Ensino em tempo integral gera benefícios para estudantes e famílias

Estudo revela que manter crianças por mais tempo no ambiente escolar ajuda mães a ter maior participação no mercado de trabalho

Estudar apenas quatro horas por dia é muito pouco, afirma André Lázaro, diretor da Fundação Santillana, que defende a permanência de crianças e adolescentes por mais tempo nas escolas.

"O ensino em tempo integral traz muitas vantagens não apenas para os jovens, mas para pais e mães", aponta. Entre elas, cita um recente estudo feito por pesquisadores do Núcleo de Estudos Raciais do Insper e do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

O material revela que manter as crianças por um período a mais no ambiente escolar ajuda as mães a ter uma maior participação no mercado de trabalho.

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Como consequência, aumenta a renda das famílias, porque as mães têm a oportunidade de trabalhar por mais horas e, assim, ganhar melhores salários (veja nas páginas 10 e 11 diversas vantagens do ensino em tempo integral).

"Passar apenas quatro horas por dia na escola é muito pouco. Em diversos países, as crianças ficam por muito mais tempo. E isso faz toda a diferença. Precisamos ampliar o sentido da educação, formar melhor as crianças", defende Lázaro.

A escola deve ser não apenas o local em que os jovens ganham conhecimento mas um ambiente estável, seguro e que cultive relações de respeito.

"Para as famílias, a permanência dos filhos ao lado de professores e de outros colegas vai muito além da transmissão de conhecimento. As instituições de ensino ajudam pais e mães a equilibrar a vida pessoal com o trabalho, é um lugar em que os filhos estarão seguros, convivendo com outros jovens, ampliando o universo cultural", afirma Lázaro.

"A busca das famílias por educação em tempo integral atende aos anseios sociais e educacionais", completa.

Lázaro recorre ao filósofo francês Pierre Bourdieu (1930-2002) para exemplificar a importância de as crianças permanecerem por mais tempo no ambiente escolar: "A educação é um caminho possível para promovermos a mobilidade social. Mas não pode ser qualquer educação. Bourdieu falava bastante sobre capital cultural. A educação em tempo integral permite a formação de um capital cultural muito mais democratico. As crianças têm acesso a mais informações, recebem mais ferramentas para se desenvolverem. E as famílias percebem isso."

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Henrique Assale/Estúdio Folha

Para Lázaro, a educação em tempo integral deveria ser incentivada desde os primeiros anos de uma criança. Mas ele aponta que o país se preocupa muito mais com esse tema para os adolescentes que estão no ensino médio.

Há um debate sobre quando é mais oportuno desenvolver a educação em tempo integral. "Hoje, o país parece entender que isso deve ocorrer no ensino médio."

Ele continua: "Temos quase 8 milhões de jovens matriculados no ensino médio. E 15% cursam durante o período noturno. Precisamos levar eles em conta, porque podem ser jovens que trabalham. Como eles vão passar para um período integral? A questão não se resume a isso. É preciso olhar para o ensino em tempo integral também na educação infantil e nos primeiros anos do fundamental".

Os benefícios da educação em tempo integral tanto para os alunos como para as famílias é compartilhado por Cláudia Tricate, diretora do Colégio Magno/Mágico de Oz.

"Sempre foi um dos nossos grandes diferenciais. A permanência dos estudantes no contraturno foi se ampliando com o tempo. Quando nasceu, era um segundo período, algo opcional com algumas atividades extracurriculares e auxílio para o estudo", explica.

"Mas começamos a entender que essa permanência das crianças na escola era um desejo forte das famílias, até em termos de logística, por exemplo. Para os alunos, é muito bom porque eles podem fazer as tarefas aqui, estudam aqui e permanecem na companhia dos colegas."

Atualmente, a maioria dos alunos do Magno/Mágico de Oz opta por ficar dentro dos muros da escola em um horário estendido, mesmo sem ter essa obrigatoriedade.

"Por diferentes motivos, eles escolhem ficar conosco. Para estudar com os colegas, para se aprofundar em alguma matéria, para participar de um curso, para praticar um esporte. E isso é bom também para a escola, porque passamos a ser um lugar de convivência nos mais diversos moldes e possibilidades."

No Colégio Magno/Mágico de Oz, os alunos que optam por permanecer ali fora do horário regular têm à disposição uma oferta vasta de opções para preencher o tempo.

Há atividades esportivas, como esgrima, futebol, modalidades de aventura (como caiaque), além de dança, robótica, pilates e balé, entre outras.

Tricate conta que os estudantes que escolhem os programas High School e Global também têm a chance de permanecer no colégio por mais horas.

"O High School é um programa de duplo currículo, reconhecido pelo governo americano. No contraturno, os alunos fazem disciplinas que estão no currículo americano. Ao final de quatro anos, ganham a dupla titulação."

É cursado por adolescentes do nono ano do fundamental à terceira série do ensino médio.

Já o Global, diz Tricate, é um programa também reconhecido pelo governo americano, para crianças do sexto ao oitavo ano do fundamental.

"Elas fazem cursos de inglês à tarde. Muitas ficam na escola até as 21h, treinando algum esporte, se aprofundando em matérias como física, cálculo, iniciação científica."

Escola internacional que está no Brasil desde 2011, o British College of Brazil recebe seus estudantes no início da manhã. Eles permanecem no ambiente escolar até o meio da tarde.

São alunos que fazem atividades como música, teatro e artes, entre outras. Além disso, podem permanecer na escola para realizar atividades extra-curriculares.

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha