Estudos recentes mostram que homens e mulheres se locomovem de maneiras diferentes pela cidade. Enquanto os homens fazem uma viagem mais linear, geralmente de casa até o trabalho ou lazer, com um único meio de transporte, a mobilidade feminina é caracterizada pelo encadeamento de viagens e mais pressionada pelo tempo, já que, além do trabalho, são normalmente responsáveis pelas tarefas domésticas e familiares. Outra diferença é que enquanto os homens privilegiam a velocidade, a segurança é um fator fundamental na viagem delas.
Pesquisa do Datafolha encomendada pela 99 com 1.542 pessoas em seis capitais brasileiras revelou que 76% das mulheres preferem chamar corridas pelo aplicativo para ir ao médico, hospital, dentista ou laboratório e 60% para ir ao supermercado. Entre os homens, a maioria (61%) usa o serviço para ir ao shopping, parques ou sair com os filhos para passear.
O levantamento também aponta que, entre as mulheres que usam o app para serviços de saúde, 58,84% são da classe C, 35,80% da classe B e 6,17% da classe A. Quando o objetivo da viagem é ir ao supermercado, as mulheres da classe C que recorrem a apps também são maioria (64%) ante representantes das classes B (33%) e A (3%). Os números refletem o papel atribuídos a elas na sociedade.
"Por mais que as pautas de equidade de gênero estejam avançando, temos muito a percorrer. A pesquisa mostra que as mulheres, principalmente as de classes mais baixas, ainda são as responsáveis quase que integralmente pela saúde dos filhos. E, durante a pandemia, recorreram a carros de app para ir ao médico e realizar outras atividades essenciais. Diante disso, temos repensado a cada dia maneiras de manter o transporte por aplicativo ainda mais eficiente e seguro para elas", afirma Livia Pozzi, diretora de Operações e Produtos da 99.
Resolver a questão da desigualdade em relação à mobilidade significa ainda melhorar o acesso a outros direitos. Um levantamento de 2019 do Instituto Patrícia Galvão e do Instituto Locomotiva, por exemplo, apontou que para 72% das mulheres que trabalham e/ou estudam, o tempo gasto no deslocamento entre sua casa e o trabalho/instituição de ensino é um fator decisivo para aceitar um emprego ou permanecer nele. E quase metade das entrevistadas afirmou não se sentirem confiantes para usar os meios de transporte sem sofrer assédio.
Com o objetivo de atender essas demandas do público feminino, nos últimos dois anos a 99 investiu R$ 70 milhões em sistemas preventivos e ferramentas de proteção para oferecer mais segurança às mulheres. O resultado são duas inteligências artificiais, Pítia e Atena, que identificam passageiras em situação de maior risco e enviam a elas somente motoristas mulheres ou os condutores mais bem avaliados. Ao final da corrida, a ferramenta Ártemis, desenvolvida em parceria com a consultoria Think Eva, rastreia e identifica nos comentários uma série de palavras e contextos que podem estar relacionadas a assédio, banindo agressores e direcionando às vítimas para acolhimento e suporte.
Outra iniciativa da 99 iniciada no primeiro semestre deste ano ampliou ainda mais a sua participação na luta contra a violência doméstica ao disponibilizar no aplicativo um canal de comunicação direto com o projeto Justiceiras. Trata-se de uma força-tarefa que reúne voluntárias com expertise multidisciplinar para orientar e ajudar vítimas de violências em todo o território nacional.
Em cinco meses, segundo levantamento das Justiceiras, o volume de denúncias que chegam por meio da 99 respondeu por 10% do total de mulheres que são acolhidas pelo grupo.
Além da parceria com o Justiceiras, para estimular a denúncia e combater a violência, desde 2020, a 99 vem subsidiando corridas com destino a delegacias da Mulher. A ação teve início no Carnaval em uma campanha contra o assédio e foi estendida tendo em vista os sinais de aumento da violência doméstica por conta da quarentena provocada pela Covid-19. Foram 20 mil viagens gratuitas em 2020, enquanto neste ano já somam 44 mil corridas, no mesmo período
A pandemia, no entanto, também mostrou como pequenas mudanças são capazes de tornar as cidades mais amigáveis para elas. Em Nova York, por exemplo, durante o período mais grave da Covid-19, com menos carros nas ruas, as viagens feitas de bicicleta aumentaram 80% em julho, em comparação com o mesmo mês do ano passado. E as mulheres foram as principais responsáveis: o uso entre elas cresceu 147% contra 68% entre os homens.
Outras cidades também têm levado em conta essa mudança. Buenos Aires, por exemplo, desde o ano passado criou um plano específico de ações para resolver a desigualdade de gênero na mobilidade. Só com a criação de faixas exclusivas para ciclistas em duas avenidas da cidade, o número de mulheres em bicicletas dobrou.