A Internet das Coisas (IoT, sigla em inglês para Internet of Things) é o conceito utilizado no sistema de trânsito em uma cidade inteligente. IoT é a rede de objetos fÃsicos como semáforos, carros, ônibus, smartphones, faixas de pedestres, postes e painéis digitais, por exemplo, incorporados a sensores, câmeras, medidores de fluxo, aplicativos de GPS, softwares e outras tecnologias.
"O trânsito na cidade inteligente funciona com algoritmos que medem fluxos, temporizam semáforos e monitoram demandas de transporte coletivo e outros modos de transporte de maneira em geral. Isso melhora o fluxo dos veÃculos privados e coletivos, como ônibus e metrô", afirma André Veloso, pesquisador em mobilidade urbana pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A IoT viabiliza a interação entre todos esses dispositivos fÃsicos, que são aparelhados tecnologicamente para a troca de dados e sistemas pela internet. Isso proporciona a geração de informações que auxiliam na antecipação de problemas e dão suporte de inteligência para a gestão do tráfego da cidade.
Os dados obtidos por essa interação entre os dispositivos municiam um Centro de Controle Operacional (CCO), onde os gestores de tráfego atuam com base nesses dados para tomar decisões e entregar soluções dinâmicas para uma fluidez maior e mais segura do trânsito.
Por meio de câmeras, sensores e medidores é possÃvel, por exemplo, realizar a contagem dos veÃculos, fazer a classificação de cada um, saber a velocidade média, trajeto e todos os detalhes úteis a uma gestão mais eficiente do tráfego. Assim, os gestores conseguem atuar em tempo real para otimizar o fluxo, evitar engarrafamentos e até mesmo prevenir acidentes e mortes no trânsito, outra caracterÃstica fundamental de uma cidade inteligente.
Para que tudo transcorra sem riscos, é essencial o pleno funcionamento da rede 5G, que garante a troca de dados em altÃssima velocidade no menor tempo de resposta entre uma ponta e outra.
"O primeiro benefÃcio direto, naturalmente, é a oferta de serviços de mobilidade com maior qualidade e eficiência. Indiretamente, a implementação de soluções inteligentes também confere maior qualidade de vida e segurança aos cidadãos, além de ter impacto direto na economia local, refletindo na geração de empregos e, consequentemente, no aumento de renda dos moradores", afirma o arquiteto e urbanista Gustavo Kummer de Paula, diretor de planejamento e informação da Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans).
Em detrimento do uso do transporte individual motorizado, a cidade inteligente prioriza a mobilidade ativa, com o compartilhamento de bicicletas, e o transporte público coletivo com um sistema de integração fÃsica e tarifária entre os diferentes modais.
A mobilidade elétrica é outra caracterÃstica de uma "smart city", pois a eletrificação da frota de transporte coletivo público e o incentivo ao uso de veÃculos elétricos comerciais e particulares asseguram a redução das emissões de gases e da poluição sonora, entre outros benefÃcios para a população e para o meio ambiente.
Com infraestrutura e eficiência energética, é necessária uma distribuição satisfatória de eletropostos públicos de recarga acoplados a fontes de energia renovável, como a fotovoltaica, o que garante a circulação sem restrições da frota elétrica.
"Devemos sempre considerar as questões ambientais. As mudanças climáticas são uma realidade e é necessário o comprometimento com polÃticas públicas e projetos que incluam esse fator como ponto focal, de forma que sejam propostas soluções mais sustentáveis e que promovam a redução das emissões de gases de efeito estufa", afirma o gestor da BHTrans.
Além da preocupação com a questão ambiental e o investimento em tecnologia, o trânsito em uma cidade inteligente também deve ser pensado para o bem-estar de pedestres, ciclistas e veÃculos, tendo como base o princÃpio da equidade, ou seja, com uma justa e equilibrada distribuição dos espaços reservados a esses três grupos. Uma mobilidade urbana eficiente, humanizada e segura para toda a população é caracterÃstica obrigatória, conforme critérios do Cities Motion Index da IESE Business School, da Espanha.
Os planos diretor e de mobilidade urbana devem ser integrados com o objetivo de otimizar os serviços e garantir uma vida melhor das pessoas no trânsito, facilitando os deslocamentos e a acessibilidade de todos, independentemente da faixa etária e das diferentes condições de locomoção de cada indivÃduo.
"O princÃpio da equidade aliado à infraestrutura tecnológica é o que permite o desenvolvimento de uma cidade mais acessÃvel, sustentável, democrática, dinâmica e, portanto, mais inteligente", explica Kummer.