Ampliar acesso a testes e terapias ainda é desafio, dizem especialistas

Melhorar a estrutura dos centros de atendimento e avaliar a qualidade de vida dos pacientes antes e depois dos tratamentos estão entre as prioridades

O tratamento de uma doença rara e complexa como a fibrose cística é um desafio em um país de dimensões continentais como o Brasil. Daí a necessidade de estabelecer uma linha de cuidados que começa no diagnóstico precoce ainda na maternidade, passa pelo tratamento em centros de referência e pelo acompanhamento do paciente por equipe multidisciplinar por toda a vida.

Isso é consenso entre os especialistas, representantes das principais entidades médicas, governo e associações de pacientes que participaram do "Fórum de Saúde: Avanços em Cuidado e Políticas Públicas para Fibrose Cística."

"Na jornada do paciente, todas as etapas são importantes: desde o diagnóstico, a linha da triagem neonatal, o teste do suor, o teste genético, o acesso ao tratamento e aos medicamentos. E precisamos de registros adequados dos dados para que possamos analisar essas informações e fazer os ajustes necessários. Cada uma dessas etapas traz desafios específicos que podem, no final, contribuir para a melhora na qualidade de vida dessas pessoas", reforça a médica Elenara Procianoy.

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Elenara Procianoy - Masao Goto Filho/Estúdio Folha

Não adianta ter o teste do suor, ter um remédio, se não tem equipe médica. Dentro dos nossos desafios é difícil estabelecer o que é prioridade porque uma coisa leva à outra

Elenara Procianoy

Presidente do Grupo Brasileiro de Estudos de Fibrose Cística

"O acesso do paciente ao teste do suor deve ser ampliado. Também precisamos melhorar o acesso ao teste genético e atuar sobre os centros de tratamento, porque nem todos são centros de referência: é preciso padronizar para garantir que tenham equipes multidisciplinares, hoje desfalcadas", pontua Procianoy.

Margareth Dalcolmo concorda e reforça a necessidade de ter um centro de referência em cada capital brasileira, com protocolos claros para atender aos portadores de fibrose cística. Assim como ela, especialistas presentes ao Fórum apresentaram propostas para melhorar o diagnóstico e a jornada desses pacientes (veja infográfico nesta página).

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José Dirceu Ribeiro - Masao Goto Filho/Estúdio Folha

Precisamos avaliar a qualidade de vida dessas pessoas, porque é isso que importa. Acolhimento com competência é a melhor coisa que existe no mundo

José Dirceu Ribeiro

membro do Departamento Científico de Pneumologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria

Natan Monsores, coordenador Geral de Doenças Raras da Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, reconhece os gargalos, mas diz que uma série de medidas vêm sendo tomadas para melhorar a linha de cuidado do paciente.

Entre elas, uma portaria elaborada pela União, estados e municípios, que prevê reestruturação de toda a rede de atendimento do paciente. "A portaria traz inovações que vão garantir também o aumento da sobrevida e redução de exacerbação de complicações para quem é afetado por fibrose cística."

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Natan Monsores - Masao Goto Filho/Estúdio Folha

O melhor modelo de atendimento a doenças raras que existe hoje no Brasil é o da fibrose cística. É o case de sucesso para doenças raras dentro do Sistema Único de Saúde

Natan Monsores

coordenador Geral de Doenças Raras da Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde

O modelo de atendimento a pacientes com fibrose cística no SUS é considerado um case de sucesso para doenças raras. "A linha de cuidado da fibrose cística no Brasil é um modelo exitoso. Tem dificuldades, mas é coisa de primeiro mundo", diz José Dirceu Ribeiro, membro do Departamento Científico de Pneumologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Ele, porém, ressalta que é preciso atualizar as diretrizes para diagnóstico e manejo da doença, e os centros de tratamento têm de estabelecer como meta avaliar o desfecho das terapias para os pacientes. "Precisamos avaliar a qualidade de vida dessas pessoas, porque é isso que importa. Acolhimento com competência é a melhor coisa que existe no mundo", diz.

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Cláudio Henrique Corrêa - Masao Goto Filho/Estúdio Folha

O Poder Legislativo também tem uma participação muito importante. Não apenas na organização da lei, mas também no poder fiscalizatório

Cláudio Henrique Corrêa

consultor sênior do Instituto Lado a Lado pela Vida

Consultor sênior do Instituto Lado a Lado pela Vida, Cláudio Henrique Corrêa lembra que a normatização de todo o processo de atendimento aos pacientes depende de todos para que tenha um resultado positivo. "O Poder Legislativo tambémtem uma participação muito importante. Não apenas na organização da lei, mas também no poder fiscalizatório."

BR-02-2400055

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha