Duas forças-tarefas foram arregimentadas nos últimos tempos com o objetivo de fazer com que a Amazônia encontre suas reais vocações. Ambas miram o futuro da região, buscando melhorar a economia local de forma sustentável, preservando a diversidade da floresta e de seus habitantes. São elas o Amazônia 2030 e o Plano de Recuperação Verde da Amazônia Legal (PRV).
Investigações científicas para embasar políticas públicas e fomentar o desenvolvimento sustentável na floresta é o principal mote do projeto Amazônia 2030, uma iniciativa conjunta do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) e do Centro de Empreendedorismo da Amazônia, ambos de Belém (PA), com a Climate Policy Initiative (CPI) e o Departamento de Economia da PUC-Rio.
Faz parte do objetivo do grupo responder a algumas perguntas-chave, entre elas, como conservar a floresta e os serviços ambientais associados ao mesmo tempo que se incrementa a economia da Amazônia, e quais são os instrumentos de políticas públicas mais efetivos para atrair investimentos e desenvolver uma economia de baixo carbono na região. A equipe do projeto reúne 30 pesquisadores de renome internacional, conhecedores dos dilemas da região.
Uma das coordenadoras do Plano de Recuperação Verde da Amazônia Legal (PRV), a economista e professora da USP (Universidade de São Paulo) Laura Carvalho afirma que está ultrapassada a ideia de que proteger o meio ambiente é um entrave ao desenvolvimento econômico. “A proteção é uma oportunidade, não um custo”, disse durante o evento de apresentação do PRV.
O projeto é resultado de um trabalho feito pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, que reúne os nove estados da região, representando 60% do território brasileiro onde vivem 30 milhões de pessoas.
A meta é levantar R$ 1,5 bilhão em recursos que serão destinados para todos os estados da região. Os projetos não estarão voltados apenas para a questão ambiental, mas também para o enfrentamento de problemas urbanos, como saneamento. A expectativa do grupo é levantar o dinheiro entre grupos de financiamento tanto nacionais quanto internacionais.
O chamado PRV está organizado em quatro eixos fundamentais. O primeiro deles, considerado mais urgente, é o enfrentamento do desmatamento, que tem prejudicado a imagem do Brasil no exterior, além de colocar o país longe do cumprimento das metas do Acordo de Paris. A meta é zerar a derrubada ilegal da floresta até 2030.
Os outros três eixos são o fortalecimento de produções sustentáveis, o investimento em inovação e no desenvolvimento tecnológico e, por fim, a criação de uma infraestrutura verde, englobando desde o acesso à internet e à energia em áreas remotas até a resolução de problemas de moradia, saúde e educação.
Segundo os idealizadores do projeto, que inclui todos os governadores de Estado da região, a ideia é unir o setor privado a representantes de diversas áreas, como a academia, para que a Amazônia passe a ocupar um papel central na economia do país. “É preciso pensar grande. Todo mundo terá de estar envolvido para resolver as questões de forma concreta”, disse Laura durante a apresentação virtual do plano.