Escolher adega deve conciliar desejo e bolso

Compra só vale para quem quer guardar bebida de várias safras para degustar em diferentes ocasiões, diz sommelier

Há quem diga que o mundo do vinho é tão vasto que sempre existirá uma uva nova para conhecer. O primeiro passo para descobrir esse universo é experimentar e, assim, descobrir do que se gosta. Quem já se considera iniciado, frequentemente alimenta o desejo de ter uma adega em casa. Não é algo complicado e sempre é preciso ajustar o desejo ao bolso.

O chef sommelier do Grupo Fasano, Manoel Beato, acha que "só faz sentido comprar uma adega se você vai guardar os vinhos. Ter adega para os que serão bebidos logo não tem nada a ver", diz.

Segundo ele, até mesmo os tintos podem ser guardados na geladeira. Demoram mais para evoluir, mas não estragam. Esse é o "jeitinho" que Beato sugere para quem quer ter determinada variedade de vinhos que serão bebidos num prazo curto.

"Vinhos não estragam uma semana fora da adega. Ela realmente só é necessária para quem vai armazenar vinhos de idades diferentes para tomar em momentos alternados, até para sentir a diferença."

Uma adega deve conter vinhos tintos, brancos, rosados, espumantes, doces e fortificados.

Também é preciso pensar em tipos diferentes. No tinto, por exemplo, há que ter leves (das uvas Pinot Noir ou Dolcetto) e encorpados (como Barolo e os da região de Bordeaux).

A adega deve ter vinhos com madeira e sem madeira. O detalhe é especialmente importante no caso dos brancos, nos quais a ausência de madeira no processo de maturação é uma tendência.

Além dos europeus, Beato recomenda conhecer vinhos de seis países do Novo Mundo: Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia.

"Se você está comprando vinhos para guardar, tem que investir em alguns xodós. Há vinhos mais complexos que são obras-primas", diz ele.

Mas cada um sabe seu teto financeiro. Não é preciso partir para ícones como Petrus ou Château Margaux. Um Vega Sicilia pode custar por volta de R$ 2.000, enquanto um Romanée-Conti, dependendo da safra, sai a partir de R$ 20 mil.

Entre os vinhos complexos, mais ricos em termos de sabor e aromas, Beato recomenda o espanhol Alion (na faixa de R$ 500) e Barolos, de R$ 600.

No capítulo champanhes e espumantes, ele avisa que os espumantes nacionais e os proseccos não envelhecem. Contrariando um pouco o senso comum de que os brancos devem ser bebidos jovens, o sommelier diz que dois anos na garrafa melhoram um pouco a sua qualidade.

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