Informação e diagnóstico precoce são essenciais no tratamento da fibrose cística

Fórum promovido pela Vertex e pelo Estúdio Folha alerta sobre a necessidade de divulgar os sintomas característicos da doença entre os médicos e a população em geral

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Especialistas durante o Fórum de Saúde: Avanços em Cuidado e Políticas Públicas para Fibrose Cística no auditório da Folha Masao Goto Filho/Estúdio Folha

Uma condição genética complexa e sem cura, mas que tem tratamento e pode ter um melhor prognóstico caso seja identificada com rapidez. Assim é a fibrose cística, doença rara e hereditária que causa um desequilíbrio na produção das secreções do corpo, como muco e suor. Segundo estimativas, a doença afeta 1 a cada 8.000 a 10.000 pessoas no Brasil.

Também conhecida como doença do suor salgado devido ao excesso de sal no suor dos pacientes, a fibrose cística pode ser diagnosticada desde os primeiros dias de vida da criança —e pelo SUS, pois faz parte do exame de triagem neonatal (o teste do pezinho).

Mas esse diagnóstico precoce nem sempre acontece, e as consequências são preocupantes. Quando a doença não é controlada, o corpo produz um muco mais espesso que o normal, que se acumula em órgãos como pulmões, pâncreas e intestino, dificultando seu funcionamento. Infecções, pneumonias, desnutrição e outras complicações podem levar à mortalidade precoce, a ponto de apenas 25% dos pacientes chegarem à idade adulta no Brasil. Nos Estados Unidos e na Europa, esse índice chega a mais de 50% do total de pacientes.

É por isso que quanto antes a doença for identificada e acompanhada por uma equipe de saúde, melhor. "O diagnóstico tardio é trágico porque vai comprometer indelevelmente a vida do paciente", afirma Margareth Dalcolmo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

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Margareth Dalcolmo - Masao Goto Filho/Estúdio Folha

É preciso que haja uma linha de cuidado para que esses pacientes recebam não apenas um diagnóstico, mas um acompanhamento envolvendo várias especialidades, orientando soluções e estabelecendo estratégias que otimizem a jornada do cuidado

Margareth Dalcolmo

presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

Dalcolmo participou do "Fórum de Saúde: Avanços em Cuidado e Políticas Públicas para Fibrose Cística", promovido pela Vertex Farmacêutica e pelo Estúdio Folha, ateliê de conteúdo patrocinado da Folha. O evento reuniu autoridades, especialistas e representantes de associações de pacientes no último dia 21, em São Paulo.

"É uma doença diagnosticável, tratável e controlável. Ninguém mais precisa morrer de fibrose cística", diz Dalcolmo. Apesar disso, ela afirma que continua recebendo pacientes diagnosticados apenas após os 30 anos de idade, mesmo com o histórico de pneumonias de repetição ao longo da vida.

Capaz de identificar de 90% a 95% dos casos da doença, a triagem neonatal para fibrose cística passou a ser oferecida nacionalmente em 2001, aumentando as chances de detecção precoce e melhorando o cenário da doença no país. Mas ainda há gargalos que dificultam o tratamento adequado, o que gera impactos sobre o sistema de saúde.

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André Bortoluci Vicente - Masao Goto Filho/Estúdio Folha

Cerca de 13 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de doença rara no Brasil. Temos que multiplicar isso por 2, por 3, por 4, porque todo o ambiente familiar é impactado. Então o desafio é colossal

André Bortoluci Vicente

diretor de Assuntos Governamentais e Políticas Públicas da Vertex

Um deles é queo teste do pezinho não alcança toda a população: em 2020, ano do último dado disponível, foi realizado em 82% dos bebês. Outro problema é que muitas famílias não retornam para buscar o resultado do exame. Somem-se a isso os resultados falsos negativos, que, apesar de não serem comuns, existem.

Quando o indicador para fibrose cística na triagem neonatal é positivo, o protocolo é repetir o exame. Se confirmado, o paciente deve fazer outro teste, a dosagem de cloro no suor, mas este não está disponível na maioria das cidades. "Sabemos que muita gente se perde no meio do caminho", afirma Elenara Procianoy, presidente do Grupo Brasileiro de Estudos de Fibrose Cística.

Por isso, profissionais de saúde devem ficar atentos aos sintomas característicos da doença. "É preciso abordar o assunto desde a faculdade, nos congressos, em ações educativas para o médico que atende na unidade básica. Se a fibrose cística não for lembrada, ela não vai ser diagnosticada", diz Procianoy.

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Verônica Stasiak - Masao Goto Filho/Estúdio Folha

A informação é transformadora, é poderosa, pode salvar vidas. Minha mãe comentava: ‘Se eu soubesse que pneumonia de repetição era sintoma, eu mesma já teria levantado a mão para buscar um diagnóstico’

Verônica Stasiak

fundadora e diretora executiva do Instituto Unidos pela Vida

Para a psicóloga Verônica Stasiak, fundadora e diretora executiva do Instituto Unidos pela Vida, a conscientização tem que se estender à população leiga. Stasiak tem fibrose cística e só foi diagnosticada aos 23 anos, mesmo tendo tido dezenas de pneumonias. "A informação é transformadora, é poderosa, pode salvar vidas. Minha mãe comentava: ‘Se eu soubesse que pneumonia de repetição era sintoma, eu mesma já teria levantado a mão para buscar um diagnóstico’."

Diretor de Assuntos Governamentais e Políticas Públicas da Vertex, André Bortoluci Vicente lembra que cerca de 13 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de doença rara no Brasil. "Temos que multiplicar isso por 2, por 3, por 4, porque todo o ambiente familiar é impactado de alguma forma por uma causa tão complexa como é a doença rara. Então o desafio é colossal", diz.

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*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha