A sustentabilidade não é inimiga dos negócios. Ao contrário, formas de conservar o planeta e seus recursos podem significar lucros maiores e melhoria na qualidade de vida de todos os participantes das cadeias de produção. É nisso que acredita a PepsiCo, indústria global do ramo de alimentos que lançou a estratégia de sustentabilidade PepsiCo Positive (pep+) e vem transformando suas práticas para impactar de forma positiva as pessoas e o planeta, desde o plantio de alimentos até a distribuição do produto final, além do pós-consumo.
O Chief Sustainability Officer e membro do Comitê Executivo global da PepsiCo, Jim Andrew, visitou o Brasil e explicou detalhes do programa. Falou também do uso de tecnologia e de inovações para otimizar a produção agrÃcola e reduzir o impacto ambiental das operações da empresa em solo brasileiro.
O Brasil, segundo Andrew, se firmou como um dos principais espaços de experiências do pep+ em busca de práticas e soluções que possam ser replicadas em outros mercados, ajudando no futuro do planeta.
"O Brasil tem sido um grande laboratório para nós porque, no lado da agricultura, há sofisticação e disposição dos agricultores para tentar coisas novas. Em nossas próprias operações, temos uma equipe de gestão muito progressiva", diz o executivo. "Acho que, de muitas maneiras, o Brasil está realmente liderando o caminho e estamos animados."
Leia abaixo a entrevista.
O que é Pepsico Positive (pep+) e como a empresa está envolvendo comunidades agrÃcolas no Brasil ao longo desta jornada?
Pepsico Positive é um programa que lançamos com a visão de colocar a sustentabilidade diretamente no centro de nossa estratégia de negócios. Ele está estruturado em três pilares: agricultura positiva, cadeia de valor positiva e escolhas positivas.
Vou me concentrar na agricultura positiva. Você sabe que a agricultura é essencial para a Pepsico, somos uma empresa agrÃcola em nosso âmago, usamos 30 ou 35 grandes safras de cerca de 60 paÃses. Então, se os agricultores não conseguem cultivar, nós não temos um negócio.
Sempre pensamos que essa era uma parte essencial do que precisávamos fazer: trabalhar com os agricultores para ajudá-los a enfrentar desafios, seja o clima extremo, as mudanças climáticas ou qualquer outra coisa com que estejam lutando. E como trabalhamos com os agricultores para mantê-los cultivando? Como os ajudamos a ter sucesso e a serem lucrativos? Sabemos que eles estão tentando colocar comida na mesa, literalmente, e tentando ganhar dinheiro para poder alimentar suas famÃlias. E muitos dos nossos agricultores em nossa cadeia de suprimentos globalmente, e certamente no Brasil, são pequenos agricultores. Precisamos garantir que eles sejam bem-sucedidos, resilientes, mas também lucrativos para melhorar seus meios de subsistência, bem como garantir o fornecimento para nós.
Já fizemos muitas coisas nessa área. A PepsiCo Brasil é uma das maiores compradoras de, por exemplo, batatas. Também compramos muito milho. O relacionamento com nossos agricultores diretos é altamente estratégico para nós. Muitos dos relacionamentos são multigeracionais. Eles são altamente estratégicos porque são centrais para o nosso negócio.
Então, quando olhamos para nossa estratégia de sustentabilidade e para a agricultura positiva, dizemos que realmente precisamos fazer tudo o que pudermos para trabalhar com eles.
No Brasil, por exemplo, temos cerca de 20 grandes fornecedores de batatas e estamos trabalhando com 6 ou 7 neste momento para fazer uma pesquisa sobre tipos de culturas de cobertura, para manter o solo sempre coberto com algum tipo de raiz viva. Precisamos saber quais delas funcionam melhor em diferentes condições climáticas e de solo. Estamos tentando trabalhar com o fazendeiro para ajudá-lo a ter um solo saudável que melhore a capacidade de reter água, melhore a resiliência da cultura, ajude a biodiversidade e, finalmente, ajude-o a ser mais bem-sucedido e eficaz.
