Escolas e creches de São Paulo servem 2,3 milhões de refeições por dia

Merenda distribuída pela Prefeitura, que recebeu prêmio internacional, alimenta mais de 1 milhão de alunos da rede municipal

Aluna durante almoço servido na EMEF Padre Antonio Vieira, na zona leste de São Paulo

Aluna durante almoço servido na EMEF Padre Antonio Vieira, na zona leste de São Paulo Daniel Cunha /SME

Premiada em nível internacional, a merenda distribuída pela Prefeitura de São Paulo alimenta mais de 1 milhão de alunos da rede municipal de ensino. Diariamente, são distribuídas 2,3 milhões de refeições nas escolas e creches. É o mesmo que oferecer uma refeição por dia a toda a população de um estado como Sergipe.

Para garantir variedade e riqueza nutricionais, a Secretaria Municipal de Educação distribuiu no ano passado mais de 10 mil toneladas de alimentos não-perecíveis, como arroz, feijão, macarrão e grãos, entre outros itens; 2.000 toneladas de carne bovina, frango e filé de tilápia; e 12 mil toneladas de frutas, legumes, verduras e ovos.

Devido a esse alto valor nutritivo, a merenda em São Paulo recebeu no ano passado o prêmio internacional C40 Cities Bloomberg Philanthropies Awards, na categoria "Unidos para Inovar".

O cuidado com o alimento servido começa bem antes de chegar aos pratos dos alunos. O armazenamento é feito em quatro galpões, sendo um destinado para alimentos secos, um para congelados e dois para hortifrúti.

Os alimentos são recebidos por especialistas que garantem o manuseio e o armazenamento corretos. Outra medida de controle são fiscalizações e vistorias constantes nos locais.

Nutricionistas determinam a variedade. Além de arroz e feijão, no caso de grãos, o cardápio traz produtos como lentilha e grão-de-bico. Com relação a proteínas animais, são oferecidas de quatro a nove porções de carne bovina, suína, de frango ou peixe por semana.

"A qualidade da merenda é muito boa. Meu filho Enzo tem 10 anos, está no 5º ano e estuda à tarde. Sai da escola alimentado. Em casa, só preciso dar um lanchinho antes de ele dormir", afirma Ana Vitor da Silva, cujo filho estuda na Escola Municipal Profa. Maria Antonieta D’Alkimin Basto, na Vila Olímpia.

Mãe de aluno da EMEF Coelho Neto, na zona leste de São Paulo, retira cesta básica - Marcelo Pereira/Secom

O cardápio da merenda paulistana prioriza a oferta de alimentos in natura e minimamente processados, de acordo com as diretrizes nutricionais estabelecidas pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). São alimentos mais saudáveis, sem adição de conservantes ou açúcares.

Se o estudante tiver restrições ou intolerâncias alimentares, tem direito a dieta especial, mediante a apresentação de laudo médico.

"Minha neta adora. Come salada, toma suco e tem fruta de sobremesa. Sei que para muitas daquelas crianças a escola fornece a refeição mais completa que ela vai ter no dia", diz Maria Amália Colombo, avó de Ana Júlia, de 8 anos, que estuda na Escola Municipal Prof. Nelson Pimentel Queiroz, na Vila Guarani.

A composição das refeições é organizada a partir do tempo de permanência dos alunos na unidade escolar. Quanto mais tempo na escola, mais refeições são servidas.

AGRICULTURA FAMILIAR

Para compor as refeições, a Prefeitura prioriza itens da agricultura familiar e produtores locais, o que movimenta a microeconomia. No ano passado, foram investidos 39,56% da receita do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) destinado para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) na aquisição de itens da agricultura familiar.

É acima do que determina a lei, de 2009, que obriga que pelo menos 30% dos recursos sejam utilizados dessa forma. Em números absolutos, a compra ficou em R$ 95,2 milhões.

Entre os itens adquiridos de pequenos produtores estão arroz, feijão preto, banana, doce de banana, maçã, farinha de mandioca, fubá, milho de pipoca, molho de tomate, sucos, carne suína e filé de tilápia.

As compras da agricultura familiar foram realizadas em 38 organizações. Dessas, metade estava localizada em 14 cidades no estado de São Paulo, respeitando a diretriz de priorização dos fornecedores locais.

Famílias de estudantes carentes recebem cestas básicas

A política de segurança alimentar em relação aos alunos e crianças nas creches também é uma preocupação da Prefeitura de São Paulo durante o recesso escolar.

Para o período de férias, que será de 10 a 21 de julho, serão distribuídas neste mês de junho mais de 430 mil cestas básicas para estudantes da rede municipal. Serão beneficiados os alunos inscritos no CadÚnico (Cadastro Único) de famílias que estejam em situação de maior vulnerabilidade.

A entrega será feita por meio das escolas onde o aluno está matriculado. Cada cesta básica pesa, aproximadamente, 12 quilos. Há itens como arroz, feijão, leite em pó, farinha de milho flocada, óleo de soja, sal, macarrão, extrato de tomate e sardinha em óleo.

A distribuição das cestas aos estudantes dos Movimentos de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova) ocorre nas Diretorias Regionais de Educação (DREs).

O atendimento é feito com o intuito de garantir a segurança alimentar dos alunos no período de recesso escolar (entre 10 e 21 de julho). Também está em consonância com a lei municipal 17.819/2022, que define o Programa de Segurança Alimentar e Nutricional no Município de São Paulo.

A Secretaria Municipal de Educação ainda fornecerá três refeições diárias, sendo café da manhã, almoço e lanche da tarde, durante a programação da 42ª edição do Recreio nas Férias, também entre os dias 10 e 21 de julho. O programa oferece atividades de esporte, lazer e recreação para as crianças pela cidade de São Paulo em 64 polos participantes.

Cozinha vira sala de aula em escola da zona leste

Na EMEF Padre José de Anchieta, na zona leste de São Paulo, a cozinha é transformada em sala de aula. É que a unidade promove o projeto Território Culinário, que ensina receitas baseadas na gastronomia periférica. O projeto prevê o reaproveitamento total dos alimentos para combater o desperdício.

O primeiro passo é dado pelos estudantes menores, do 1º ano do ensino fundamental (6 anos), que cuidam da horta da escola e colhem os temperos das receitas que serão preparadas pelos alunos maiores.

Nas atividades, que ocorrem dentro da grade curricular das turmas do período integral, as crianças aprendem a manusear os utensílios da cozinha com segurança e participam da execução das receitas.

Um dos objetivos é que os estudantes entendam os benefícios do trabalho em grupo, além de aprender formas diferentes de utilização dos alimentos.

Dentro da cozinha, a inspiração é o livro "Por que Criei a Gastronomia Periférica", do chef de cozinha Edson Leite, que nasceu na periferia de São Paulo, ganhou prêmios internacionais e lembra que a culinária renomada de muitos restaurantes é feita por cozinheiras que moram na periferia.

Entre as receitas apresentadas pelo chef está o bife de casca de banana, empanado com farinha e ovo.

* Esta página é uma produção do Estúdio Folha para a Prefeitura de São Paulo e não faz parte do conteúdo jornalístico da Folha de S.Paulo