Imunização de adultos aumenta longevidade e qualidade de vida

Vacinação de idosos previne infecções graves, que podem deixar sequelas e impactar a expectativa de vida; idosos e portadores de doenças crônicas, como a DPOC, devem ficar especialmente atentos às vacinas recomendadas 1-5

Imunização de adultos aumenta longevidade e qualidade de vida

Imunização de adultos aumenta longevidade e qualidade de vida Estúdio Folha

A imunização é uma importante aliada do envelhecimento saudável 1,2 . "Envelhecer com qualidade de vida é prevenir as doenças que podem nos acometer nessa fase da vida", explica a geriatra Maisa Kairalla, presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Ela explica que os idosos são mais vulneráveis, principalmente os que têm comorbidades. "As doenças infecciosas os atingem com maior gravidade, como aconteceu com a COVID-19. Depois de um evento infeccioso, o idoso não volta a ser como era antes. Por isso, a prevenção é fundamental", explica.

O gerente médico de vacinas da GSK, Emersom Mesquita, reforça que a vacinação é particularmente importante para os idosos. "O envelhecimento está associado à imunossenescência, que é a diminuição da resposta imune, e ao aumento do risco e de evolução para formas graves de doenças infecciosas", afirma o infectologista.

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A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) possui recomendação de vacinação para esta população, que consta com as vacinas influenza, pneumocócicas, herpes zoster, tríplice bacteriana acelular adulto (dTpa), hepatites B, dentre outras 4 . "Também consideramos a vacina contra a COVID-19, embora ela ainda não esteja oficialmente no calendário de rotina", diz Maisa.

"Infecções do trato respiratório inferior estão entre as principais causas de morte no mundo, em todas as faixas etárias, e são potencialmente agravadas por condições associadas como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)9."

Presidente da SBIm, Juarez Cunha alerta que mesmo o vírus da influenza é extremamente perigoso para os mais velhos. "Estamos em plena campanha de gripe e a adesão está sendo muito baixa, mesmo entre profissionais de saúde e idosos, que formam um grupo de altíssimo risco. Precisamos reverter isso", diz.

Os perigos da influenza para os idosos são inúmeros, diz Mesquita, da GSK. "Nesta população existe um risco aumentado para adquirir a doença e para evolução de formas graves. Além disso, a influenza também aumenta o risco de complicações que surgem após o evento infeccioso inicial, como doenças cardiovasculares. Nos últimos anos, um número cada vez maior de estudos aponta a relação entre infecção e doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, por exemplo."

Cunha destaca também a importância das vacinas pneumocócicas para idosos: "A VPC13 e VPP23 protegem contra pneumonia e outras infecções respiratórias, otite, sinusite, meningite e infecção generalizada".

DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Os especialistas afirmam que a vacinação é parte importante do cuidado do indivíduo portador de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) 3,13,14, condição que cursa com obstrução da passagem do ar pelos pulmões, em geral associada ao histórico de tabagismo 6.

"Nos indivíduos com DPOC, a piora da condição de base da doença, conhecida como exacerbação, pode ser desencadeada, entre outros fatores, por doenças infecciosas. Neste contexto, a vacinação representa importante medida de combate a esses gatilhos, como podemos observar na recomendação destes imunizantes pelas Sociedades Brasileiras de Pneumologia (SBPT) e Imunizações (SBIM)13 ", destaca Mesquita.

Uma dessas doenças, que pode causar exacerbações nos indivíduos com DPOC, é a coqueluche, como conta o especialista. "Os indivíduos portadores de DPOC têm risco incrementado de ter coqueluche, com alguns trabalhos citando um risco mais de duas vezes maior. Além disso, nestes indivíduos a coqueluche é capaz de aumentar a frequência de visitas a emergência e de aumentar os custos com a doença", diz Mesquita.

HERPES ZOSTER

Outra doença com possíveis complicações graves e prevenível por vacina é o herpes zoster, causado pela reativação do vírus da catapora (varicela-zoster) 7 .

"As pessoas que tiveram contato com o vírus da catapora ao longo da vida têm o risco de desenvolver herpes zoster na velhice, pela redução da imunidade. É o mesmo vírus, com manifestações clínicas diferentes. Os dados mostram que um terço da população com mais de 75 anos terá herpes zoster", diz Maisa Kairalla.

E completa: "É uma doença grave, que pode causar neuralgia pós-herpética, que afeta os nervos, causando uma sensação constante de queimação ou dor que pode durar de alguns meses até anos. Ela piora muito a qualidade de vida do idoso."

A fonoaudióloga Thais Thedim, 80 anos, teve herpes zoster há quase um ano e ainda sofre com as sequelas da doença. "Passei noites acordada, chorando. Tive várias sequelas: perdi 8 quilos e, como perdi massa muscular, fiquei com dificuldade para andar. Cheguei a cair algumas vezes. Tive inclusive prejuízo neurológico: a doença afetou a minha memória e a fala, faltavam as palavras", conta.

