Pesquisa revela quem faz o Carnaval de SP acontecer

Levantamento inédito do Datafolha, Amstel e Liga-SP traz o perfil, motivações e interesses dos responsáveis pela magia que sacode o Sambódromo paulistano

Pesquisa revela quem faz o Carnaval de SP acontecer
Pesquisa revela quem faz o Carnaval de SP acontecer - Henrique Assale/Estúdio Folha

Quem faz o Carnaval de São Paulo? As respostas são muitas. As pessoas, anônimas ou não, que dedicam boa parte de suas vidas para encantar e emocionar uma multidão dentro e fora do Sambódromo paulistano são tão diversas quanto as fantasias e sambas-enredo das escolas que representam.

Para conhecer um pouco melhor os responsáveis por esse espetáculo, o Instituto Datafolha, a Amstel, patrocinadora oficial do Carnaval de São Paulo no Anhembi, e a Liga-SP realizaram a pesquisa inédita I AM CARNAVAL com 1.752 pessoas acima de 25 anos.

De dezembro de 2023 a janeiro deste ano, o Datafolha ouviu foliões e trabalhadores das 14 escolas que compõem o Grupo Especial. Mais do que traçar o perfil de quem faz o Carnaval paulistano acontecer, a pesquisa revela suas motivações, particularidades sociais, econômicas e culturais.

Foram entrevistados diretores de alas, aderecistas, mestres de bateria, vendedores, empurradores de alegorias, coreógrafos, passistas, músicos, ajudantes, costureiras, entre outras tantas ocupações. O resultado mostra que o Carnaval paulistano é majoritariamente feminino (55%), negro (54%), com nível superior (66%) e economicamente ativo (83%). E, acima de tudo, coletivo: 93% consideram sua contribuição pessoal como "muito importante" para o resultado da escola.

"O Carnaval é feito por muitos corações, muitas digitais, muitas emoções e muitas cabeças pensantes. O Carnaval só é possível por esse sentido de coletividade. Pelo espírito comunitário que move essas pessoas a produzirem um dos maiores espetáculos do Brasil", afirma o sociólogo e escritor Tadeu Kaçula, cujo trabalho é pesquisar e divulgar a história do samba paulista.

Esse sentimento de coletividade extrapola a rivalidade entre as próprias agremiações. "Aqui, todo mundo gosta de todo mundo. Posso ir com a camiseta da minha escola em outra agremiação e não tem rixa. Somos coirmãos. Carnaval é união, magia", explica Vanessa Aparecida Ferro, professora de alunos com necessidades especiais e diretora de ala da Mocidade Alegre.

Vanessa diz que não há muito como explicar a sua paixão pela escola. "Não tem explicação. Você fica doente por tudo aquilo. A gente cria laços de amizade, inclui as pessoas, não tem preconceito", diz, ao lembrar que, assim como 66% dos entrevistados, o Carnaval é muito importante para sua vida.

ACOLHIMENTO

A pesquisa Datafolha também mostra que as escolas são um ambiente acolhedor, onde o preconceito não entra. Cerca de 95% dos entrevistados concordam que as agremiações acolhem pessoas de todos os gêneros, orientações sexuais, cor e classes sociais.

"Aqui não importa se é preto, branco, gordo, magro, trans, rico, pobre, todo mundo é tratado muito bem. Tem musa trans que desfilou na nossa escola. Tem esse convívio social de estar todo mundo junto", afirma Fábio Bogalho, consultor técnico e diretor de bateria da Tom Maior.

Kaçula diz que esse sentimento de acolhimento é uma das principais características de uma escola de samba. "Eu gosto de chamar de aquilombamento sociocultural, porque, de fato, a escola de samba, quando nasce, tem esse propósito de sociabilizar, de aquilombar parte da população que foi preterida do projeto de nação, do projeto de estado brasileiro", diz.

Não à toa, 93% das pessoas ouvidas pelo Datafolha disseram que, na escola em que desfilam ou trabalham, elas podem ser quem, de fato, são. "Além disso, aqui ainda há a possibilidade de ser quem você quiser. Você pode criar personagens ou se incorporar ao personagem que vai ser contado na avenida, contar uma história. Essa é a mágica do Carnaval", afirma Lincoln Lee, que trabalha como figurinista em várias escolas.

Lincoln diz que se descobriu artista ao conhecer uma escola de samba. "A organização da escola abre lugar para qualquer um que queira ajudar, seja em algo que já domina ou em uma função que vai aprender. Todo mundo é bem-vindo."

As escolas são um espaço para conhecer uma profissão e também amigos, parceiros profissionais e um grande amor. Foi o caso da supervisora de atendimento e hoje porta-bandeira Ana Paula Sgarbi. "Conheci meu marido na escola de samba, casamos e tenho um menino hoje de 6 anos. Ele nasceu numa quarta-feira de cinzas, em 2018. Naquele ano eu desfilei grávida como destaque, e ele adiantou uma semana", lembra.

Sgarbi diz que sua família só costumava assistir aos desfiles pela TV. Mas isso mudou. "Minha família não é do Carnaval, eu criei meu nome, fiz minha parte e hoje todos da minha família desfilam comigo. Carreguei todo mundo."

MAIS HISTÓRIAS

A pesquisa I AM CARNAVAL faz parte de uma série de ações da Amstel para valorizar o Carnaval de São Paulo. A marca, que faz parte do Grupo HEINEKEN, também produziu uma série de mini documentários sobre alguns dos personagens responsáveis pelos desfiles no Sambódromo e preparou a Ala Amstel, com pessoas de quase todas as escolas de samba do grupo especial. Com samba-enredo próprio, a ala levará esses personagens para a avenida, juntas, abrindo o sábado de desfile das campeãs.

"Queremos falar das pessoas que fazem o Carnaval de São Paulo do Anhembi acontecer e mostrar que o Carnaval é mais do que uma festa, é um espaço de expressão genuína. Entendemos que a força dessas individualidades faz toda a diferença para a construção do coletivo. Vamos contar suas histórias e dar holofote para essas pessoas poderem sentir o sabor incomparável de serem elas mesmas", afirma Nathalia Spina, gerente de marketing da marca Amstel.

A Amstel investe no Carnaval desde 2015 e foi pioneira em patrocinar o Carnaval de rua de São Paulo. "É um dos momentos mais importantes do calendário cultural do Brasil e também para a marca. Em nossos valores, sempre destacamos a liberdade, autenticidade, diversidade e respeito, aspectos que acreditamos ser fundamentais para a celebração da individualidade", diz Spina.

Para o sociólogo Kaçula, o Carnaval de São Paulo -- sua história, seus personagens e suas origens-- precisa, e merece, ser mais valorizado. "E é fundamental estimular as escolas de samba a assumirem esse lugar de interlocutores sociais, uma vez que elas conseguem colocar uma grande massa em contato com aquilo que apresentam no dia do desfile", conclui.

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*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha