Prefeitura de SP faz parceria com UFMG para desenvolver vacina contra dependência em crack e cocaína

Acordo é firmado com o responsável pela pesquisa sobre o imunizante Calixcoca, em fase de estudos; apoio da administração municipal visa facilitar a futura aplicação em humanos

A Prefeitura de São Paulo firmou parceria com pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) responsáveis pelo desenvolvimento da vacina Calixcoca, que produz anticorpos anticocaína no organismo.

Trata-se de um importante passo para tratar a dependência em crack e cocaína, reduzindo o impacto dessas drogas na capital. De fato, o crack e a cocaína se constituíram em um dos problemas de saúde pública em todo o mundo.

De acordo com o UNOD (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes), há cerca de 275 milhões de usuários dessas drogas no planeta. Pelo menos 36 milhões sofrem de transtornos decorrentes do uso dessas substâncias.

Prefeitura de SP faz parceria com UFMG para desenvolver vacina contra dependência em crack e cocaína
Unidade do SCP (Serviço de Cuidados Prolongados), programa da Prefeitura de São Paulo que acolhe e trata dependentes de álcool e drogas - Edson Lopes Jr/SECOM

No Brasil, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a cocaína e o crack são responsáveis por 11% de todos os tratamentos de dependência química. Além disso, várias cidades convivem com as chamadas cracolândias, lugares que concentram usuários e traficantes.

Essas são razões que justificam a parceria firmada com a administração municipal, para dar apoio à produção do novo imunizante, bem como outras ações já desenvolvidas.

Uma delas é o SCP (Serviço de Cuidados Prolongados), que tem o objetivo de oferecer acolhimento e tratamento para dependentes de álcool e drogas, além de apoiar a reinserção dos pacientes à sociedade.

"A prefeitura não tem medido esforços para criar políticas de assistência e cuidado a usuários de drogas. Nossos serviços atendem e acolhem homens, mulheres e até idosos num trabalho de recuperação para a reinserção deles na sociedade. Essa luta não é só das famílias, mas também do poder público para garantir tratamento a todos que necessitam", disse o prefeito Ricardo Nunes.

O acordo foi firmado em reunião no último dia 1º de junho, na Prefeitura de São Paulo, entre o professor e pesquisador da UFMG, Frederico Garcia, responsável pela pesquisa da vacina que combate a dependência ao crack e à cocaína, e a equipe da prefeitura responsável por dar o andamento ao processo: os secretários municipais da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, e de Governo, Edson Aparecido, o chefe de gabinete da gestão municipal, Vitor Sampaio, e o coordenador da Vigilância em Saúde, Luiz Artur Caldeira.

TESTES

A vacina desenvolvida pela UFMG já se mostrou capaz de bloquear o efeito das substâncias ativas das drogas na fase pré-clínica de testes com ratos e, agora, com recursos do município de São Paulo, poderá ampliar sua aplicação para humanos.

Nos testes realizados, os anticorpos produzidos pela Calixcoca criaram, a partir de uma molécula sintética, uma barreira que impediu que a cocaína fosse levada pelo sangue para o sistema nervoso central e o cérebro, interrompendo o mecanismo que provoca a compulsão pela droga.

Na próxima etapa das pesquisas, viabilizadas pela SMS (Secretaria Municipal da Saúde), por meio da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde, responsável pelo PMI (Programa Municipal de Imunizações), será avaliada, conforme o progresso dos estudos, a aplicação do imunizante em grupos elegíveis, incluindo os dependentes químicos em fase de recuperação.

A vacina, indicada ao prêmio Euro, que reconhece a inovação de profissionais latino-americanos em medicina, também poderá ajudar no tratamento da dependência em outras drogas.

Ela é apontada como promissora por especialistas por atuar diretamente sobre o vício. Hoje, a maioria dos medicamentos utilizados é indicada para outras doenças, como antidepressivos, que atuam no combate às síndromes de abstinência.

A vacina teria o efeito de evitar recaídas, um dos principais problemas no tratamento de dependentes químicos.

* Esta página é uma produção do Estúdio Folha para a Prefeitura de São Paulo e não faz parte do conteúdo jornalístico da Folha de S.Paulo