Infectologista do Hapvida tira dúvidas sobre vacinas contra a Covid-19

As vacinas podem não impedir a infecção pelo vírus, mas diminuem muito as formas graves que levam à internação e morte; vacinados devem continuar a usar máscara

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Com a aprovação de algumas vacinas e o início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, as dúvidas sobre o assunto aumentam a cada dia. Vale lembrar que até o momento a rede de saúde suplementar e as clínicas particulares não estão autorizadas a adquirir e comercializar vacinas.

A vacinação é exclusividade do Plano Nacional de Imunização do governo, por isso, informe-se no site da prefeitura da sua cidade.

A seguir, a médica infectologista Silvia Fonseca, diretora corporativa de infectologia do sistema Hapvida, tira as principais dúvidas sobre o tema.

Por que as pessoas devem se vacinar?

As vacinas são a melhor resposta para doenças infecciosas, principalmente doenças respiratórias. Há um histórico no mundo de controle de muitas epidemias usando vacinas: a mais famosa é a contra varíola, doença gravíssima que tinha uma mortalidade muito alta, mas, graças a um esforço descomunal de vacinar todo o planeta, a infecção desapareceu. E as vacinas são uma grande oportunidade para o controle da Covid-19.

Qual a importância da vacinação em massa?

Só com a grande maioria das pessoas vacinadas é possível bloquear o vírus a ponto de ele parar de circular. A Covid-19 é uma doença nova: por enquanto se tem falado que isso aconteceria com cerca de 80% da população vacinada. Ao diminuirmos o número de pessoas doentes, a taxa de propagação do vírus também cai e aumenta a chance de a pandemia ser controlada.

As vacinas contra a Covid-19 são confiáveis?

Sim. Elas foram desenvolvidas rapidamente porque houve um enorme esforço coletivo de cientistas e pesquisadores do mundo. Não tenho dúvida que esse é o caminho. Eu tomei a vacina porque sou profissional de saúde e estou na linha de frente. E sugiro que todo mundo, quando chegar a sua vez, tome a vacina.

Quem tomar uma dose da vacina estará imunizado?

As duas vacinas disponíveis hoje no Brasil foram testadas com duas doses, em intervalo de três semanas. Nesse momento, temos que seguir o que a ciência já validou: tomar as duas doses da mesma vacina.

Quanto tempo depois da segunda dose a pessoa estará imunizada?

Em geral, leva-se de duas a três semanas para desenvolver uma resposta imune. As vacinas testadas e aprovadas no mundo, e as aprovadas pela Anvisa, têm níveis diferentes de eficácia. Podem não impedir completamente a infecção pelo vírus, mas diminuem muito as formas graves que levam à internação e morte. Mesmo depois da vacina, deve-se continuar usando máscara, manter o distanciamento social e praticar a higiene das mãos o tempo todo.

Então as pessoas vacinadas podem pegar e transmitir a Covid?

Sim. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que as vacinas contra a Covid-19 não impedem a infecção pelo vírus. Ao entrar em contato com o vírus depois de vacinada, muita gente vai desenvolver anticorpos e bloquear o vírus. Mas outras pessoas não vão desenvolver anticorpos suficientes para impedir a infecção, e sim para diminuir a gravidade da doença. Elas não terão sintomas ou apresentarão sintomas leves, mas poderão transmitir o coronavírus. Por isso, reforço que os vacinados precisarão continuar usando máscara e mantendo o distanciamento: eles podem ser infectados, adoecer e também transmitir o vírus.

A grande vantagem é que os testes mostraram que as pessoas que contraíram o vírus depois de vacinadas não morreram nem precisaram ser hospitalizadas. Isso é importante porque é preciso reduzir o número de mortes e de internações por Covid-19. Além de os hospitais estarem no limite da estrutura para atender os infectados em estado grave, as pessoas que precisam de cirurgia, que têm câncer ou outras doenças que necessitam de tratamentos hospitalares estão sem leitos também.

Quanto tempo dura a imunidade?

Não sabemos ainda. Por isso é muito importante que as pessoas acompanhem o que dizem os órgãos científicos.

Crianças podem tomar a vacina?

Podem, mas deveriam ficar no fim da fila porque, quando pegam, muitas vezes não manifestam a doença ou, se manifestam, em geral, têm quadros mais leves. Com o número limitado de doses, precisamos proteger os idosos e as pessoas com doenças como câncer, problemas pulmonares, obesos, diabéticos e hipertensos. Neste momento, temos que usar os recursos onde há mais necessidade.

Existe alguma condição que impeça a vacina?

Sugerimos que pessoas que estejam gripadas ou com febre não tomem a vacina — aguardem melhorar. Se a pessoa se vacinar nessa condição, pode ser que não desenvolva a mesma resposta imune.