Esses agricultores, cujas terras chegam a cerca de 1.700 hectares, plantam diferentes culturas de cobertura em diferentes condições, registram as informações e com elas podem melhorar a produção. Também disponibilizamos as informações para a indústria porque os agricultores cultivam muitas safras para muitos usos finais e empresas diferentes. Ao ajudar esses agricultores a serem mais eficazes e bem-sucedidos, ampliamos a produção não apenas para o nosso negócio, mas para o paÃs e, em última análise, em muitos casos, para o mundo.
Qual o papel do Brasil no processo de transformação que a PepsiCo está liderando com o pep+?
Olhamos para todos os paÃses onde adquirimos safras como fontes de aprendizado. No Brasil, descobrimos que os agricultores são muito sofisticados, são muito eficazes em nos ajudar não apenas a adotar novas práticas aqui mesmo no Brasil mas em todo o mundo.
A agricultura é uma atividade muito intensiva em informações. Para um pequeno agricultor, pode ser o aprendizado que veio de uma geração anterior, do pai ou avô, por exemplo. Mas cada vez mais a agricultura é um negócio muito intenso em tecnologia.
Por exemplo, introduzimos uma tecnologia chamada iCrop para alguns de nossos agricultores. É um conjunto de sensores que permite a eles entender o que está acontecendo em seu solo e no mundo ao redor. Com essas informações, podem decidir as medidas a tomar para obter melhores e maiores safras.
Outro exemplo é um sistema chamado ArcGIS. É um software que permite ao agricultor obter informações de uma variedade de fontes. Pode ver como estava o clima, o que aplicou à s safras em um determinado dia etc. E permite que eles comparem dados e sejam bem especÃficos não apenas em uma região, mas em uma sub-região ou mesmo em diferentes partes da fazenda.
Estamos constantemente procurando maneiras econômicas e eficazes de ajudar os fazendeiros a terem mais informações para que possam tomar melhores decisões sobre o que cultivam, como fertilizam e o que fazem para lidar com pragas e infestações de ervas daninhas. Para todas as coisas com as quais os fazendeiros têm que lidar diariamente, quanto mais informações eles têm, mais eficazes eles podem ser.
Outra área em que estamos trabalhando no Brasil são as nossas instalações e as instalações de nossos parceiros. Como podemos usar energia limpa, por exemplo. Em Itu, estamos nos movendo em direção ao biometano como um substituto para o gás natural. A intenção é que a unidade seja neutra em carbono até o fim deste ano.
A questão da energia limpa envolve o biometano, mas também nossa frota de veÃculos. Temos cerca de 180 veÃculos sem ou com baixa emissão [de gases do efeito estufa].
Continuamos a expandir essas opções, como energia solar térmica para aquecer alguns dos produtos que usamos no cozimento e na panificação. Algumas de nossas plantas já têm energia solar térmica. Temos também instalações que têm purificação de água, para reúso.
O Brasil tem sido um grande laboratório para nós porque, no lado da agricultura, há sofisticação e disposição dos agricultores em tentar coisas novas. E quando você vê que as coisas funcionam, você as amplia rapidamente. Seja no Brasil, na América Latina ou, em última análise, no mundo
Como o Brasil poderia servir de inspiração para outros mercados?
Deixe-me dar alguns exemplos bem interessantes. Nós operamos muitos veÃculos para entregar a milhares de pequenas e médias empresas ao redor do paÃs. Em Itu, uma das coisas que eu vi que achei realmente incrÃvel foi que os baús dos caminhões, frequentemente feitos de madeira ou metal, eram na verdade feitos de plástico reciclado das embalagens de LAYS® ou RUFFLES®. Então, realmente, cria-se essa economia circular, que é tão importante.
Também temos a KERO COCO®, um grande negócio de água de coco no paÃs. Eu visitei uma de nossas fazendas para olhar como estamos usando a sombra dos coqueiros para sermos capazes de cultivar cacau. Há algumas pesquisas e evidências que isso ajuda no processo de crescimento do cacaueiro.
