Terceira edição do Sesc Jazz irá promover encontros inéditos

Festival terá ainda shows exclusivos de artistas internacionais que serão exibidos pelas plataformas online

Em 2021, tendo como eixos norteadores conceitos como território, tradição, memória, diversidade e vanguarda, a terceira edição do Sesc Jazz aborda os sotaques que o Jazz assume nos diferentes lugares, seu intercâmbio com a música brasileira e suas manifestações, além de sua presença e influência em outras cenas da cultura.

Permeado por conexões e tributos, destaca-se o encontro entre a cantora e compositora carioca Joyce Moreno e o pianista e cantor João Donato, um dos expoentes da bossa nova e de forte ligação com as raízes africanas e cubanas do jazz.

Joyce tem uma carreira peculiar. É reconhecida no Brasil como uma grande representante da MPB pelo sucesso “Clareana” dos anos 80, mas no exterior é diretamente ligada ao jazz. Neste show, ela vai mostrar o repertório de dois álbuns de jazz inéditos no Brasil: “Raiz” (2014) e “Cool” (2015), lançados somente no Japão, Europa e Estados Unidos.

Músicos Joyce Moreno e João Donato
Músicos Joyce Moreno e João Donato - Divulgação

Outro destaque do evento será um show de reverência ao mítico trombonista Raul de Souza, morto em junho passado aos 86 anos, na França. O tributo terá à frente o quarteto que o acompanhava no Brasil e, para o “lugar” de Raul de Souza, foram convidados os também trombonistas Sérgio Coelho (trombone de vara) e Bocato (trombone de pistão), além do veterano saxofonista tenor Hector Costita. Detalhe: Raul de Souza tocava estes três instrumentos. O show terá um esperado depoimento do escritor Ruy Castro, amigo pessoal e grande fã do trombonista.

Para ressaltar a representatividade negra e feminina, logo no primeiro fim de semana do Sesc Jazz, toca a Funmilayo Afrobeat Orquestra, considerada a única banda de afrobeat formada por mulheres negras não binárias do mundo. O show será uma homenagem à ativista nigeriana Funmilayo Anikulapo Kuti, mãe do músico Fela Kuti, que se dedicou à luta das mulheres por liberdade, direito a voto e justiça social no século 20.

“Uma das preocupações da curadoria é ter um olhar para os negros e para as mulheres porque costumam ter pouco espaço na música instrumental. No exterior, o jazz é uma música muito negra e aqui no Brasil nem tanto, é mais elitizado. Por isso essa prioridade para trabalhos que trouxessem uma mulher à frente do grupo ou com pessoas negras para reforçar essa representatividade”, conta Henrique Rubin, um dos curadores do Sesc Jazz. Ele também lembra do show da pianista Maíra de Freitas, filha de Martinho da Vila, e seu projeto Jazz Das Minas com jam session de afro-samba-jazz no Sesc Pompeia.

Estrangeiros

Uma das marcas das edições anteriores do Sesc Jazz foi a presença de músicos estrangeiros. Em 2021, o festival conta com artistas de Bélgica, Cuba, Dinamarca, Estados Unidos, Moçambique e Espanha.

Músico Toninho Horta
Músico Toninho Horta ORG XMIT: -gVhVkeXZDWC5V91Y2mA - Vitor Maciel / Divulgação

Dos artistas do exterior radicados no Brasil estão o moçambicano Otis, que tocará com a artista baiana Luedji Luna. Também participarão a jazzista norte-americana Alissa Sanders, que se apresenta com Anelis Assumpção, e o latin jazz do cubano Aniel Y El Quilombo. Entre as apresentações de artistas que não estão no Brasil, estão o guitarrista espanhol José Quevedo Bolita, a pianista dinamarquesa Kathrine Windfeld e o quarteto NΔBOU, liderado pela trombonista belga Nabou Claerhout.

Essa diversidade geográfica nacional do evento desta vez foi contemplada com a presença de artistas de cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia. Uma das apresentações mais aguardadas é a do mineiro Toninho Horta, dia 28/10, acompanhado da irmã Lena Horta e outros músicos tocando clássicos do Clube da Esquina.​