Um parque esportivo e cultural em Cuiabá, com autódromo de padrão internacional e homologado para sediar corridas de importantes competições do automobilismo e motociclismo mundiais, como a Fórmula Indy e a MotoGP, integra a lista de ações, programas e projetos estaduais que começam a transformar o esporte em Mato Grosso.
Ao lado de lazer e cultura, o esporte compõe um dos 12 eixos estruturantes do Mais MT, pacote de investimentos do governo mato-grossense calculado em R$ 9,5 bilhões para o período 2019/2022. Somente neste ano, o valor do investimento corresponde a 15% da receita corrente líquida do estado. Desse montante, mais de R$ 170 milhões serão aplicados diretamente no esporte.
“Esses investimentos mudam a realidade da economia em Mato Grosso. Temos o impacto direto, com a geração de empregos, obras e oportunidades, e o indireto, que é a maior transformação social provocada pelo esporte, com menos gasto com segurança pública e saúde”
Alberto Machado, o "Beto Dois a Um", secretário estadual de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso
Concomitantemente ao investimento em mais de cem atletas de alto rendimento do estado, no esporte social e na conclusão de obras atrasadas por gestões anteriores, o governo de Mato Grosso vê no projeto do Parque Multieventos não apenas uma atração esportiva, de lazer e cultural, mas também uma forte alavanca ao trade turístico estadual.
Distante menos de 20 quilômetros do centro de Cuiabá, 60 da Chapada dos Guimarães e 100 do Pantanal, o complexo vai funcionar em meio a um cenário de natureza exuberante em uma área de 300 hectares.
Com iluminação para corridas noturnas, o Autódromo Internacional de Mato Grosso será o principal aparelho esportivo do parque, cujo masterplan (planejamento físico-espacial) se encontra em fase de conclusão.
A demarcação da área foi concluída, e as obras de terraplanagem estão em andamento. A expectativa é de que o complexo tenha pistas de kart, motocross, ciclismo e caminhada, além de espaço para shows e eventos, entre outros.
O objetivo é que o autódromo, que será concebido nos padrões adequados para homologação pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e pela Federação Internacional de Motociclismo (FIM), possa sediar futuramente provas de Stock Car e Fórmula Truck, além de outras internacionais, como a Fórmula Indy.
“A previsão é de que as obras do parque sejam concluídas até o fim de 2022. Antes disso, vamos iniciar as conversas e negociações com diversas categorias nacionais e internacionais de automobilismo e motociclismo, a fim de começar a pleitear o posto de sede a partir da temporada 2023”, explica Beto Dois a Um.
ARENA MULTIUSO
O cenário efervescente pela política de estímulo e aplicação de recursos no esporte coincide com o retorno do estado de Mato Grosso à elite do futebol nacional após um hiato de 35 anos. Quarto colocado na Série B do Campeonato Brasileiro de 2020, o Cuiabá obteve o acesso e vai disputar a Série A neste ano. A última participação de uma equipe mato-grossense datava de 1986, com o Operário, de Várzea Grande.
A Arena Pantanal será o palco do Cuiabá na principal competição nacional de clubes. Obra da Copa do Mundo de 2014 que chegou a ter o rótulo de “Elefante Branco” pela utilização pouco frequente e deficitária nos anos seguintes, o equipamento tornou-se, agora, uma referência de espaço multiuso.
Além de receber jogos de futebol, a Arena Pantanal abriga uma escola estadual vocacionada ao esporte, uma sede provisória do Detran-MT e o Centro de Triagem Covid-19, um espaço temporário estratégico no combate à pandemia de Covid-19 em Cuiabá.
“O governo do estado está investindo na Arena um valor que até hoje nunca tinha sido investido em toda a história”, elogia Aron Dresch, presidente da Federação Mato-Grossense de Futebol.
O orçamento do Mais MT contempla a Arena Pantanal com valor superior a R$ 20 milhões. Melhorias na infraestrutura estão sendo realizadas, além de adequações nos sistema de segurança e de pânico do estádio.
O complexo esportivo do espaço conta, ainda, com o Ginásio Aecim Tocantins, uma piscina olímpica e uma quadra de vôlei de praia e futevôlei, totalizando uma área de 340 mil metros quadrados.
ALTO RENDIMENTO E SOCIAL
Em 2019, no primeiro ano da atual gestão do governo estadual, o Mais MT propiciou a conclusão das obras do Centro Olímpico de Treinamento (COT), que estavam paralisadas havia quatro anos. Localizado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o complexo tem pista de atletismo de padrão internacional e estrutura completa, incluindo vestiários climatizados.
Por meio do projeto Olimpus, regularizado pela atual gestão após anos de pendências anteriores, o Mais MT também assegura investimentos em esportes de alto rendimento a 151 atletas (profissionais e de base) de quatro categorias, com bolsas que variam de R$ 250 a R$ 1.600 por mês.
O esporte social também é contemplado pelo programa de investimentos do governo de Mato Grosso. Com o objetivo de fomentar iniciativas que ajudam a efetivar o direito ao esporte e ao lazer em comunidades e populações mais vulneráveis, 19 organizações da sociedade civil receberam em 2020 prêmio de R$ 15 mil, cada uma.
