Motocicletas se firmam como fonte de renda e opção segura para mobilidade urbana

Brasil vê frota dobrar de tamanho nos últimos dez anos e ganhar visibilidade de empresas e do poder público; exemplo é a criação da faixa azul exclusiva para motos na av. 23 de Maio, em São Paulo

Em operação na avenida 23 de Maio, o projeto piloto da Faixa Azul tem o objetivo de organizar o espaço compartilhado entre os automóveis e as motocicletas

Em operação na avenida 23 de Maio, em São Paulo, o projeto piloto da Faixa Azul tem o objetivo de organizar o espaço compartilhado entre os automóveis e as motocicletas Reprodução/@prefsp no Twitter

Em tempos de crise econômica, inflação média de quase 6% ao ano e litro de gasolina superando a casa de R$ 7 em várias cidades, ter um carro próprio no Brasil tornou-se inviável para muitos brasileiros. Essa combinação de fatores ajuda a explicar o significativo aumento na procura pela motocicleta, um veículo vantajoso em muitos aspectos, principalmente quando olhamos a relação custo-benefício. Só para se ter uma ideia, entre 2011 e 2021, o número da frota de motos mais que dobrou no país, saindo de 15 milhões para mais de 30 milhões de unidades em circulação.

Entre as principais vantagens da motocicleta estão o baixo custo de compra e manutenção, além do menor consumo de combustível, uma vez que alguns modelos chegam a fazer até 50 quilômetros com um litro de gasolina. Outra vantagem é o fato de ser um veículo mais ágil, menor que o automóvel e que por isso ocupa menos espaço físico no trânsito.

Para o consultor de trânsito André Garcia, autor do projeto educacional Motociclismo com Segurança, quando consideramos os veículos motorizados, a motocicleta se coloca como a principal alternativa de mobilidade urbana no Brasil e no mundo. "Ela reduz o tempo de percurso e proporciona mais qualidade de vida aos cidadãos, que ficam menos tempo presos no trânsito. Vale ressaltar ainda que a moto, frente às rígidas normas ambientais, polui menos que um automóvel", afirma.

Segundo o especialista, diante do crescimento da frota de veículos de duas rodas, as cidades precisam e tendem a se adequar cada vez mais à realidade, que tem as motocicletas como um modal de suma importância para a mobilidade urbana.

Como exemplo de avanço, Garcia cita a criação da faixa azul exclusiva para motos na avenida 23 de Maio, em São Paulo, que começou a funcionar no dia 25 de janeiro. Com 6 km de extensão, a faixa tem, de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o "objetivo de organizar o espaço compartilhado entre os automóveis e as motocicletas, pacificar e humanizar o trânsito da cidade". Atualmente, são 1,3 milhão de motociclistas na capital paulista.

"Essa faixa representa um marco para os motociclistas, que passaram a ser notados tanto pela sociedade como pelos representantes do poder público. Isso aconteceu porque ao longo da pandemia foram os motoboys e motofretistas que saíram às ruas para salvar quem se encontrava em isolamento."

A decisiva atuação desses profissionais durante o período mais grave de restrições ajudou ainda a quebrar o preconceito em relação às motocicletas, tidas como inseguras e perigosas nas ruas das grandes cidades. Bem conduzidas, elas mostraram que têm papel ativo e relevante na mobilidade urbana.

De acordo com Garcia, cabe aos gestores municipais organizar o trânsito, estabelecer regras que visem a boa convivência entre os usuários das vias urbanas, bem como fiscalizar o cumprimento da lei de trânsito e das normas de segurança. "É de suma importância que o poder público passe a enxergar de fato a motocicleta, já que outros modais, como bicicleta e automóvel, já são contemplados com obras de engenharia e publicidade educativa", aponta Garcia.

Transporte e fonte de renda

 De capacete e camiseta amarela, Gabryel Miranda Soares, 25,  posa para foto com sua motocicleta, que usa para trabalhar
Gabryel Miranda Soares, 25, que usa a motocicleta para trabalhar e é parceiro na 99Food e agora na 99Moto - Arquivo pessoal

Uma vez incorporadas à mobilidade urbana como um meio de locomoção eficiente e econômico, as motos se tornaram também uma fonte de geração de renda para muitos trabalhadores e famílias.