Estamos muito animados porque, novamente, ajuda a melhorar a saúde do solo. Se você tem solo saudável, obtém mais biodiversidade, melhor retenção de água, mais resiliência e, no final das contas, os agricultores se saem melhor. E se isso funcionar da maneira que estamos começando a ver, ajudará os agricultores no Brasil a ganhar mais dinheiro porque agora eles poderão cultivar duas safras. Acho que o Brasil está realmente liderando o caminho e estamos animados.
Como a PepsiCo tem trabalhado em direção à agricultura regenerativa, que tem um papel importante na mitigação das mudanças climáticas?
Quando criamos pep+ há três, quatro anos, desenvolvemos aquele pilar chamado agricultura positiva. Nele trabalhamos com agricultores, governos e outras empresas para levar práticas regenerativas aos agricultores. No final das contas, os agricultores estão tomando as decisões, mas temos de ver como fornecemos a eles as práticas e as informações para que eles possam cultivar de forma diferente.
Descobrimos que há três coisas importantes: suporte financeiro, técnico e social. Lançamos US$ 2,5 bilhões em tÃtulos verdes. Esse é o dinheiro que gastamos em toda a nossa estrutura pep+. Estamos usando dinheiro, habilidades, tempo e parcerias. Esse é um esporte de equipe. Ninguém faz isso sozinho
Uma das coisas que estamos sempre observando é como o setor privado, o governo e a sociedade civil podem trabalhar juntos para fazer coisas que beneficiem as pessoas. Temos sempre que pensar: como fazemos coisas que funcionam para as comunidades em que operamos, que funcionem para o planeta, para nosso povo e para nossos negócios. É isso que realmente tentamos fazer com pep+, montar um plano que esteja no centro da nossa estratégia. É por isso que continuamos a investir, porque é bom para o negócio, bem como para as pessoas, para o planeta e para as comunidades em que operamos.
Como a indústria pode reduzir as emissões e se tornar mais sustentável e ainda permanecer bem-sucedida e lucrativa ao mesmo tempo?
Acho que a chave é garantir que você tenha um plano, no nosso caso, o pep+. Um plano que faça sentido para o negócio, mas também faça sentido para o planeta.
E, novamente, se voltarmos à agricultura regenerativa e à bioeconomia, como trabalhamos para ajudar a tornar os agricultores mais bem-sucedidos, mais resilientes, mais sustentáveis, à medida que enfrentam condições climáticas extremas e todos os desafios existentes. Para nós, trata-se de trabalhar novamente com um amplo conjunto de parceiros para fornecer práticas para ajudar os agricultores.
Em 2023, que são os dados mais atualizados que temos, trouxemos, essas práticas para 1,8 milhão de acres (mais de 700 mil hectares) ao redor do mundo, em direção à nossa ambição de 7 milhões de acres.
Agora, sabemos que a agricultura regenerativa ajuda os agricultores a serem mais resilientes, melhora a biodiversidade, mas também ajuda a lidar com as mudanças climáticas. E chamamos isso de uma vitória acumulada. Se você pode ajudar os agricultores a serem mais resilientes, se pode conservar água e melhorar a biodiversidade, você pode ajudar a reduzir as emissões ou sequestrar carbono, certo? Você está acumulando um conjunto de vitórias.
A agricultura para nós é uma ótima maneira de fazer isso trabalhando com agricultores, ajudando-os a ver o que é melhor para eles, seus negócios e suas famÃlias. Fazemos isso levando práticas, outras vezes tecnologia, mas sempre colocando os agricultores em primeiro lugar porque sabemos que isso será melhor para o planeta e para o nosso negócio.
Algo mais que queira acrescentar?
Acho que a UN Climate Change Conference, COP 30 (em Belém), é uma oportunidade tremenda para o Brasil realmente mostrar liderança e ser capaz de ajudar a levar as coisas adiante. Mas acho que também é muito importante para o mundo. Estamos certamente ansiosos para fazer a nossa parte. Nós trabalhamos com governos e a sociedade civil para ajudar a promover esforços que todos sabemos que são muito importantes para o planeta, para as pessoas e para os negócios.
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*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha