Prefeitura inaugura a maior Vila Reencontro da cidade para acolher famílias em situação de rua

Nova unidade, no Pari, zona norte, é a terceira a ser instalada na capital em 11 meses e ofertará 100 moradias provisórias para abrigar até 400 pessoas; São Paulo possui a maior rede socioassistencial da América Latina

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Vila Reencontro Pari, na zona norte de São Paulo, é a terceira e maior unidade do programa da Prefeitura de São Paulo para atender famílias em situação de risco; espaço pode abrigar 100 famílias Edson Lopes Jr./SECOM

A Prefeitura de São Paulo entregou na segunda-feira (9/10) a terceira e maior Vila Reencontro da cidade. O serviço de acolhimento, inspirado no modelo Housing First (Moradia Primeiro), é destinado a famílias em situação de rua. A prioridade das vilas é acolher famílias com filhos.

A Vila Reencontro Pari fica na avenida Projetada Canindé Pari, 279, zona leste da capital. Foi planejada para abrigar até 400 pessoas em 100 casas modulares instaladas em um espaço com mais de 8.800 m². Nesse primeiro momento, 66 famílias já estão abrigadas.

As unidades, de 18m² cada, são mobiliadas de acordo com a configuração familiar, podendo ter camas de casal ou beliches e berços, guarda-roupas e fogões de duas bocas.

O espaço dispõe de lavanderia comunitária, brinquedoteca, playground e quadra de futebol em áreas comuns, além de duas salas administrativas e uma sala para atendimentos sociais.

Diariamente, serão servidos café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. A Prefeitura investiu, ao todo, R$ 6,9 milhões na instalação dos módulos da Vila Reencontro Pari.

A auxiliar de limpeza Marcela Santille, 42, compõe uma das 100 famílias em situação de rua que vão morar na Vila Reencontro Pari. "Eu já estava pensando em colocar os meus filhos em um abrigo por não ter lugar para ficar com eles. Ficava na chuva, dormindo em barraca, eles pediam as coisas e não tinha, mas hoje eu tenho a oportunidade de poder ter tudo o que eles pedem", disse Marcela ao lado do marido e dos filhos, de 2 e 4 anos.

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Cada unidade tem 18m², mobiliada de acordo com a família que irá ocupá-la, podendo ter camas de casal ou beliches e berços, guarda-roupas e fogões de duas bocas - Edson Lopes Jr./SECOM

Agora, além da moradia, a família de Marcela receberá, diariamente, café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. "Agradeço muito a Deus por estar aqui e poder ter a minha vida de volta, voltar a trabalhar e colocar os meus filhos na escola."

Outra beneficiada, Fabiana Aparecida de Jesus afirmou que sempre buscou independência, autonomia, respeito e dignidade. "Por isso eu só tenho a agradecer pelo momento, pela conquista e por esta oportunidade, que eu sei que daqui sairão muitas. Só temos que aproveitar e não desperdiçar essa chance, que será muito boa", disse.

Já Flávio Bezerra da Silva, novo morador da Vila Reencontro Pari, afirmou que trabalhava de frentista e, assim como muitas pessoas, acabou se vendo obrigado a morar em uma barraca durante a pandemia, em 2020. Silva e a família foram abrigados em um hotel social, até conseguir uma unidade na vila inaugurada ontem. "Agora, quero buscar um emprego fixo para conquistar a nossa casa própria."

Esse é o terceiro equipamento do gênero instalado na cidade em 11 meses, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS). Clique aqui e saiba mais sobre as vilas já inauguradas.

A primeira unidade foi entregue na véspera do Natal de 2022 em um terreno de mais de 30 mil m², no bairro do Canindé, zona norte. Hoje, 37 famílias (127 pessoas) estão abrigadas na Vila Reencontro Cruzeiro do Sul.

Já em fevereiro de 2023, a Prefeitura inaugurou a Vila Reencontro Anhangabaú, em um terreno com mais de 1.900 m², localizado na Ladeira da Memória, região central.

A vila tem 49 unidades modulares, sendo que nove são para funções administrativas, como sala de atendimento, espaço multiuso, brinquedoteca, e outras 40 unidades para moradia, que comportam até quatro pessoas cada. Atualmente, moram 37 famílias (105 pessoas) no local.

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

Na Vila Reencontro Pari serão desenvolvidos com os moradores:

  • Ações de acolhida de indivíduo ou grupo socioafetivo

  • Promoção de direitos por meio do acesso à rede de políticas públicas

  • Capacitação e apoio à inclusão socioprodutiva

  • Promoção de participação e viabilização da cogestão do espaço

  • Ações visando à integração familiar e comunitária

  • Promoção de atividades para a apropriação de espaços comuns

  • Desenvolvimento de habilidades socioemocionais

  • Acompanhamento individualizado, com o intuito de promover a saída qualificada do serviço

Para isso, a vila será composta por uma equipe técnica multidisciplinar com um total de 70 profissionais, como psicólogos, pedagogos, supervisores de cogestão e inserção laboral, supervisores de saúde, educação e acompanhamento social, além de assistentes de campo diurno e noturno.

Compõem, ainda, o quadro de funcionários, auxiliares administrativos, cozinheiros, auxiliares de cozinha, responsáveis pela manutenção predial e auxiliares de serviços gerais.

A Vila Reencontro Pari será administrada pela Organização da Sociedade Civil (OSC) Associação Evangélica Beneficente – AEB, entidade com 95 anos de história e com larga expertise no trabalho de acolhimento a pessoas em situação de rua.

INTERVENÇÃO ARTÍSTICA

A intervenção artística da Vila Reencontro Pari foi guiada por Marcelo Zuffo, professor de Arte e História da Arte, que também realizou as intervenções artísticas na Vila Reencontro Cruzeiro do Sul I e Vila Reencontro Anhangabaú.

Zuffo liderou um coletivo de 14 artistas que exploraram linguagens e técnicas para homenagear os nordestinos. Toda a parte de alvenaria das casas modulares foi ilustrada como cordéis com narrativas de histórias familiares. Os módulos duplos receberam ainda painéis do grafiteiro Camilo.

REDE SOCIOASSISTENCIAL

A capital possui a maior rede socioassistencial da América Latina, com cerca de 25 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua, distribuídas em centros de acolhida, hotéis sociais, repúblicas para adultos, Vilas Reencontro, entre outros.

O encaminhamento para os serviços de acolhimento da rede socioassistencial é feito de acordo com o perfil do indivíduo e com a tipologia do serviço, respeitando o histórico da pessoa ou família a ser acolhida.

A rede socioassistencial também oferece residências inclusivas para pessoas com deficiência (), além de proteção e valorização para idosos.

*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha