Censo Escolar alerta para a qualidade do ensino

Estudo revela também a busca dos jovens por alternativas que aproximem a escola do mundo do trabalho

A imagem mostra um grupo de crianças em uma sala de aula. Em primeiro plano, um menino de cabelo curto e liso, com uma camiseta branca e gola azul, está sorrindo para a câmera. Atrás dele, um outro menino, também sorridente e usando um boné preto, faz uma expressão divertida. Ao fundo, várias meninas e meninos estão sentados em mesas, alguns com as mãos levantadas, parecendo se divertir.

Shutterstock / J.P. Junior Perei

O Dia da Educação completa 25 anos nesta segunda-feira, 28 de abril. Em 2000, no Fórum Mundial da Educação, ocorrido no Senegal, líderes de 164 países se comprometeram a implementar ações para garantir a educação básica a todas as crianças e jovens do mundo.

Aqui no Brasil, a data é motivo para muitas celebrações – e outras tantas preocupações em relação ao presente e ao futuro.

Um ponto de partida para analisar como está a educação no país é o Censo Escolar divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2024. O estudo revela tanto os avanços importantes que foram feitos nos últimos anos como os desafios que precisam ser encarados.

Segundo dados do Censo, o país contava, em 2024, com 179,2 mil escolas de educação básica em funcionamento. O número de professores chegava a 2,3 milhões. Eles eram responsáveis pelo aprendizado de 47,1 milhões de estudantes, da creche ao ensino médio (desses, 294 mil alunos eram de comunidades indígenas e 279 mil moravam em comunidades quilombolas).

A educação infantil é um dos pontos do Censo que merecem especial atenção. Eram 78,1 mil creches em funcionamento, com atendimento a 4,18 milhões de crianças. Apesar do número expressivo, a oferta ainda não atende, nem de longe, a toda a demanda nacional.

"Tivemos avanços nas últimas décadas, como a ampliação da oferta de educação infantil, mesmo na etapa da creche. Estamos atingindo metas do Plano Nacional da Educação, que previa que ao final da década teríamos cobertura de 50% das crianças de até três anos", analisa Cesar Callegari, sociólogo e presidente do Conselho Nacional da Educação.

Houve um avanço, mas a meta ainda não foi atingida. "No caso da pré-escola, na cobertura de atendimento, estamos bem próximos a 100% para crianças de quatro e cinco anos", afirma Callegari.

No ensino fundamental, eram 26 milhões os alunos matriculados, enquanto o ensino médio agrupava 7,8 milhões de estudantes. Um dado relevante é o do ensino técnico integrado ao ensino médio, com 2,38 milhões de matrículas. Mostra a busca dos jovens por alternativas que aproximem a escola do mundo do trabalho.

Outro avanço é o aumento do tempo de permanência dos alunos na escola: 9,2 milhões de estudantes já estão matriculados em tempo integral, uma estratégia fundamental para melhorar a aprendizagem e combater desigualdades.

"Uma analogia que podemos fazer é em relação à fotografia e ao cinema. Se tirarmos uma fotografia da educação hoje, com os dados que temos, ficaremos meio desesperançosos. A foto nos mostra que metade das crianças chegam ao terceiro ano do fundamental ainda não plenamente alfabetizadas. Isso tem consequências", afirma Beatriz Alquéres, gerente-executiva de advocacy do Instituto Ayrton Senna.

No entanto, segundo ela, se olharmos para o filme, a percepção será diferente. "No passado a situação era muito pior. O Brasil deu um salto no acesso à escola, algo que poucos países deram em tão pouco tempo. Em meados dos anos 70, mais da metade da população que deveria estar na escola estava fora dela", diz Alquéres.

O Censo Escolar 2024 mostra que o Brasil avançou de forma significativa no acesso à educação básica, diversificou a oferta, ampliou o ensino integral e está cada vez mais próximo de universalizar o atendimento na pré-escola.

Entretanto, a qualidade da aprendizagem, o acesso às creches e a valorização dos professores ainda são desafios que precisam ser encarados com a devida urgência.

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha