Administrar uma cidade requer cuidar de todos os seus cidadãos, sem distinção. Requer também adotar polÃticas públicas que promovam acesso à saúde, educação e formação profissional aos que mais necessitam.
Um exemplo dessas polÃticas é o programa Transcidadania, criado pela Prefeitura de São Paulo e voltado à população trans da cidade. Trans é uma pessoa que não se identifica com o gênero ao qual foi designado quando nasceu.
O Transcidadania promove a reintegração social e o resgate da cidadania para travestis e homens e mulheres trans em situação de vulnerabilidade.
Muitas das pessoas trans (principalmente aquelas que trabalham nas ruas) têm em comum a convivência com preconceitos e violência. Em razão disso, a expectativa de vida de pessoas trans no Brasil é de 35 anos, segundo relatório da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra).
O Transcidadania utiliza a educação como principal ferramenta de atuação. As beneficiárias e os beneficiários recebem oportunidade de concluir os ensinos fundamental e médio, ganham qualificação profissional e desenvolvem a prática da cidadania.
O programa oferece 660 vagas. No final de junho, mais um grupo de 100 pessoas trans participaram da formatura do programa, uma iniciativa da Coordenação de PolÃticas LGBTI+ da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.
Durante os dois anos no Transcidadania, as pessoas formandas concluÃram o ensino fundamental ou o médio pelo EJA (Ensino de Jovens e Adultos) em escolas públicas indicadas pelo programa (a matrÃcula é condição para receber a bolsa-auxÃlio mensal de R$ 1.386).
Além disso, participaram de oficinas, cursos de idiomas, palestras sobre cidadania e direitos sociais, tiveram acesso a espaços de cultura a que normalmente não teriam condições de ir, e, por intermediação junto a empresas e órgãos públicos, conseguiram se recolocar no mercado de trabalho.
Emprego
Um dos maiores desafios para pessoas trans é o ingresso no mercado de trabalho formal. Alguns beneficiários do programa Transcidadania conseguiram emprego na própria Prefeitura de São Paulo.
Foram trabalhar nos Centros de Cidadania LGBTI+, onde são atendentes, assistentes sociais e coordenadores; em Unidades Básicas de Saúde; no atendimento ao público nas sedes do Descomplica (que reúne em um único local diversos serviços municipais) e trabalham em escolas municipais.
Uma delas é Debrah Silvie, atendente no Descomplica SP Digital, em Cidade Tiradentes, na zona leste. Sua trajetória profissional teve inÃcio em 2018, por meio do Transcidadania.
Debrah conta que, durante o programa, aprimorou os conhecimentos e realizou cursos de formação profissional. Para ela, essa experiência representou uma significativa oportunidade para ingressar no mercado de trabalho.
A atendente também elogia o Descomplica SP. "O Descomplica é uma mãe, o programa abraçou todas as mulheres e homens trans. Aqui me ensinaram muita coisa. A trabalhar com o público, com pessoas de todas as idades, com os serviços e principalmente a lidar com o munÃcipe."
Outra beneficiária do Transcidadania é Helen Rodrigues de Almeida, que cita a educação como principal ferramenta do programa. "A escola é o melhor caminho. Isso é só um apoio para que a gente consiga alcançar diversas opções."
Helen diz que, por meio do Transcidadania, foi trabalhar no SUS (Sistema Único de Saúde) e está se preparando para ser assistente social. O Transcidadania é uma oportunidade única", conclui.
* Esta página é uma produção do Estúdio Folha para a Prefeitura de São Paulo e não faz parte do conteúdo jornalÃstico da Folha de S.Paulo