Brito a ter sua própria plantação. Ele também aproveita suas viagens para experimentar outros cafés. No podcast "Café & Literatura: um bate papo sobre o desfrutar do tempo", ele lembrou de uma viagem a Paris, quando fez questão de tomar café no mesmo lugar que era frequentado pelo escritor e filósofo Jean-Paul Sartre. E ele gostou? Só ouvindo o programa para saber.​