Descrição de chapéu sustentabilidade

Moda sem desperdícios e sem sobras

Parceria da Riachuelo com o IPT busca eliminar o descarte na produção têxtil, com as sobras se transformando em novo fio para confeccionar roupas

Fabricação de peças de roupa na fábrica da Riachuelo em Natal

Fabricação de peças de roupa na fábrica da Riachuelo em Natal Divulgação

A sustentabilidade do planeta exige um uso cada vez mais consciente das matérias-primas e a busca pela eliminação de sobras e desperdícios. A chamada economia circular prega que a sobra de uma produção se transforme em insumo para outra, em vez de lixo.

A Riachuelo, que tem como propósito a preocupação com o ambiente, quer ir além e adotar a reciclagem têxtil em circuito fechado: as sobras viram insumo da própria indústria da moda.

Para isso, firmou uma parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo) para o desenvolvimento de um fio feito a partir dos resíduos têxteis. Esse fio irá virar novas roupas.

"É um projeto de pesquisa e desenvolvimento para os próximos 24 meses, com investimento de mais de R$ 2 milhões e o objetivo de reinserir esses resíduos têxteis como matéria-prima em um novo ciclo produtivo", afirma Valesca Magalhães, gerente executiva de Sustentabilidade da Riachuelo/Guararapes.

A quantidade de resíduos gerados pela indústria têxtil é enorme: no Brasil, são cerca de 170 mil toneladas por ano só em sobras na confecção de roupas. Desse total, 60% vão para o lixo.

"O projeto com o IPT começa no pré-consumo, já que nossas fábricas produzem por ano 3.500 toneladas só de aparas de tecidos e resíduos têxteis. Depois, incluiremos as peças usadas, o pós-consumo", explica Mauro Mariz, diretor executivo de Gente e Sustentabilidade da empresa.

Desse modo, será utilizada menos matéria-prima virgem.

Valesca ressalta que o desenvolvimento dessa nova fibra vai exigir muita tecnologia, possíveis adaptações nas fábricas e eventuais novos parceiros. "Investimentos em pesquisa, como essa parceria com o IPT, são uma aposta. E isso não é comum na indústria, no Brasil, nesse cenário atual de crise. Mas entendemos que esse é um problema que precisa ser enfrentado", completa.

DEMOCRATIZAR A SUSTENTABILIDADE

O investimento da Riachuelo em ações sustentáveis não é recente. As iniciativas da marca dentro do pilar de responsabilidade socioeconômica da cadeia de fornecimento estão concentradas no Projeto CRIA!, plataforma de sustentabilidade da empresa. "O CRIA! é um movimento para, mais do que ser sustentável, democratizar a sustentabilidade", afirma Valesca.

O principal projeto da plataforma é o Moda que Transforma, programa de economia circular em parceria com a Liga Solidária e Cáritas Brasileira. A Riachuelo disponibiliza coletores em todas as suas lojas (mais de 330), para recolher peças de roupas usadas e dar um novo destino a elas.

"Já coletamos mais de 1 tonelada de roupas. Cerca de 86% dessas peças ganham uma segunda vida, o que reduz o impacto ambiental; 12% vão para um programa de reciclagem de uma nova fibra, usada na indústria automobilística. Só 2% das peças vão para descarte", conta Valesca.

Mariz completa: "Estamos alongando para 98% o ciclo de vida de uma peça que, se não estivesse nesse programa, provavelmente iria para um aterro. Neste ano, 100% das peças estão sendo reutilizadas. Isso mostra um aumento da maturidade do consumidor".

Segundo Valesca, antes de a empresa lançar uma iniciativa, existe a preocupação de não atuar em uma única via. O Moda que Transforma, por exemplo, atua nas vias ambiental e social. "O programa gera cerca de mil empregos e renda, além de beneficiar 13 mil pessoas em situação de alta vulnerabilidade social, atendidas por entidades sem fins lucrativos."

A Riachuelo também investe em novas iniciativas e tecnologias têxteis para reduzir os impactos ambientais gerados pelos processos das confecções da indústria.

"Nossa produção de jeans está mais sustentável: utilizamos 100% de energia renovável, menor consumo de água (com redução de até 90%) e de produtos químicos (redução de até 85%), além de algodão e fibras têxteis certificados", afirma a executiva.

Ela conta que o processo tradicional de produção de jeans consome entre 40 e 70 litros de água por peça. "Na Riachuelo, chegamos a gastar até três litros."

"Nosso jeans é um exemplo de que uma peça pode ser sustentável sem precisar ser mais cara. Houve um investimento alto em tecnologia de ponta e, hoje, qualquer peça jeans Riachuelo produzida na fábrica de Fortaleza (CE) é muito mais sustentável que qualquer outra feita no Brasil no processo tradicional, e com preço muito acessível. Ele é mais barato porque usa um décimo do consumo de água e de energia durante o processo de fabricação. Aumentamos o acesso impactando menos o meio ambiente", diz Mariz.

"Isso é democratizar a sustentabilidade. Queremos tornar os produtos mais sustentáveis e mais acessíveis", completa Valesca.

Mariz afirma que a ideia é ampliar cada vez mais os processos de produção sustentáveis. "Em 2021, o percentual de matérias-primas mais sustentáveis chegou a 70%. Dos 43 milhões de peças produzidas, entre jeans e malharia, 27 milhões foram mais sustentáveis."