Mato Grosso é conhecido pela força de seu agronegócio, sendo recordista em várias culturas, mas a agricultura familiar tem enorme importância para a economia local, pois responde pela maior parte dos empregos no campo, está presente em todas as regiões, é diversificada e anda junto com a sustentabilidade.
“A agricultura familiar tem grande campo para crescer”, afirma o secretário estadual de Agricultura Familiar, Silvano Amaral. Mais de 120 mil famílias trabalham nessa atividade.
Os principais produtos são leite, café, cacau, frutas, mandioca e hortaliças. O governo atua em parceria com produtores para desenvolver essas culturas por meio de assistência técnica, melhoramento genético, mecanização, irrigação e regularização fundiária.
“Queremos potencializar o que os produtores já fazem”, diz Amaral. A ideia é desenvolver as culturas características das diferentes regiões, ampliando a produtividade e a renda, e fixando as famílias no campo. “O desenvolvimento da agricultura familiar melhora a qualidade de vida das pessoas”, acrescenta.
Para fomentar o setor, o governo estadual promove o projeto Mato Grosso Produtivo, parte do Programa Mais MT. A pecuária leiteira é um dos focos, e a transferência de embriões é a ferramenta para a melhoria genética do rebanho.
“São embriões de vacas de alta produtividade”, diz Alencar da Silva, produtor de leite em Campinápolis, na região Oeste do Estado. Ele é um dos beneficiados pelo programa. Os embriões são obtidos por meio de fertilização in vitro e transferidos para gestação em vacas que atuam como barrigas de aluguel. A secretaria fornece também sêmen de touros de raça para inseminação artificial. Já foram investidos R$ 3,5 milhões nessas ações em 33 municípios.
O estado promove ainda doação de resfriadores de leite, prevê a instalação de 11 Unidades de Referência Tecnológica (URTs) – para aprimoramento de práticas de manejo – e fornece calcário para correção de solo. Em janeiro foram entregues 200 resfriadores para 67 municípios e outros 175 estão sendo adquiridos para distribuição ainda neste ano.
O café é outro destaque do programa. O estado está entregando aos produtores mudas de café clonal das variedades conilon e robusta de alta produtividade. A previsão é fornecer 3,5 milhões de mudas até o fim de 2022 em 50 municípios, renovar cerca de mil hectares de cafezais e acrescentar 70 mil sacas à produção. Serão beneficiadas 700 famílias.
Segundo Amaral, espera-se ampliar a produtividade média de 30 para 100 sacas por hectare.
Nessa seara, a assistência técnica é essencial. “É preciso fazer a adubação correta, a irrigação correta, o manejo correto. Se não for assim, não funciona”, comenta André Francisco de Souza, produtor de café em Colniza, no norte do estado.
Outra frente de ação é a mecanização. Nos últimos dois anos, a secretaria estadual realizou a entrega de 58 “patrulhas mecanizadas” para prefeituras, associações e cooperativas.
São máquinas e equipamentos como tratores, carretas, enxadas rotativas, ensiladeiras e grades aradoras, num total de R$ 10,2 milhões em investimentos.
Foram beneficiadas 52 cidades até agora. “O modelo de enxada na mão hoje não paga nem o custeio da mão de obra”, observa o secretário.
As ações de desenvolvimento têm previsão de investimentos de R$ 185 milhões até 2022.
"O desenvolvimentoda agricultura familiar melhora a qualidade de vida das pessoas"
Silvano Amaral, secretário estadual de Agricultura Familiar de Mato Grosso
Produtores esperam aumento de produtividade e de renda
Pequenos produtores rurais de Mato Grosso esperam aumentar a produtividade de suas propriedades e a renda das famílias com o apoio do governo do estado. Alencar da Silva produz leite na Bacia Leiteira do Vale do Araguaia e recebeu embriões de vacas de alta produtividade, sendo que nove bezerras da raça girolando já nasceram. “São embriões de vacas de alta lactação, que podem chegar a produzir 25 litros de leite por dia em média”, afirma. Mato Grosso está na 11a posição na produção nacional de leite.
“Nós não conseguimos ir a São Paulo, Minas Gerais e Paraná buscar animais, então, esse programa [de distribuição de embriões] ajuda a todos os produtores”
Alencar da Silva, produtor de leite na Bacia Leiteira do Vale do Araguaia
Os embriões são implantados em vacas por uma empresa contratada pelo governo. O estado fornece também sêmen para inseminação artificial. Silva tem 40 cabeças e produz cerca de 400 litros de leite por dia, mas espera chegar a 800.
Já André Francisco de Souza produz café robusta com a mulher e um casal de filhos em Colniza, no norte do estado. Ele domina todo o ciclo de produção, desde as mudas até a torrefação e a embalagem.
A família tem sete hectares plantados com café, neste ano espera colher 700 sacas e precisa contratar gente para auxiliar na colheita. “Eu e minha família sozinhos não damos conta”, comenta Souza. As mudas de robusta, segundo ele, foram trazidas originalmente de Rondônia e são de um café premiado.
Na área de mecanização, Quezia Silva, presidente da Apeprosari (Associação dos Pequenos Produtores do Projeto de Assentamento Santa Rita), de Ribeirão Cascalheira, no oeste de MT, conta que a entidade recebeu recentemente um trator 4x4, uma grade para limpeza de terreno, uma carreta basculante e 700 toneladas de calcário para correção do solo.
O assentamento tem 327 lotes, e as principais atividades por lá são pecuária e horticultura. “O trator ajuda muito os ‘parceleiros’, principalmente no serviço de gradeamento, de limpeza da área para plantio. Alguns têm [máquinas próprias], mas a maioria tem de fazer isso no braço mesmo”, conta Quezia.