CICLISMO
Uma das atividades físicas mais praticadas no Brasil, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo IBGE, o ciclismo tende a ganhar cada vez mais adeptos em Mato Grosso, de acordo com o secretário estadual Beto Dois a Um. Isso porque o governo vem investindo na revitalização e ampliação da infraestrutura cicloviária.
“Criamos mais de 47 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas em todo o estado. Começamos pela Estrada da Chapada, circuito do Coxipó do Ouro, (rodovia) Mário Andreazza, e, agora vamos fazer no sentido Cuiabá-Santo Antônio de Leverger, município distante 32 quilômetros de Cuiabá”, adianta o secretário estadual.
Medalhista olímpico celebra retomada do projeto Olimpus e vê futuro promissor para atletas de Mato Grosso
Medalha de prata nos jogos de Sydney 2000 e de bronze em Pequim 2008 no revezamento 4x100m, o velocista Vicente Lenílson, de 43 anos, vê na reformulação e retomada do projeto Olimpus o início de uma era promissora para os atletas de alto rendimento em Mato Grosso.
O projeto, que já contempla quatro categorias de bolsas, vai lançar mais duas nos próximos dias, beneficiando técnicos nacionais e internacionais.
“Essas bolsas assumem um papel imprescindível na carreira do atleta e permitem a ele investir na carreira e obter melhores desempenhos. É de suma importância destacar a iniciativa da atual gestão do governo de Mato Grosso de resgatar o projeto Olimpus”
Vicente Lenílson, medalhista olímpico no atletismo
Lenílson está radicado desde 2014 em Cuiabá, onde mantém o Instituto Vicente Lenílson, que atende a 150 crianças e adolescentes de 8 a 17 anos com práticas esportivas educacionais.
O velocista comemora a realidade animadora do esporte de Mato Grosso ao falar também da conclusão das obras do Centro Olímpico de Treinamento (COT), o que beneficia diretamente o atletismo estadual e nacional. “Mato Grosso tem uma gama de atletas reconhecidos nacional e internacionalmente no atletismo, e o COT pode potencializar o desempenho deles pela infraestrutura de qualidade, com equipamentos de alta tecnologia que permitem o melhor desempenho possível na performance esportiva”, afirma.
À frente de um projeto vitorioso de atletismo no município de Sorriso, a 396 quilômetros de Cuiabá, Marcos Vieira é técnico de 16 atletas beneficiados pelo projeto Olimpus e corrobora a análise de Vicente Lenílson sobre os ventos a favor no esporte do estado.
“O COT traz um novo horizonte para o atletismo de Mato Grosso. É uma pista que dá todas as condições para um atleta obter índices de competições internacionais”
Marcos Vieira, que coordena projeto de atletismo em Sorriso
Entre os atletas treinados por ele há verdadeiras joias do atletismo mato-grossense que já despontam com potencial olímpico e medalhas em competições nacionais e internacionais, como o velocista Arielton Santos, 20, especialista nos 100m, 200m e 4x100m; a fundista de 800m e 1.500m Isabelle Almeida, 20; Nerisnélia Souza, 19, do salto triplo; Eric Victor, 18, dos 110m com barreira; e Luiz Victor, 19, do salto triplo.
Natural de Cuiabá, o judoca David Moura, 33, medalha de prata no Mundial de Budapeste 2017 e ouro nos Jogos Panamericanos de Toronto 2015, é outro atleta de peso que se mostra feliz com o novo contexto do esporte em Mato Grosso.
“O COT pode contribuir muito para a formação de novos atletas. Com essa estrutura de primeira, muitos se beneficiarão para treinar adequadamente sem ter que buscar os grandes centros. Já as bolsas possibilitam que se dediquem ao esporte, o que servirá de incentivo para seguir uma carreira profissional. E acredito muito também no esporte como ferramenta de transformação social”
David Moura, judoca
Já Joenil Rosa de Barros, de 38 anos, destaque cuiabano na corrida em cadeira de rodas, revela que chegou a pensar em se mudar de Mato Grosso em 2015, em busca de melhores condições de infraestrutura para praticar o paradesporto. A nova realidade iniciada em 2019, contudo, faz o atleta paralímpico sonhar cada vez mais alto.
“O COT vem deixando um legado muito importante não só para nós, atletas, mas também para a meninada que já fala que quer treinar lá. Com essa estrutura, eu consegui melhorar meu tempo na pista. Agora, a minha intenção é representar o estado no circuito nacional e internacional e, quem sabe, chegar a uma paralimpíada representando o Brasil e Mato Grosso”, projeta.
O esporte social, por sinal, também está contemplado pelos recursos do programa de investimentos Mais MT. “Esses investimentos estão alavancando o esporte como um todo no estado, impactando vidas e gerando empregos, além de qualidade de vida para todas as pessoas envolvidas”, afirma Wando Benedito, responsável pela instituição Futsal Sem Drogas, uma das 19 organizações da sociedade civil beneficiadas pela aplicação de R$ 15 mil feita para cada uma pelo governo estadual.