Ponte do Guaíba resolve gargalo e vira referência de engenharia

Obra, que usou equipamentos vindos da Europa e técnicas pouco utilizadas no Brasil, acaba comas interrupções diárias da ponte móvel, que provocam congestionamentos de até 5 km

Ponte do Guaíba Ari Versiani/Queiroz Galvão

O maior impacto da engenharia brasileira dos últimos tempos. Essa é a expectativa gerada pela entrega da nova Ponte do Guaíba, em Porto Alegre, pela Construtora Queiroz Galvão. A obra vai desafogar o trânsito rodoviário ao ligar Porto Alegre à região sul do estado sem as interrupções diárias causadas pela ponte antiga, móvel, que precisa se abrir para a passagem de embarcações maiores.

A nova ponte não terá apenas relevância para o tráfego local. Ao aumentar a capacidade viária da região, facilita o fluxo da produção agropecuária para o Porto de Rio Grande e a ligação do estado com o Mercosul e as demais regiões do Brasil. Por ali passam 40% do PIB do Rio Grande do Sul.

Com um volume de tráfego de 50 mil veículos por dia, a ponte atual, Getúlio Vargas, que foi inaugurada em 1958, está sobrecarregada. Os 20 minutos de duração da elevação da parte móvel da ponte resultam em cinco quilômetros de congestionamento nos dois sentidos, travando a economia riograndense.

A solução encontrada pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, órgão ligado ao Ministério da Infraestrutura) foi lançar o anteprojeto para a nova ponte. O Consórcio Ponte do Guaíba, liderado pela Construtora Queiroz Galvão, é o responsável pela obra, iniciada em 2014.

“Comparativamente, é como se tivéssemos a implantação de uma Nova Ponte Rio-Niterói”

Thiago Dias Pinto, Gerente de Contratos da Construtora Queiroz Galvão


O percurso tem início no cruzamento das avenidas Dona Teodora e Voluntários da Pátria, finalizando na cabeceira direita da ponte sobre o Saco da Alemoa, passando pela Ilha do Pavão, Ilha Grande dos Marinheiros e Ilha das Flores. A extensão da ponte é de 2,9 km, com o acréscimo previsto de mais uma nova ponte junto ao Saco da Alemoa, com 780 m de extensão, e um trecho de 1 km na Ilha das Flores, visando uma integração progressiva ao fluxo da rodovia. Incluindo viadutos e ramos de acesso, serão ao todo 12,3 km de vias.

Os números e o processo de construção são grandiosos. Os cerca de 2.200 trabalhadores envolvidos na obra utilizaram até aqui 139.470 m³ de concreto (equivalente a 25 edifícios de 15 andares), 19 mil toneladas de aço (duas torres Eiffel, em Paris) e 1.246 vigas, mais que as existentes na ponte Rio-Niterói. “Comparativamente, é como se tivéssemos a implantação de uma Nova Ponte Rio-Niterói”, diz Thiago Dias Pinto, Gerente de Contratos da Construtora Queiroz Galvão.

INOVAÇÃO

A nova Ponte do Guaíba é uma obra com viés de industrialização muito forte e o uso de todo o know-how acumulado nos 67 anos de existência da Queiroz Galvão. Segundo Dias Pinto, mais de 80% do concreto utilizado foram produzidos em fábricas. “A gente industrializou todo o processo possível para diminuição de acidentes, racionalização do consumo de recursos, geração de resíduos baixíssima, alto índice de qualidade nos elementos, treinamento e engajamento de mão de obra, para que pudéssemos tirar da frente de trabalho as atividades tradicionais de uma obra. Levamos para dentro de indústrias a produção dos elementos para depois eles serem montados no local de construção da ponte”, explica.

Oito etapas foram cumpridas para a instalação dos pré-moldados, processo construtivo que reduz o prazo de execução e o desperdício de material. A construção da nova Ponte do Guaíba foi feita com equipamentos vindos da Itália, com uma metodologia construtiva ainda pouco difundida no Brasil e soluções tecnológicas de ponta utilizadas em países da Europa, nos EUA e na Austrália.

Em cima dessa expertise, a Queiroz Galvão desenvolveu um projeto de parceria com universidades do Sul, Sudeste e Nordeste para que o case da construção da nova ponte fosse objeto de estudo acadêmico.

“Levamos para as universidades um pouquinho do nosso know-how, para dividir com futuros engenheiros as nossas experiências, não apenas para plantar neles o desejo pela engenharia mas para incentivá -los na busca do conhecimento, na continuação dos estudos, para que possam, de fato, ter certeza de que fazemos engenharia de ponta neste Brasil”, diz Dias Pinto.

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