A vacinação é aliada do envelhecimento saudável, explica Emersom Mesquita. "Considerando que o envelhecimento está associado a um risco aumentado de adquirir e evoluir para formas graves de doenças infecciosas, a vacinação é importante aliada na redução da morbimortalidade por estas doenças", conclui.

Após COVID-19, cresce apoio dos brasileiros à vacinação10

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que as vacinas ajudam a salvar a vida de cerca de 3 milhões de pessoas por ano. Segundo a entidade, outras 1,5 milhão de mortes poderiam ser evitadas se a cobertura global de vacinação tivesse maior alcance11.

Um comunicado da OMS, publicado em janeiro de 2019, colocava a hesitação para vacinar (ou seja, a relutância ou a recusa, apesar da disponibilidade da vacina) como uma ameaça ao progresso feito no combate às doenças evitáveis por imunização11.

Mas o sucesso da vacinação contra a COVID-19 pode ajudar a reverter essa situação10,12.

Estudo sobre vacinação em adultos realizado em 2021 pela Kantar com apoio da multinacional farmacêutica GSK registrou uma mudança de comportamento com a pandemia: agora mais pessoas valorizam a boa saúde. Foram entrevistados 16 mil adultos acima de 50 anos em oito países: Brasil, EUA, Canadá, Espanha, Itália, Reino Unido, França e Alemanha10.

Veja as principais conclusões10:

  • 3 em cada 4 pessoas consideram a saúde e o bem-estar muito importantes, contra 2 em 3 antes da COVID-1910.

  • Um número maior de pessoas passou a considerar a boa saúde mais importante para a qualidade de vida do que a segurança financeira10.

  • 8 em cada 10 pessoas têm maior compreensão dos benefícios da vacinação como meio de autoproteção10.

Antes da pandemia, 59% dos brasileiros entrevistados consideravam importante manter a vacinação de rotina em dia. Já no cenário pós-COVID-19, esse índice saltou para 83%10.

Referências:

1. U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES. Older Adults. Disponível em: <https://health.gov/healthypeople/objectives-and-data/browse-objectives/older-adults>. Acesso em: 13 set. 2022.

2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA E SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Geriatria: guia de vacinação (2016/2017). Disponível em: <https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2014/11/Guia-Geriatria-SBIm-SBGG-3a-ed-2016-2017-160525-web.pdf>. Acesso em: 13 set. 2022.

3. BUCK, P. O. et al. Economic burden of diagnosed pertussis among individuals with asthma or chronic obstructive pulmonary disease in the USA: an analysis of administrative claims. Epidemiology & Infection, v. 145, n. 10, p. 2109-2121, 2017.

4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Dos 20 anos aos 60+ (acesso em 12/07/2022). Disponível em: <https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-pg-adulto-20-ou-mais.pdf>. Acesso em: 13 set. 2022.

5. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Calendário do adulto e do idoso. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao/calendario-vacinal-2022/calendario-nacional-de-vacinacao-2022-adulto-e-idoso/view>. Acesso em: 13 set.2022.

6.BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica. Doenças Respiratórias Crônicas. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_respiratorias_cronicas.pdf>. Acesso em: 13 set. 2022.

7.SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Família. Herpes Zoster. Disponível em: <https://familia.sbim.org.br/doencas/herpes-zoster>. Acesso em: 13 set. 2022.

8. IBGE. Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&utm_medium=popclock>. Acesso em: 13 set. 2022.

9. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Health Estimates: Life expectancy and leading causes of death and disability. Disponível em: <https://www.who.int/data/gho/data/themes/mortality-and-global-health-estimates>. Acesso em: 13 set. 2022.

10. Pesquisa da GSK "Vacinação de adultos e envelhecimento saudável: lições da COVID-19". Disponível em: < https://www.br.gsk.com/media/7044/pesquisa-in%C3%A9dita-realizada-durante-a-pandemia.pdf> Acesso em: 13 set. 2022.

11. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Dez ameaças à saúde que a OMS combaterá em 2019. Disponível em: < https://www.paho.org/pt/noticias/17-1-2019-dez-ameacas-saude-que-oms-combatera-em-2019#gsc.tab=0>. Acesso em: 13 set.2022.

12. SENADO FEDERAL. Governo federal revoga decretos de enfrentamento à pandemia. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/05/23/governo-federal-revoga-decretos-de-enfrentamento-a-pandemia. Acesso em: 13 set. 2022.

13. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Pneumologia. Guia de imunização SBIm/SBPT. Disponível em: <https://sbim.org.br/images/files/guia-pneumologia-sbim-2018-2019.pdf>. Acesso em: 12 set. 2022.SOCIEDADE

14. BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Calendário de Vacinação. Pacientes Especiais. Disponível: <https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-pacientes-especiais.pdf>. Acesso: 12 set. 2022.