Privacidade é um termo que de alguma forma preocupa a todos que, em maior ou menor escala, utilizam tecnologia: seja para acessar a fatura do cartão de crédito, encontrar a melhor rota para fugir do trânsito ou simplesmente pedir uma pizza pelo aplicativo. Mas, apesar de se tratar de uma questão presente nas mais variadas situações do dia a dia, ainda é um conceito mal compreendido pela maioria das pessoas. "Precisamos falar sobre privacidade, entender o que ela é de verdade e descobrir caminhos para colocá-la em prática", afirma Yasodara Cordova, principal pesquisadora da Unico, empresa lÃder em identidade digital.
Para ela, o conceito de privacidade pode ser definido como um conjunto de princÃpios que garantem que as pessoas tenham escolha na hora de compartilhar informações de suas vidas com outras pessoas, empresas ou governos.
Para explicar o que isso significa no dia a dia, ela usa uma metáfora bem concreta: "Privacidade é como as janelas, portas e divisórias utilizadas pela arquitetura para dar às pessoas a possibilidade de controlar quem entra nas suas casas e com quem querem compartilhar sua intimidade".
A grande questão, porém, é que quando falamos em privacidade relacionada à tecnologia, ainda estamos na etapa de construção das portas e janelas. "A maioria das pessoas ainda dorme de portas abertas", afirma. E essa evolução depende de um trabalho conjunto entre usuários e empresas.
"As pessoas precisam desenvolver consciência sobre toda a cadeia de compartilhamento de seus dados. Cada vez que concordamos em fornecer nossas informações, devemos entender para quem estamos fornecendo, de que forma e com quais objetivos elas serão usadas", alerta.
Ela ressalta que é importante dar às pessoas o direito de escolher com quem querem compartilhar seus dados com base em relações de confiança e não em outros tipos de "trade off", como entrega de dados pessoais em troca de descontos.
As diversas instituições e empresas que usam informações pessoais também precisam parar de simplesmente "embutir" o consentimento de uso de dados em seus termos de serviço ou de uso e se fazer entender, simplificando a linguagem para torná-la acessÃvel aos usuários.
A consequência dessa falta de clareza é uma quebra de confiança entre empresa e usuário, muitas vezes irreversÃvel. Isso porque, em geral, quando descobrem que seus dados estão em posse de empresas terceiras, as pessoas não se lembram se deram ou não consentimento para isso. "Se a comunicação das empresas fosse mais transparente, as pessoas saberiam de fato o que estão fazendo e essa relação poderia render frutos no futuro", acredita.
Para empresas que querem dar seus primeiros passos nessa construção, primeiro é preciso adequação total à Lei Geral de Proteção a Dados Pessoais. "A LGPD é uma lei moderna que fornece não só a regulação, mas insights sobre como a tecnologia deve se comportar com relação aos dados dos usuários", diz ela. O segundo passo é ir além da regulação e entender a privacidade como um item para desenvolver inovação. "É o que fazemos na Único."
"Entendendo privacidade como diferencial competitivo, as empresas podem oferecer a experiência que mais tenha condições de manter os dados dos usuários seguros e melhores interfaces para o controle desses dados", diz ela. Internamente, essa estratégia é chamada "privacy-by-design", que significa construir privacidade desde o planejamento dos produtos por meio de novas tecnologias e novos processos.
Para quem quiser saber mais, a Unico traduziu e compartilhou com a comunidade o Lindunn, metodologia que oferece suporte ao time que trabalha ajudando a encontrar e mitigar ameaças à privacidade nos produtos. "Queremos elevar o patamar do mercado em relação às práticas atuais com dados de usuários para melhorar a oferta de privacidade para as pessoas", afirma.