Como estará a Floresta Amazônica em 2050? Experimente fazer essa pergunta para a agroextrativista Elizabete Freitas dos Santos, e a resposta será curta e direta: “Em pé, viva e gerando renda.” Moradora da comunidade São Francisco do Iratapuru, no sul do Amapá, Bete vive da coleta da castanha-do-Brasil, mantendo uma tradição que herdou dos avós.
Entre março e julho, ela passa de três a quatro meses acampada dentro da floresta, numa área de castanheiras onde só se chega de canoa, depois de uma viagem que pode levar até três dias rio acima, vencendo pedras, corredeiras e 25 cachoeiras. Às margens do Igarapé Amazonas, Bete e seu grupo de 8 a 9 ribeirinhos montam acampamento com lona e palha em sua “colocação”, trecho demarcado para a realização do trabalho de extração da castanha, um dos principais produtos não madeireiros da Amazônia.
“É uma aventura, mas faço isso desde criança. Hoje, a gente trabalha para manter a floresta viva, porque ela é o nosso sustento, herança de quem veio antes”, diz Bete, de 59 anos. De volta à comunidade, o destino da castanha coletada é a cooperativa Comaru, onde é beneficiada em uma pequena fábrica, transformada em óleo e vendida para a Natura.
Maior multinacional brasileira de cosméticos, a Natura está presente na Amazônia há 21 anos e já provou que a floresta em pé gera muito mais riqueza às pessoas e ao planeta do que explorada de forma predatória. Aliada aos conhecimentos tradicionais, a empresa pratica comércio justo com os comunitários e já impactou mais de 7.000 famílias em 34 comunidades, em parcerias para o fornecimento de insumos para seus produtos.
Tudo começou com o lançamento da marca Natura Ekos, que surgiu com a missão de conectar a ciência e a natureza para o desenvolvimento de biocosméticos de alta performance e, ao mesmo tempo, conservar a floresta e o conhecimento de seus povos ancestrais.
O óleo da castanha colhida na floresta se transforma em ingrediente para biocosméticos como a Polpa Corporal Ekos Castanha. Cada frasco vendido do hidratante equivale à conservação de diversas árvores. A empresa já desenvolveu 39 bioingredientes amazônicos e 16,5% dos insumos de seus produtos vêm da região.
Nessas duas décadas de presença na Amazônia, o uso sustentável da biodiversidade, em parceria com as comunidades agroextrativistas, já contribuiu para a conservação de 2 milhões de hectares de florestas, o equivalente a 2,7 milhões de campos de futebol. Nos últimos dez anos, a empresa ampliou em sete vezes o uso de bioingredientes amazônicos e investiu R$ 2,1 bilhões em inovação e cadeias produtivas na região.
As ações e os investimentos do Programa Amazônia da Natura são baseados em três pilares: ciência, tecnologia e inovação (com a pesquisa sobre os ativos vegetais da floresta), cadeias produtivas (com o incentivo da atuação sustentável de cooperativas e famílias envolvidas com o fornecimento de insumos) e fortalecimento das instituições (com o apoio a comunidades e organizações parceiras, visando o desenvolvimento local).
Escolhas conscientes
Os guardiões da floresta, como Bete e os demais ribeirinhos, já estão fazendo a sua parte. Mas como o consumidor pode ajudar a preservar a Amazônia, mesmo estando a muitos quilômetros da maior floresta tropical do mundo? Um bom caminho são as escolhas conscientes de consumo.
Pense nos seus móveis. Será que a madeira usada na fabricação é legal? A empresa que vendeu tem como comprovar a origem, com selo ou certificado? Ao comprar um cosmético, você procura saber de onde vêm os ingredientes e como ele é produzido e testado?
A boa notícia é que o consumidor já começa a prestar mais atenção não só na origem do produto, mas também no impacto que ele causa ao ambiente e à sociedade.
“Várias pesquisas mostram que o consumidor está cada vez mais atento ao conceito de consumo consciente”, afirma o professor Marcus Nakagawa, coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental. Ele cita um estudo recente da consultoria McKinsey em que 85% dos brasileiros dizem se sentir melhor ao comprar produtos sustentáveis.
“Há hoje uma atenção às questões ambientais e sociais e os consumidores, assim como os investidores, tendem a dar mais valor às empresas e aos produtos que contribuem para uma economia solidária e inclusiva”, diz Nakagawa, autor do livro “101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo”.