Mato Grosso saneia contas e investe para atrair empresas

Estado é recordista no país na proporção entre investimento e receita líquida; ampliação da infraestrutura retroalimenta a economia

Pavimentação da MT-130, entre Paranatinga e até o distrito de Sete Placas

Pavimentação da MT-130, entre Paranatinga e até o distrito de Sete Placas Mayke Toscano/Secom-MT

O governo de Mato Grosso tem aumentado o investimento público para melhorar a infraestrutura do estado e atrair mais empresas privadas. Nos últimos dois anos, o poder público investiu mais de R$ 1,9 bilhão em diferentes áreas, a maior parte em recuperação de rodovias, aplicação de asfalto novo e construção de pontes de concreto. Líder na produção de grãos no país, Mato Grosso depende de sua malha viária para o escoamento da produção.

“Estamos fazendo investimentos expressivos nessa área para diminuir os custos de logística, o que retroalimenta os investimentos”, afirma o governador mato-grossense, Mauro Mendes.

No ano passado, os investimentos estaduais somaram R$ 1,1 bilhão, ou 6% da receita corrente líquida (RCL), sendo que a média nacional foi de 5%, o que coloca Mato Grosso como o estado brasileiro que mais investe proporcionalmente à sua RCL.

A perspectiva é de crescimento contínuo. O estado prevê investir R$ 3,1 bilhões neste ano, ou 15% de sua RCL; e R$ 4,5 bilhões em 2022, ou 20% da receita. No total, um programa de desenvolvimento batizado de “Mais MT” prevê aportes de R$ 9,5 bilhões de 2019 a 2022 em 12 áreas. Além da infraestrutura, estão contemplados setores como educação, saúde e segurança pública.

“Os investimentos não têm por objetivo somente facilitar a logística de transporte da safra e de insumos mas também gerar empregos e movimentar as economias dos municípios”, diz o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda. Ele acrescenta que empresários e trabalhadores querem segurança jurídica para investir, educação para os filhos, e saúde e segurança para suas famílias.

O pacote contempla empreendimentos como construção e reforma de escolas e hospitais e aquisição de equipamentos e renovação de frota para as polícias. Mendes destaca que os investimentos estão sendo feitos majoritariamente com recursos próprios.

Isso só é possível porque o governo saneou as contas públicas, reduzindo despesas e ampliando a arrecadação. A aprovação de uma Lei de Responsabilidade Fiscal e de uma reforma da Previdência locais fez com que o tamanho da folha de pagamentos em relação à RCL caísse de 64% para 52% em dois anos.

Na outra ponta, o estado remodelou seus sistema de incentivos fiscais, cortou privilégios, aumentou a isonomia e a transparência, reduziu a burocracia e agilizou o processo de concessão de benefícios, tornando-o totalmente online. “O principal papel do governo é criar um bom ambiente de negócios para estimular o investimento privado”, afirma o governador.

A prioridade do estado é atrair indústrias ligadas ao agronegócio, como frigoríficos e usinas de biocombustíveis. Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de soja, milho, etanol de milho e carne bovina, entre outros.

O Produto Interno Bruto (PIB) do estado cresce acima da média nacional, apesar da pandemia de Covid-19. Pela projeção, o PIB cresceu em 2020 5,53% sobre o ano anterior, chegando a R$ 157 bilhões. “Houve aumento do PIB no ano passado em função da vocação de produtor de alimentos do estado”, afirma o secretário da Fazenda de Mato Grosso, Rogério Gallo. “A demanda cresceu sobretudo por causa das exportações”, acrescenta. As vendas externas mato-grossenses somaram US$ 18,2 bilhões em 2020, um aumento de 6% sobre o ano anterior.

Na área ambiental, o estado adotou uma política de tolerância zero com o desmatamento ilegal. “O governo atua para que a lei seja cumprida e tem sido implacável com o desmatamento ilegal”, ressalta o governador. Isso inclui o monitoramento via satélite das florestas e parcerias com o Ministério Público. A mata nativa cobre 62% do território do estado.

Mesmo assim, Mato Grosso é um dos poucos estados do país que está acelerando as análises de cadastros ambientais rurais (CAR). A safra aumenta principalmente por meio de ganhos de produtividade e recuperação de pastagens degradadas. “Nós vamos superar a produção de 100 milhões de toneladas de grãos sem derrubar uma árvore sequer”, diz o governador. Na última safra, o estado colheu 72,81 milhões de toneladas

Pavimentação da MT 402 - Ciclofaixa tem extensão de 7,76 quilômetros
Pavimentação da MT 402 - Ciclofaixa tem extensão de 7,76 quilômetros - Marcos Vergueiro/ Secom-MT

Empresários apostam no crescimento de negócios

Empresários de Mato Grosso estão confiantes com as perspectivas de negócios e investem no aumento da produção. Em 2019, os investimentos alcançaram R$ 24,7 bilhões. José Aparecido dos Santos, proprietário do frigorífico União Avícola, é um dos principais produtores de carne de frango da região e investe R$ 40 milhões na ampliação da capacidade de abate da empresa de 150 mil para 200 mil aves por dia.

“Em 2019, obtivemos habilitação para exportar para a China, e boa parte de nossas exportações vai para lá”, afirma. Santos está criando ainda instalações para produção de ração para animais de estimação e aplicando R$ 100 milhões na construção de novos aviários em suas granjas.

Ele elogia as medidas de desburocratização e de incentivos fiscais adotadas no estado e destaca outros atrativos: abundância de matéria-prima, como a que serve de ração para animais, e disponibilidade de mão de obra. A cada seis novos empregos criados no Brasil em 2020, um foi no estado.

O também empresário Marino Franz ressalta que o estado adotou leis claras que garantem segurança jurídica aos investidores. “Executivo, Legislativo e área fazendária estão unidos”, afirma.

Um dos destaques hoje em Mato Grosso é o etanol de milho. O estado é líder na produção do grão. Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, foram realizados cerca de R$ 10 bilhões em investimentos privados nessa indústria nos últimos três anos. Um subproduto do etanol de milho é o DDG, grão seco que sobra da destilação e serve como ração animal.

“A tendência é que as indústrias de processamento de etanol de milho e DDG se mudem para Mato Grosso”, afirma Franz, que tem participação na empresa FS Bioenergia, de etanol. “Cerca de 60% de nossa produção de milho ainda é exportada, portanto há muito espaço para mais plantas de etanol”, conclui o secretário da Fazenda do estado, Rogério Gallo.