Morador de Feira de Santana (BA), a 116 quilômetros de Salvador, Gabryel Miranda Soares, 25, está entre os 15 milhões de brasileiros que compraram uma motocicleta nos últimos dez anos. "A moto é um transporte rápido e prático. Comprei uma para não depender do transporte coletivo e também para fazer uma renda", explica, dando a dimensão exata da importância atual das motocicletas para a população brasileira.

Ex-operador de caixa em uma empresa atacadista de Feira de Santana, Gabryel utiliza a moto como ferramenta de trabalho há mais de um ano. É cadastrado na 99Food e já faz parte também do 99Moto. "Trabalhando na 99Food e, agora, no 99Moto, vou ganhar uns 40% a mais do que ganhava no meu antigo emprego", afirma.

O 99Moto é um serviço de transporte destinado a passageiros recentemente lançado pela 99, visando melhorar a mobilidade nas grandes cidades e ampliar a fonte de renda dos parceiros. "Buscamos essa solução via aplicativo porque acreditamos em um ecossistema multimodal para ajudar a construir uma mobilidade eficiente, e a moto definitivamente faz parte desse conjunto de opções de transporte. O 99Moto atende à necessidade de parte da população que já usa o veículo para se locomover, assim como necessidades dos motociclistas, que terão uma nova opção para ganhar dinheiro", explica Livia Pozzi, diretora de operações e produtos da 99.

O 99Moto já está disponível para o cadastro de motociclistas parceiros e pode ser acessado pelos passageiros no próprio aplicativo da 99. Inicialmente, o novo serviço, que pode sair até 30% mais barato para os usuários, vai operar em nove cidades brasileiras: Aracaju (SE), Feira de Santana (BA), Goiânia (GO), Campo Grande (MS), João Pessoa (PB), Recife (PE), Sorocaba (SP), Sobral (CE) e Teresina (PI). Ao longo do ano, a categoria chegará também a outras localidades.

"Além de proporcionar a rapidez para chegar ao destino, a corrida cabe no bolso do passageiro, porque tem um custo mais barato", afirma o motociclista parceiro da 99 Gabryel.

​Inclusão e segurança

Usuária da 99Food, a vendedora autônoma Nicole Santos Santana, 19, comemora a chegada do 99Moto à Feira de Santana. "É um serviço que vai ajudar muito no dia a dia de quem não possui automóvel e precisa ir a lugares onde a locomoção é mais difícil", afirma.

Essa é uma realidade bastante comum em diversos municípios brasileiros, onde há moradias localizadas em bairros afastados dos centros urbanos ou em condições de acesso restrito, como vielas e ladeiras. Nessas regiões, o sistema de transporte público é precário ou até mesmo inexistente, o que obriga os moradores a completarem suas jornadas a pé por longos trechos, nem sempre seguros.

"Entendemos que a categoria pode ser mais inclusiva, não apenas por adentrar em locais mais estreitos e íngremes, mas, principalmente, por ser financeiramente mais acessível", explica Livia Pozzi.

Nicole Santos Santana  comemora a chegada do 99Moto à Feira de Santana
Nicole Santos Santana comemora a chegada do 99Moto à Feira de Santana - Arquivo pessoal

Em relação à segurança, o Moto99 incorpora as ferramentas já conhecidas na 99, como Monitoramento em Tempo Real via GPS, gravação de áudio, compartilhamento de rotas e um botão para ligar para a polícia.

"Essa questão da segurança é muito importante para mim. O fato de poder acionar a qualquer momento os botões de emergência disponíveis no aplicativo passa mais confiança, principalmente para nós, mulheres", aponta a usuária Nicole.

Em relação aos riscos existentes no trânsito, o uso de capacetes é obrigatório. Por conta da Covid, a recomendação é que os passageiros utilizem o equipamento próprio, bem como tragam sua máscara. Para auxiliar na capacitação e na segurança dos parceiros, a 99 também disponibiliza materiais com conteúdo educacional, contemplando regras de trânsito e direção defensiva.